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11 Março 2022 | Renata Vomero

"Adoraria que o Selo Elas não fosse necessário", avalia Barbara Sturm em balanço dos cinco anos da iniciativa

Selo foi criado em 2018 e já apoiou mais de 40 diretoras brasileiras

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(Foto: Divulgação)

O Selo ELAS, iniciativa da Elo Company de apoio às cineastas brasileiras, comemora cinco anos em 2022. Criado em 2018 frente à necessidade tanto social de fomentar o trabalho de mulheres no meio, quanto de demanda comercial do mercado, o selo soma mais de 40 filmes apoiados e agrega 24 profissionais da indústria que prestam consultoria às profissionais.

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Quando criado, o mundo passava pela transformação de demandar justamente a representação feminina em tela, tudo isso acompanhado da percepção de que o público queria assistir a filme que trouxessem diversas personagens e fossem dirigidas ou produzidas por mulheres. Caso icônico de Mulher-Maravilha, em 2017, depois de Capitã Marvel, entre outros tantos cases desde então, como os nacionais De Pernas Para O Ar 3 e Minha Mãe É Uma Peça 3.

Nesse sentido, o Selo ELAS nasceu com a missão de dar suporte profissional para diretoras que tivessem seus projetos ainda a serem desenvolvidos, por meio de consultoria e apoio para que conseguissem lançar seus produtos da maneira mais estratégica comercialmente.

Desde, então, foram 42 profissionais atendidas pelo Selo, ou seja, 42 filmes em diversas fases de produção que ficam à disposição do mercado e – mais do que isso – abrem as portas para mais muitos outros que virão.

“Atendemos 42 diretoras e filmes nesses cinco anos, é um número bem expressivo, porque quer dizer que temos, pelo menos, 42 filmes na Elo Company dirigidos por mulheres. Não necessariamente já prontos,  mas isso já faz a diferença do que a gente busca com o selo, que é aumentar os míseros 12% de filmes brasileiros dirigidos por mulheres. Destes 42, 17 são de fora do eixo Rio – São Paulo, que é um foco de nossa curadoria, por sermos uma distribuidora focada no cinema nacional, então, é fundamental termos esse número de projetos e realizadoras de fora deste eixo”, explicou Bárbara Sturm, criadora e coordenadora do Selo ELAS, além de ser diretora de conteúdo da Elo Company.

E é justamente este um dos grandes focos do selo, de buscar, para além da representação feminina, trazer também a pluralidade de narrativas que o Brasil pode proporcionar, mas ainda vê em sua indústria um tanto do vício de manter suas histórias cinematográficas focadas neste eixo Rio-São Paulo.

“O que sinto é que com essa crise do cinema, dos recursos públicos, pandemia, de exibição e a entrada dos streamings no Brasil, que tem permitido que as produtoras – pelo menos as grandes e médias – sigam ativas, fez com que as produções que chegam hoje para o público tenham um perfil muito similar, entendo que filmes abertos para a família, com uma classificação mais baixa, são o que a maioria do público precisa e demanda, mas percebo que os players perderam caráter de curadoria, então, um conteúdo de um serviço poderia estar no outro. Acho fundamental que a gente volte para a originalidade das histórias, temos cinco regiões que na verdade são 24 muito diferentes entre si, espero que a gente possa partir para esse lugar, tanto no cinema independente, quanto no super comercial, de ver outros sotaques, outras paisagens, de conhecer novos personagens”, reforçou a executiva.

Barbara ainda reforça o quanto a pandemia fez com que o Brasil se conhecesse mais e que quisesse ter mais contato com sua própria cultura. Com isso, também chega a necessidade maior, claro, de busca por representação, fazendo com que o trabalho do selo nestes anos de pandemia tenha sido ainda mais necessário.

“Quem quer trabalhar com cultura e com cinema está resistindo, o selo é de uma distribuidora de filmes, nosso objetivo final é que o filme traga resultados comerciais, maiores e melhores e que vá longe, para que todo mundo seja remunerado, tanto no valor, quanto virar uma diretora conhecida, ter uma receita. Acredito que a gente chegar no quinto ano é um movimento fundamental, de termos seguido no projeto, dos consultores terem seguido também, porque todo mundo ficou sobrecarregado, até em termos de saúde mental. A gente ter as diretoras se interessando, elas estão seguindo com projetos, conseguindo recursos. São cinco anos que valem por dez”.

Entre os filmes de maiores destaques nos anos do selo estão: Amores de Chumbo, dirigido pela pernambucana Tuca Siqueira, o documentário Torre das Donzelas, de Susanna Lira premiado como Melhor Documentário no Festival do Rio, Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luiza Azevedo que teve estreia no Festival de Busan e ganhou Melhor Filme pela Crítica na Mostra de São Paulo - já lançados em circuito comercial, e Meu querido supermercado, longa de estreia de Tali Yankelevich, que estreou mundialmente no IDFA, passou pelo MoMA's Doc Fortnight entre outros festivais, e que teve estreia nos EUA e no Brasil.

Neste ano de 2022, a iniciativa selecionou cinco realizadoras e cinco projetos, sendo quatro ficções e um documentário, de diretoras como Cininha de Paula, Bárbara Cunha, Carina Bini, entre outras.

“Adoraria que o Selo Elas não fosse necessário e que a gente tivesse uma equidade no mundo, na sociedade e no cinema. Sinto que hoje o propósito do Selo, que é dar estrutura de mercado para essas diretoras, conhecimento de mercado para tomarem as decisões delas, ele está muito claro. Ele ficou muito mais forte pela proposta que ele tem, que não é uma cota ou uma militância apenas, mas sim profissionalizar e deixar mais potente essas diretoras e seus projetos”, finalizou Barbara.

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