04 Março 2022 | Renata Vomero
"Chegamos no set com a cabeça de distribuidor", diz executivo da A2 Filmes sobre ingresso no setor de produção
Distribuidora está investindo na produção de filmes nacionais
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A A2 Filmes é uma distribuidora que atua há cerca de sete anos no mercado, trabalhando com títulos independentes nacionais, dos EUA ou europeus, tanto para os cinemas, quanto para o mercado digital, onde vem consolidando cada vez mais sua atuação.
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Com as transformações da indústria, sendo a maior parte delas impulsionadas pela pandemia, e tendo em vista a atual situação do setor, principalmente para o nicho independente, surgiu a vontade de expandir para o segmento de produção, focando no cinema nacional.
Na verdade, a vontade já existia antes, mas a A2 Filmes buscava um modelo mais viável de financiamento que não envolvesse passar pelo processo de incentivos públicos, que tendem a ser mais demorados.
“Bolamos então projetos que tenham características específicas como produto, com recursos próprios e com objetivos claros de transformar um orçamento menor em um valor agregado maior. A nossa intenção é que quando as pessoas tenham acesso ao nosso conteúdo é que a percepção que eles tenham assistindo é de que é um filme de orçamento maior do que ele foi”, explicou Ronaldo Bettini Jr., diretor de novos negócios da A2 Filmes.
Com isso, cabe à empresa o desafio de tornar cada gasto o mais estratégico possível, mesmo que para isso precise, por exemplo, estender o período de pré-produção de um filme para que quando ele comece a ser rodado, tudo esteja milimétricamente organizado e definido.
E mais, com essa iniciativa a distribuidora consegue ter mais poder criativo nas mãos e sendo dona daquele conteúdo, trabalhar para que estes filmes cheguem no mercado internacional, fazendo o caminho reverso do que ela está habituada, de aquisições de títulos.
Para tal, a principal estratégia na hora de definir os filmes a serem produzidos é trabalhar em histórias que sejam mais universais e menos regionais, inclusive, tendo a possibilidade de trazer talentos latinos para o elenco dessas produções.
E isso já é visto nos primeiros filmes que estão sendo desenvolvidos pela A2, são eles Memórias Ocultas, Secrets, Mato ou Morro e em breve começara a produção de Velho Fusca. Cada um deles tem sua particularidade e oportunidade de conquistar um público e mercado diferente. Sendo o primeiro uma ficção e mistério, o segundo um bom drama e o terceiro a boa comédia, só que em um tom mais ácido que o brasileiro costuma ver em seu cinema.
A ideia também é poder variar nos modelos e estratégias de cada um, seja em filmes que tenham maior fit no cinema, no streaming ou também em festivais internacionais. Para além disso, a ideia é fazer o filme ter alcance global e isso fica mais fácil quando se é proprietária daquela propriedade intelectual.
Outro benefício é a liberdade criativa de trabalhar com o filme desde o nascimento. Para quem é distribuidor, muitas vezes existem certas limitações quando se trabalha com os conteúdos adquiridos, restringindo as possibilidades de fazer uma campanha mais assertiva para quem aquele título é direcionado.
Da mesma forma, estando no set desde o início a mentalidade estratégica de distribuição entra em cena para pensar em como explorar da melhor maneira possível aquele ambiente desde o começo da produção do filme.
“Chegamos no set com a cabeça de distribuidor que quer ter em mãos produtos de qualidade que valorizem seu lançamento. Essa experiência de mesclar produção e distribuição tem sido enriquecedora, indo para a produção levando mais da lógica de distribuição para o set, eles são extremamente profissionais e eficientes, mas tem detalhes que são importantes que não fazem parte deste universo, um olhar mais comercial, pensando na cauda do produto, que ele tem que estar ativo até o primeiro dia de produção até o lançamento”, explica o executivo.
E aí entra a possibilidade de trabalhar com o filme nas redes sociais, criando ali extras que o público tanto sente falta nas mídias físicas, que são curiosidades de bastidores, entrevistas, explicações, erros de gravação, tudo. Atualmente, isso vem sendo trabalhado pela equipe de marketing antes do filme ser lançado para já criar familiaridade com o público.
“Você vai ter o filme pronto daqui um ano e meio, mas vou cativando e alimentando o público com materiais que agregam no desejo de ver o filme e em uma velocidade que era impossível ter”, reforçou.
E essa tem sido a tendência da maior parte das empresas, deixando de lado a segmentação entre os setores e abraçando cada vez mais a área de produção para conseguir somar à expertise comercial e trabalhar aquele conteúdo da forma mais estratégica em toda a sua carreira.
“A gente viu todos os marcos do mercado e estamos em um momento de transição novamente. Na última Expocine me surpreendi com a quantidade de produções nacionais nas apresentações, queremos estar junto dessas distribuidoras. Queremos fazer parte deste novo conceito de produção, trazer mais novidades e ofertas para os consumidores”, finalizou.
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