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23 Fevereiro 2022 | Renata Vomero

China deve se manter como maior mercado de cinema do mundo em 2022

Com recuperação, América do Norte pode se aproximar da liderança

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(Foto: Divulgação)

Desde 2020, a China vem se mantendo como o maior mercado de cinema do mundo, tanto em bilheteria, quanto em número de salas. Embora tenha sido impactada pela pandemia, a forma como o país enfrenta a crise vem trazendo bons frutos para a indústria, devendo manter seu domínio ainda em 2022.

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Este foi o tema de uma conversa da CJCinemaSummit, que envolveu a participação de profissionais da Comscore e do Vista Group, que tem uma atuação sólida na China. O país mostra uma recuperação forte mesmo com o impacto dos fechamentos da pandemia e até o momento sofre com algumas medidas rígidas de contenção, mas medidas essas que nos momentos de flexibilização proporcionam maior retomada de todos os setores da economia.

Em 2021, o país contou com três títulos entre as cinco maiores bilheterias do mundo. A liderança deste ranking ficou nas mãos de Hollywood, com Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (Sony). O maior destaque chinês é de A Batalha do Lago Changjin, que rendeu bilheteria de US$890 milhões, segunda maior bilheteria do ano. Ele vem acompanhado de Hi Mom, que fez US$832 milhões e em quinto lugar está Detective Chinatown 3, que fez US$686 milhões, ficando atrás de 007 – Sem Tempo Para Morrer (Universal), com US$695 milhões.

Nos primeiros dois meses do ano, o país acaba de encerrar um dos seus feriados mais lucrativos para os cinemas da China, o Ano Novo Lunar. Nele, a arrecadação foi de US$1,32 bilhão, um valor maior do que muitos territórios nacionais conseguiram somar em 2020 e 2021. Isso tudo embora tenha sido abaixo do potencial, por conta das restrições da Covid-19 e as Olímpiadas de Inverno, que acontecerão na China neste ano.

Aqui entra uma discussão bastante interessante, e que trouxemos à tona na análise sobre a liberação do filme do Batman no país. Embora os filmes chineses estejam abocanhando uma fatia cada vez maior no Market share de bilheteria, eles não são muitos, o que é uma espécie de sinuca de bico para a China.

Os analistas reforçaram que, há poucos anos, a relevância da produção chinesa era baixa e a bilheteria do país dependia quase que exclusivamente dos sucessos de Hollywood. Com o tempo, isso foi mudando e o país foi equilibrando o jogo por meio de incentivos à produção local.

Só que aí entra a armadilha, parte desses incentivos vem sofrendo cortes, e com o parque exibidor em expansão constante, é inviável que a China mantenha um sólido e alto fluxo de arrecadação sem que se abra novamente para Hollywood.

É uma questão capciosa e que pouco pode ser explicada pelos profissionais, já que os critérios que a China vem usando para liberar ou barrar filmes parecem um pouco arbitrários sob a ótica de quem vê de fora.

Ainda assim, talvez seja inevitável que a China se abra para Hollywood, mesmo que isso signifique dar mais força para a indústria Norte-Americana, que , agora mais recuperada, tem chances de voltar a fazer sombra à indústria chinesa. Isso porque, os cinemas da região vem performando ainda em 40% dos valores pré-pandemia, enquanto a China já está em 70% do que arrecadava antes.

“Será uma corrida acirrada, e potencialmente a China manterá esse manto em 2022. A confiança e os patrocínios têm aumentado à medida que as pessoas desejam recuperar suas vidas sociais e a experiência de cinema não é apenas a melhor maneira de entrar no universo cinematográfico, mas também permite a oportunidade de escapar das pressões cotidianas do mundo real”, destacou Paul Dergarabedian, analista de mídia sênior da Comscore.

Para os profissionais presentes na conversa, a China deve encontrar um teto de crescimento em breve, embora tenha a meta de chegar a 100 mil salas de cinema até 2026, talvez isso não represente um aumento expressivo na arrecadação, porque os lucros serão divididos entre esses exibidores, já diminuirá a ocupação por sala. Além disso, não adianta crescer em salas sem investir no aprimoramento das condições delas.

“Para mim, contagem de telas e bilheteria são apenas números. O mais importante é se os cinemas estão em boas condições. A densidade de cinemas já é alta e equivale a uma competição acirrada para que todos recebam menos [da participação total]. Ainda há potencial para as telas aumentarem nas áreas rurais, mas isso não aumentará muito as bilheterias. Nas principais cidades não há muito espaço para construir novos cinemas. Então, trata-se de cinemas de maior qualidade e um ambiente saudável que será a chave para o crescimento”, comentou Lawrence Wang, líder de operações do Vista Group na China.

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