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11 Fevereiro 2022 | Renata Vomero

Júri de Berlinale discute aproximação entre cinema independente e comercial

Evento teve início em 10 de fevereiro e acontecerá até dia 16

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(Foto: AFP)

Começou nesta quinta-feira (10), o Festival de Cinema de Berlim, ou Berlinale. Como de costume na maior parte dos festivais, a abertura conta com coletiva de imprensa com os membros do júri, esse ano presidido por M. Night Shyamalan.

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O diretor, que teve seu filme mais recente, Tempo, lançado em 2021, comanda o grupo de cineastas composto por: Ryûsuke Hamaguchi, diretor de Drive My Car; o brasileiro Karim Aïnouz, o produtor Saïd Ben Saïd, a diretora e roteirista Anne Zohra Berrched, a autora e diretora Tsitsi Dangarembga e a atriz Connie Nielsen.

A discussão com a imprensa levou a conversa para um tema interessante e que merece receber atenção mesmo fora do Festival: a conexão entre o cinema de arte e o cinema comercial.

Para o Júri do festival, não há uma lacuna tão grande entre estes dois pilares do cinema, muito pelo contrário, os profissionais acreditam que a mistura entre ambos seja justamente algo de bastante interesse para criadores e executivos do mercado.

“O papel desempenhado pela Berlinale é declarar que não há lacunas. Mesmo que pareça um filme de arte, há um tom comercial. Nós nos encontraremos em uma situação em que declararemos que não há distância entre essas duas categorias”, comentou o diretor de Drive My  Car.

Para ele, já a iniciativa de convidar Shyamalan para presidir o Júri denota justamente essa tentativa de encurtar a distância entre tais categorias, bem como sua indicação ao Oscar nesta semana, um feito histórico para um longa japonês e que promete romper barreiras para o mercado independente internacional.

“Quando se faz um filme comercial, os contadores de histórias estão reconhecendo inteiramente o público. Eles estão fazendo isso exclusivamente para o público – o motorista de táxi, o porteiro. E eles dizem: 'Nós vamos fazer você rir e suspirar e estamos pensando completamente em você'. Quando [o público] sai do teatro, eles não mudam necessariamente. Eles são a mesma pessoa quando entraram. Por outro lado, o cinema independente é a visão de mundo de uma pessoa específica. É tão específico que a audiência não é vista. É ‘quero contar sobre meu ponto de vista desta história’ e o que é bonito nisso é que você está vendo uma nova perspectiva do mundo. Então, às vezes, é preciso um pouco mais de esforço e é mais difícil de assistir. Mas você muda por causa disso... Minha esperança é que você possa me ver um pouco e eu possa ver vocês”, comentou Syamalan sobre este meio do caminho entre ambos.

Os profissionais presentes admitem que há uma separação destas duas vertentes de cinema, ao mesmo tempo, que entendem que há uma reaproximação entre elas graças a festivais de cinema que, com sua curadoria, trazem mais produções que tenham esse perfil mais híbrido ou mesclando entre as duas categorias.

Este parece ser um caminho razoável para a indústria de cinema, já que pretende contemplar tanto a visão de mundo de seus criadores, quanto o mercado como um todo, neste momento ainda combalido por causa da crise.

“As pessoas que lideram esses festivais estão cientes da necessidade de explorar a natureza transformacional do cinema”, finalizou a cineasta Tsitsi Dangarembga.

O Festival de Cinema de Berlim acontecerá até o dia 16 de fevereiro e costuma ser o pontapé inicial dos filmes que devem esquentar os demais festivais de cinema ganhando força até a temporada de premiação seguinte.

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