03 Fevereiro 2022 | Juliane Albuquerque
Quanto os filmes blockbuster influenciam o mercado do cinema?
Em recentes entrevistas, grandes nomes da indústria refletem sobre os blockbusters e o avanço dos streamings
Compartilhe:
Temos observado nas últimas semanas o grande fenômeno mundial nas bilheterias de cinema do último lançamento da Marvel, Homem-Aranha: Sem volta para Casa – que está quase alcançando um acumulado global de US$ 2 bilhões. O sucesso de filmes de super-heróis e de sagas de franquias não vem de hoje, dominando as salas de cinema e ditando muitas ações dentro da organização do mercado. De tempos em tempos, produtores, empresários e diretores da indústria cinematográfica questionam e refletem sobre a forte presença dos blockbusters, sua influência e, com as novas mídias, o quanto tudo isso se relaciona com o público e as novas produções.
Publicidade fechar X
Em recente entrevista ao jornal The New York Times, o ex-CEO da Disney, Bob Iger, compartilhou sua posição sobre o estado atual dos filmes e do modelo das salas de cinema em comparação com os streamings. Especificamente, ele explicou para onde acha que as coisas estão indo com o aumento dos serviços de streaming de qualidade ao lado dos lançamentos nos cinemas.
Ao ser questionado pela entrevistadora do NYT, Kara Swisher, sobre se as salas de cinema podem diminuir em quantidade devido ao aumento do conteúdo de streaming, sendo atualmente mais procurados para grandes filmes blockbusters como Homem-Aranha, Bob Iger afirmou não acreditar que “é a morte dos cinemas ou qualquer coisa fatal”. Ele acredita que os streamers podem mudar um pouco a dinâmica do que vai ser exibido de fato nas telonas.
"As pessoas serão muito mais exigentes, eu acho, sobre quais filmes eles querem ver fora de casa, onde você provavelmente, pergunte a si mesmo, este é um filme que eu preciso ver na tela grande, ou posso esperar ou nem esperar, aliás, e ver em casa?”, disse o ex-CEO da Disney ao mesmo tempo que elogiou alguns cinemas por “terem melhorado a experiência”, mas salientou como essa experiência tem que ser perfeita nos dias de hoje para atrair o público.
Contraponto aos blockbusters
Já o cineasta Roland Emmerich, que está estreando essa semana seu novo longa Moonfall – Ameaça Lunar (e já dirigiu filmes como Independence Day e O Dia Depois de Amanhã), entrou para a lista de diretores preocupadas com o grande crescimento dos filmes da Marvel, DC e Lucasfilm. Ele disse que as produções desses estúdios estão arruinando a indústria do cinema. Quando perguntado se esses filmes o preocupavam Roland respondeu: “Sim, porque naturalmente Marvel, DC, e Star Wars, praticamente assumiram (o controle da indústria). Isso está arruinando um pouco nossa indústria, porque ninguém mais faz nada original”, declarou ele ao site Den of Geek.
Outros diretores renomados também têm apresentado questionamentos e preocupações com este tipo de filme. As críticas de cineastas contra os filmes de super-heróis ganharam força no final de 2019. Enquanto promovia o lançamento de O Irlandês, Martin Scorsese (aclamado por clássicos como Taxi Driver e O Lobo de Wall Street) declarou que os filmes da Marvel “não são cinema” durante uma entrevista. Ele até escreveu um artigo também no NYT sobre o tema.
Relação com os streamings
Quanto ao grande crescimento das produções voltadas para o streaming, o mercado segue refletindo, adaptando e aprendendo novas soluções para que cada janela de exibição coexista e siga em crescimento. Bob Iger acredita que há produções que têm mais perfil para o cinema que outras, e confia nos blockbusters quanto a isso. Iger deixou claro o quão popular filmes como Homem-Aranha ou Os Vingadores são em todo o mundo, mas admitiu que muitos filmes por aí não se encaixam nessa categoria.
“A questão não é só se você assiste a um filme na tela grande ou em casa. É só que você tem muito mais opções em casa. Pense no número de séries sobre as quais estamos falando – muitas em um nível de qualidade que é muito bom, de uma perspectiva de valor de produção, do que costumava ser. Alguns dos programas que a Disney+ fez, como The Mandalorian e séries como WandavVision e Loki, cada um deles é um filme. Então, os cinemas têm mais concorrência do que nunca”, disse Iger.
Bob Iger hoje não é mais o CEO da Disney, cargo deixado para seu sucessor Bob Chapek. Ainda assim, ele ocupa um papel importante como Presidente do Conselho e sempre será lembrado e associado ao nome da Disney pelos avanços e boa fase que gerenciou na companhia.
Compartilhe:
- 2 medalha