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17 Dezembro 2021 | Renata Vomero

Com mercado ainda em retomada, discussão sobre janela de exibição segue em pauta

Estúdios devem testar formatos de lançamento filme a filme

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(Foto: iStock)

A discussão sobre a janela de exibição ainda está longe de acabar. Enquanto o auge da pandemia foi marcado por lançamentos simultâneos, quando muitos cinemas estavam fechados, com a gradual retomada da indústria, esta questão vem sido posta à mesa justamente para entender o melhor formato de lançamento.

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Uma análise do The Hollywood Reporter levantou essa discussão, já que alguns estúdios já sinalizaram a possibilidade de decidirem a estratégia de lançamento filme a filme, analisando o potencial de bilheteria de cada um e também entendo a possibilidade de canibalização caso o lançamento seja dividido ou encurtado.

Neste momento da indústria, ainda há mais perguntas do que respostas, já que o público está voltando aos cinemas, mas ainda para ver um tipo específico de filme: de super-heróis ou parte de alguma grande franquia.

Longas como Amor, Sublime Amor, remake do clássico de Hollywood encabeçado pelo grandioso Steven Spielberg, que outrora traria boas audiências à sala escura, parecem performar abaixo do esperado, por enquanto. Inclusive essa foi uma resposta parecida apresentada por outro musical, o Em Um Bairro de Nova York, lançado no meio do ano pela Warner.

Se antes da pandemia a janela entre o cinema e o PVOD ou streaming eram de cerca de 90 dias, esse tempo agora se consolida na metade. Enquanto alguns estúdios trabalham com 45 dias, como a Warner que foi a primeira a anunciar lançamento simultâneo com a HBO Max na América do Norte, mas também a primeira a confirmar a volta das estreias exclusivas na telona em 2022, outros estúdios optam por analisar caso a caso.

Como a Disney, por exemplo, que parece ainda não ter encontrado exatamente seu formato consolidado. Em 2021 diversos de seus filmes foram lançados em formato simultâneo no Disney+ por meio de um pagamento adicional do Premier Access. Ao que tudo indica o formato funcionou bem... para a Disney. Já que garantiu a polêmica do processo envolvendo a estrela Scarlett Johansson e um certo mal estar com alguns exibidores, como no caso do lançamento de Raya e o Último Dragão.

De volta ao formato tradicional de lançamento, o CEO da empresa, Bob Chapek, já deu declarações de que nada é definitivo inclusive no que cobre os lançamentos de filmes voltados para as famílias, que parecem ainda contar com desempenho abaixo de sua potencialidade. Embora Encanto, que estreou no tradicional Dia de Ação de Graças, tenha trazido resultados bastante animadores, inclusive, próximo aos títulos lançados antes da pandemia.

A Universal declarou recentemente que seus filmes devem chegar ao Peacock dentro de 45 dias depois do lançamento nos cinemas, e o mesmo já foi estabelecido pela Paramount, com o Paramount+, no entanto, neste último, talvez não seja definitivo para todos os filmes, já que Missão Impossível 7 está confirmado para o formato e Top Gun: Maverick, não está. 

Com isso, por enquanto, tudo indica que o mercado tenda a manter uma certa fluidez a cada lançamento, observando resultados dos concorrentes e desenhando suas estratégias de acordo com suas prioridades, sejam elas de atrair boas bilheterias, sejam elas de atrair assinantes para seus streamings.

Não podemos dizer que o cinema falhou ou que as pessoas não querem voltar à sala escura, muito menos, em uma semana com a estreia de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa que já caminha para ser um dos grandes lançamentos da história.

Tampouco podemos afirmar isso quando bem sabemos que a pandemia ainda não acabou, embora a ciência esteja nos favorecendo com as vacinas e conhecimento para um maior controle da covid, este ainda é um ator em cena e não pode ser descartado tão cedo.

Inclusive, em um estudo recente realizado na América do Norte, pela Quorum, para entender porque a população ainda é resistente à volta ao cinema, uma das principais razões apontadas pelos entrevistados foi ainda a insegurança de estar em um espaço fechado compartilhado com estranhos. Ou seja, há ainda muito trabalho de comunicação a ser feito em torno disso, de medidas como a obrigatoriedade do passaporte de vacina, além, é claro, do entendimento de que ainda não estamos lidando com a normalidade.

Tendo tudo isso em vista, para animar os exibidores e poder ajudar os estúdios a traçarem suas estratégias para 2022, a Gower Street Analytics, que vem trazendo importantes insights ao mercado, projetou forte recuperação da bilheteria global no ano que vem, prevendo arrecadação de mais de US$30 bilhões.

Se tem algo que estes quase dois anos de crise e incertezas mostraram para a indústria é que nada é definitivo e que uma decisão tomada ontem, pode já não fazer sentido hoje. A fluidez do mercado, não só de cinema, tem sido a melhor estratégia a se adotar, tendo como palavra de ordem flexibilidade, de todos os lados.

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