05 Novembro 2021 | Renata Vomero
Dia Mundial do Cinema: o atual estado da indústria e o horizonte animador para o futuro
Data é celebrada em mês marcado por recuperação do mercado
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Dia 5 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Cinema, uma data que anualmente traz à tona a história da sétima arte, mas que agora ganha mais um desdobramento por conta dos últimos dois anos que todo o segmento passou por imensas transformações e desafios.
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Há quem ainda diga que o cinema está com os dias contados, no entanto, e aí voltando para sua história, é fácil cravar que não. Como muito já se disse, novas mídias não mataram o cinema, apenas o transformaram e o fortaleceram. Embora as salas de exibição tenham ficado fechadas por meses, nunca se consumiu tanto conteúdo audiovisual na história.
Em 2020, o número de assinantes de streaming no mundo chegou a um bilhão, embora possa assustar muitos exibidores ao redor do mundo, este alto valor denota justamente o apetite por conteúdo e a carência que a sala de cinema representou. Ah, não foram poucas as pesquisas que mostraram que o cinema foi a atividade que as pessoas mais sentiram falta na pandemia.
E a sala escura está sendo celebrada pouco a pouco e cada vez mais neste momento de retomada. Principalmente neste último mês, responsável por trazer excelentes resultados ao setor e animar os ânimos para o futuro.
A empresa Gower Street Analytics realizou um estudo, divulgado em setembro, projetando a receita de bilheteria global em 2021. Com estimativa de recolhimento de US$20,2 bilhões neste ano, os analistas atualizaram os números com base nos bons resultados de outubro. Agora, a projeção é de que 2021 feche com receita dos cinemas de US$21,6 bilhões. O que representaria uma recuperação de 80% com relação a 2020.
O mais interessante é que a empresa atualizou a análise com base nos números de outubro, que foram bem acima do esperado. Inclusive, foi o melhor mês para a indústria da América do Norte, que arrecadou US$637 milhões. Os destaques foram Venom: Tempo de Carnificina (Sony), Duna (Warner) e 007- Sem Tempo Para Morrer (Universal).
Esses números se refletem nos balanços financeiros das distribuidoras, que estão mostrando bons ganhos neste último trimestre, quanto das redes. A AMC Theatres registrou o melhor mês da pandemia em outubro, isso não só nos EUA, mas também nas unidades internacionais da rede. Embora não tenham divulgado os números. O mesmo se passou com a Cinemark, que divulgou hoje (5) o balanço do trimestre, contando com receita de bilheteria de US$225,5 milhões. Os executivos deram declarações bastante entusiasmadas sobre o setor.
“Estamos muito encorajados pelas tendências positivas sustentadas na crescente demanda do consumidor por filmes e pelo ímpeto crescente nas bilheterias”, declarou Mark Zoradi, CEO da rede.
No Brasil não está sendo diferente, a média semana a semana está se mantendo próxima do um milhão de espectadores entre os melhores filmes. Recentemente, a Ingresso.com registrou recorde na procura por salas no Brasil, impulsionado pelo feriado de 12 de outubro.
Desde a reabertura das salas, o dia com maior transações comerciais na plataforma foi em 9 de julho. No entanto, este recorde ficou para trás duplamente, pois é. Em 11 de outubro, o número de espectadores subiu 9% em comparação com a marca anterior. Já no dia 12, essa alta foi ainda mais expressiva: 14%.
Somando todo o feriado, o aumento foi de quase 20%. Entra em cena um outro fator que pode passar despercebido, mas é muito simbólico. Os filmes não estão mais passando por ondas de adiamentos, ou ao menos não por conta da pandemia, e estão ganhando datas cravadas de estreia, aquela disputa boa na programação, inclusive, nunca vimos um outubro tão recheado de blockbusters como foi este. Diversas produções tiveram a data divulgada neste último mês, mais um sinal de recuperação e estabilidade, talvez mais almejada nesta retomada do que a recuperação completa.
No fim do mês também a Ancine divulgou um novo panorama do mercado exibidor. Essa apresentação vem acontecendo mês a mês nas reuniões do Conselho Superior de Cinema. A última ocorreu em 22 de outubro, mas teve as informações divulgadas hoje.
A semana cinematográfica número 40 de 2021, entre 7 e 13 de outubro, foi a primeira com público superior a 2 milhões de espectadores desde o início da pandemia. Para fins comparativos, o público semanal médio entre 2017 e 2019 foi de cerca de 3,2 milhões de espectadores. Destes 2 milhões, 1,5 milhão foi impulsionado pela estreia de Venom em 7 de outubro. Filme que vem liderando a bilheteria desde então e já soma quase 4 milhões de ingressos vendidos.
O número de salas em operação no Brasil também vem crescendo, em setembro eram 2700 salas, em outubro este número subiu para 2772. Os valores animam o setor, embora ainda estejam distantes do recorde de 2019, que contou com 3500 salas de cinema no país.
Dois assuntos entraram na pauta da reunião: Cota de Tela, que deixou de estar em vigor em setembro; e os incentivos fiscais ao nosso cinema, que a Ancine promete retomar e atualizar. Estas são duas ações cruciais para que os pilares da indústria brasileira se sustentem e precisam ser cobradas diariamente.
Outro ponto que aproveitamos para levantar aqui é a questão da preservação do nosso cinema. O galpão da Cinemateca Brasileira pegou fogo em julho deste ano extinguindo milhares de materiais do acerco cinematográfico nacional, ou seja, parte de nossa história e memória.
Embora a instituição Amigos da Cinemateca já esteja entrando na administração do espaço para cuidar desta questão, não pode haver comemoração do Dia do Cinema enquanto parte de nosso acervo está sendo jogado fora.
Com tudo isto posto à mesa, o Dia Mundial do Cinema está sendo comemorado neste ano para nos lembrar que o cinema vive e está voltando; ainda teremos bons 5 de novembro para comemorar pela frente e com cada vez mais pluralidade, diversidade e representatividade. E você, já comprou seu ingresso para o cinema neste fim de semana?
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