03 Novembro 2021 | Renata Vomero
"Sabia que a minha felicidade estava ali", revela Érico Borgo sobre trajetória na cultura pop contada em livro
Jornalista está lançando autobiografia por meio de crowdfunding
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Se você é fã de cultura pop e entretenimento, com certeza conhece Érico Borgo, um dos fundadores do Omelete e da CCXP. Entre os principais nomes do mercado de cultura pop no Brasil, Borgo contou sua trajetória desde o momento em que se apaixonou por este universo até quando transformou a paixão em carreira na autobiografia Nerd - Minha Jornada dos Sonhos de Infância ao Maior Evento da Galáxia e Além.
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O lançamento está sendo feito por meio da Huuro Entretenimento, produtora de conteúdo que Burgo fundou quando saiu do Omelete no ano passado. A publicação será financiada por meio de crowdfunding e já teve a meta inicial atingida, no valor de R$300 mil. Um presente de fã para fã.
“Esse processo de contar minhas próprias histórias, de entender, tem muito de autoanálise ali, de como aqueles universos se relacionam com a minha própria vida. Não sou uma pessoa religiosa nem nada, mas extrai dessas histórias tantos valores, tantos princípios, que aí foi um processo de olhar para mim mesmo, para quem eu sou, olhar para as minhas referências e entender de onde tirei cada coisa, o que aconteceu comigo quando vi ou li tal coisa. No que aquelas tardes infindáveis na frente da TV me transformaram? Foi um processo muito legal”, comentou Érico Borgo ao Portal Exibidor.
Estes textos começaram a ser escritos há cerca de seis anos, quase como forma de passar o tempo durante viagens de avião. Em algumas conversas depois, principalmente com o editor Daniel Lameira, Borgo foi descobrindo que sua história poderia ser contada em livro.
Mas foi só quando saiu do Omelete que encontrou o momento ideal para fazer isso, desde então, o livro foi reescrito cerca de três vezes para encontrar uma unidade em todas aquelas memórias não-lineares rememoradas ali.
“Foi super complexo, às vezes eu não sabia onde queria chegar, mas tinha uma intenção. Aí eu ia escrevendo e de repente dava aquele estalo, de conectar as coisas, e fechava o capítulo encerrando aquele ciclo. É algo que eu gostava de fazer em crítica também, por exemplo, começar com uma intenção, escrever e fechar naquela intenção, para mim parece uma elegância. Sempre ficava feliz!”, ressaltou.
A história do livro termina justamente no ponto em que Érico Borgo deixou a empresa que ajudou a fundar no início dos anos 2000 e hoje é referência em produção de conteúdo e outros produtos do universo de cultura pop.
Neste quesito é interessante notar o quanto a caminhada do nerd e empreendedor se cruzam e, mais do que isso, entendendo a partir daí o quanto é crucial trabalhar com o que gosta e por consequência com o que entende.
“Foi um momento crucial, que mudou tudo na minha vida. Deixei de ser designer, passei a ser jornalista. É isso, o Omelete nasceu de uma vontade de ganhar dinheiro com algo que ninguém estava explorando, mas logo percebemos que não íamos conseguir ganhar dinheiro, porque foi quando a bolha da internet explodiu e os estúdios não entendiam muito bem o que era a internet. Fui começar a faturar com a empresa dez anos depois, cheguei a ter três empregos para sustentar o projeto, mas eu sabia que era aquilo que eu queria fazer. Sabia que a minha felicidade estava ali, seguindo essas minhas paixões que me acompanhavam desde a infância. Era o caminho mais difícil, mas que bom que deu certo e agora chegou a hora de contar essa trajetória”, afirmou.
E é uma caminhada que muita gente vai se identificar, se já não se identifica. O projeto de financiamento coletivo foi lançado em meados de outubro e neste feriado alcançou sua primeira meta de R$300 mil, o mínimo para viabilizar os custos da publicação e mais os presentes de cada nível de apoio. Agora, o projeto contará com metas estendidas, devendo ser entregue em março de 2022, talvez até contando com uma book tour. Tudo isso denota a força de Borgo para os nerds brasileiros, e não são poucos.
“Me sinto absolutamente normal, mas olhando o mercado hoje, tenho um orgulho, fui um dos primeiros no meio, o primeiro vídeo falando de nerdice no Brasil está com a minha cara lá. Tem que ter orgulho disso, de tanta gente que se inspirou, tanta gente que me olhou e disse que poderia fazer melhor do que aquilo e muito provavelmente conseguiu”, comentou Borgo, que de certa forma se sente responsável pela comunidade nerd, tanto por reuni-la, quanto por trazer clareza a ela também: “O nerd sofreu muito preconceito, sempre teve algo no entorno dele sobre isso, de falarem que era crianção por ler quadrinho ou ver desenho. Ao mesmo tempo, tem tanto canal nerd hoje que é super preconceituoso, super retrógrado, tenho uma raiva disso. Parece que os caras não entenderam, não prestaram atenção em nada do que leram do que consumiram e viveram, e isso é algo que me deixa muito chateado, tenho um pouco de vergonha da cultura nerd nesse sentido, porque era algo muito bonito, estávamos todos juntos e agora essa polarização maluca chegou até esse mundo nerd”, finalizou.
O financiamento coletivo de Nerd - Minha Jornada dos Sonhos de Infância ao Maior Evento da Galáxia e Além pode ser acompanhado no site: https://www.livronerd.com.br/ ou nas redes sociais da Huuro.
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