01 Novembro 2021 | Leandro Matos
Novo filme do Marvel Studios, Eternos chega aos cinemas brasileiros no dia 4 de novembro
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O Universo Cinematográfico da Marvel se tornou uma marca do calendário de estreias cinematográficas na última década, angariando expectativas e ansiedade de seus fãs. Após os atrasos desse ano de pandemia, esse fim de ano traz dois filmes com pouco mais de um mês de distância: Homem-Aranha Sem Volta para Casa, em dezembro, e Eternos, a estreia dessa semana, lançado pela Disney.
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Diferentemente dos Vingadores, Eternos apresenta um grupo de super-heróis pouco conhecidos do grande público. Eles são super-humanos criados pelos Celestiais durante sua visita à Terra e são praticamente imortais. O grupo é formado por Thena (Angelina Jolie), Ikaris (Richard Madden), Kingo (Kumail Nanjiani), Makkari (Lauren Ridloff), Phastos (Brian Tyree Henry), Ajak (Salma Hayek), Sprite (Lia McHugh), Gilgamesh (Don Lee), Druig (Barry Keoghan) e Sersi (Gemma Chan).
Eternos é dirigido por Chloé Zhao, diretora de Nomadland, grande vencedor do Oscar desse ano, levando os prêmios de Melhor Filme, Direção e Atriz (Frances McDormand). A escolha da diretora foi vista com bastante interesse pelo mercado: Zhao é uma diretora de filmes de arte, ultraindependentes, que recebeu a incumbência de dirigir um longa comercial sem abrir mão de sua autoralidade e seu processo criativo. Isso prova que a Marvel está investindo em opções menos óbvias para a direção de suas obras, com o objetivo de elevar a qualidade e sair do lugar comum.
Zhao não é a primeira diretora de cinema de arte a se aventurar no universo dos blockbusters. A Marvel teve um grande sucesso de público, crítica e prêmios, com outro projeto comandado por um diretor independente: Pantera Negra (Disney), dirigido por Ryan Coogler, que se tornou o primeiro filme de super-heróis a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme e mais 6 indicações, convertendo 3 delas em prêmios. Viúva Negra e Capitã Marvel também foram conduzidos por cineastas mais identificados com obras intimistas e pessoais e pouco versados no cinema de alto orçamento. A escolha da Marvel demonstra uma preocupação em fortalecer a história, a dramaturgia e o trabalho dos atores, envolvendo tudo, é claro, por fantásticos efeitos especiais.
Mas esse não é um movimento exclusivo da Marvel: diretores autorais, muitas vezes se dão muito bem quando fazem a transição para o cinema de grandes efeitos especiais. Alfonso Cuarón foi responsável por revolucionar a série Harry Potter com o terceiro filme, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Warner Bros), trazendo uma necessária maturidade e seriedade para a história e criando um universo mais realista, elevando a série a patamares mais altos de qualidade; Denis Villeneuve criou uma fascinante continuação em Blade Runner 2049 (Warner Bros.), e agora está nos cinemas com a superprodução Duna (Warner Bros.). E nos primórdios dos filmes de super-heróis no início dos anos 2000, Ang Lee comandou a primeira aventura do Hulk (Universal).
E não podemos esquecer, é claro, de Christopher Nolan, um diretor que trabalha há anos com grandes produções sem nunca perder sua autoralidade. Além dele, é importante destacar como a escolha de Patty Jenkins para comandar os filmes da Mulher-Maravilha (Warner Bros.) se mostrou acertada, criando uma personagem empolgante e carismática.
Apostar em diretores pouco familiarizados com grandes efeitos especiais pode ser um risco. Mas criar blockbusters genéricos sem personalidade também pode dar errado. Fazer cinema, por si só, é um risco, já que nunca saberemos quais filmes farão sucesso com o público ou não. Sem termos uma fórmula para seguir, é muito estimulante esperar para ver o que diretores com marcas pessoais tão particulares vão entregar com essas obras.
Leandro Matos: Formado em Cinema e em Roteiro pela Estácio de Sá, com cursos de roteiro na Columbia University, na Escola de Cinema Darcy Ribeiro e com Robert McKee, é roteirista dos longas-metragens Amor.com, Divã a 2 e Minha Família Perfeita. Estreou na tv escrevendo para o seriado Cilada, criou as séries Os Figuras e De Cabelo em Pé e participou de diversas outras séries como Samantha!, A História Bêbada e Se Eu Fosse Você – A Série. Fora de roteiro, trabalhou no Festival do Rio por 11 anos na equipe de Eventos Sociais e no Show Búzios como coordenador de Receptivo e Hospedagem. Atualmente mora em Toronto, onde escreve seu primeiro longa para o mercado canadense, além de projetos para a Imagem Filmes e Disney Plus.
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