Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Lançamento

29 Outubro 2021 | Renata Vomero

"Não há contradição em fazer filme político e popular", diz Wagner Moura sobre "Marighella"

Aguardado longa chega aos cinemas no dia 4 de novembro

Compartilhe:

(Foto: Downtown/Paris)

O dia 4 de novembro deverá ser lembrado por muito tempo como o dia em que Marighella (Downtown/Paris) estreou nos cinemas do Brasil. O filme marca a primeira vez de Wagner Moura na direção e vem rodando o mundo desde 2019, sendo aclamado principalmente no Festival de Berlim.

Publicidade fechar X

Vivido por Seu Jorge, Carlos Marighella foi um dos principais guerrilheiros e revolucionários do Brasil, tendo passado boa parte de sua vida na clandestinidade enquanto lutava pela democracia e liberdade, ora nos anos da ditadura de Getúlio Vargas, ora nos anos de Ditadura Militar, que foi capaz de findar com sua vida em 1969.

É exatamente este último recorte que o longa traz, mostrando um Marighella experiente na reação e, principalmente, na ação contra os agentes do fascismo, entrando na luta armada ao lado de jovens combatentes para enfrentar a ditadura.

“Queria falar sobre o que foi a resistência à ditadura pelo lado político, mas também pensando em como o filme funcionaria do ponto de vista estético e técnico. Usamos muita ação, porque tem muita ação nessa narrativa. Além de contar essa história, queria fazer um filme popular, que comunicasse com as pessoas, então, os elementos de ação encaixariam bem nessa proposta. Se tem algo que aprendi trabalhando com o José Padilha é que não há contradição em fazer filme político e popular”, ressaltou Wagner Moura em coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje (29) em São Paulo.

O evento contou com presença de quase toda a equipe do filme, incluindo, claro, Seu Jorge, reconhecido no mundo da música e no cinema. O artista foi tão impactado pela história de Marighella, que a princípio seria vivido por Mano Brown, que voltou a morar no Brasil depois de passar anos nos EUA.

“Percebi que era importante eu me reconectar com o Brasil. Eu precisava fazer isso e me conectar com as causas que são minhas também. Tenho como missão promover o Brasil, mas que está com a imagem abalada hoje. Para mim foi muito importante viver na pela a história deste homem tão importante para o Brasil”, contou Seu Jorge.

A equipe celebra a chegada do filme – podemos dizer, finalmente – nos cinemas. Tudo isso porque os responsáveis pelo longa contam que sofreram censura e tiveram este lançamento dificultado pelo seu teor político.

Tudo isso foi se somando à pandemia, que acabou por impedir a estreia logo em seguida de o filme viajar por importantes festivais do mundo, contando com mais de 30 sessões espalhadas pelo planeta. Além disso, nesta semana a produção sofreu tentativa de boicote dos usuários do site IMDB, que tentaram derrubar a nota do título.

Ainda assim, o filme chega com o sabor de que está se encontrando com seu público, afinal, foi para o brasileiro que o filme foi feito, ainda mais pensando nestes últimos anos em que houve ameaças de golpe, desmonte cultural e científico e a proximidade das eleições de 2022.

“Eu e o filme fomos atacados do começo ao fim, então, não poderia estar mais feliz de estrear agora. Havia naquelas pessoas uma pulsão de vida, de lutar pela liberdade, contra racismo e questões de classe. É um filme de esperança”, reforçou o cineasta.

Como acontece com muitos fatos históricos no Brasil, a história de Marighella sofreu um apagamento durante anos, sendo pouco contada nos livros de história. O nome do guerrilheiro passou a ser conhecido quando Mário Magalhães lançou a biografia “Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, isso lá em 2012.

E foi no contato com este livro que surgiu a necessidade de Warner Moura transformar a história de Marighella em filme, ou ao menos parte dela. Para ele, há muito significado em falar no nome do guerrilheiro, já que era um homem negro, neto de pessoas escravizadas, e que cresceu e moveu a sua vida em torno da luta por igualdade e liberdade. Inclusive, a escolha de Seu Jorge no papel principal foi criticada por alguns grupos da direita, porque o ator tem o tom de pele mais escuro do que de Marighella.

“Quando vieram os ataques eu percebi que acertei quando empreteci a pele de Marighella, porque fui no sentido oposto do embranquecimento que acontece no audiovisual brasileiro. E ali tem a história de um homem negro apagada e era preciso dar vida a ela”, esclareceu.

Marighella traz no elenco Seu Jorge, no papel-título, Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcellos, Herson Capri, Humberto Carrão, Adriana Esteves, Bella Camero, Maria Marighella, Ana Paula Bouzas, Carla Ribas, Jorge Paz, entre outros

O filme tem produção da O2 Filmes e coprodução da Globo Filmes e Maria da Fé. A distribuição é da Paris Filmes e da Downtown Filmes.

Clique abaixo para ver ampliado:

Compartilhe:

  • 1 medalha