14 Outubro 2021 | Renata Vomero

"Nada é mais poderoso que o riso quando a gente fala em transformação", diz protagonista de "Amarração do Amor"

Filme de Caroline Fioratti chega hoje (14) aos cinemas

Chegando aos cinemas hoje (14), Amarração do Amor (Downtown/Paris), de Caroline Fioratti, retrata, por meio do humor, um casal formado por uma jovem judia e um rapaz umbandista e que, diante dessas diferenças, se deparam com questões familiares que levam ao debate sobre a intolerância.

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O casal formado por Bebel (Samya Pascotto) e Lucas (Bruno Suzano) se apaixonam e decidem se casar. Então, acabam vendo o tema da religião como a principal pauta para a família, que tem como pai da noiva o judeu ortodoxo, Samuel (Ary França), e a mãe do noivo, a mãe de santo Regina (Cacau Protásio).  

O que não parecia ser um problema para o casal até então, se torna uma grande questão, que é tratada de forma cômica, mas bem distante de estereótipos, tão comuns na ficção quando o tema é este.

“Pegamos na mão um do outro e nos comprometemos a deixar essa mensagem, de fazer um filme que chegue num lugar muito pessoal e emotivo para as pessoas, que é o amor e a família, e que as pessoas rindo e se divertindo recebam essa mensagem de tolerância e de fé”, explicou a diretora Caroline Fioratti, que acrescentou que o filme foi filmado em 2018, um pouco antes das eleições presidenciais, em que havia uma grande discussão sobre o respeito às religiões e à diversidade.

Desta forma, o elenco e sua diretora são unânimes em acreditar na força do filme em trazer essa mensagem de muita importância, principalmente no Brasil, em que ao lado de uma pluralidade religiosa enorme, há muita intolerância, ainda mais quanto a religiões de matriz africana. Para a equipe, o humor do longa é a ferramenta crucial para levar o público a este entendimento.

“Tenho certeza que as pessoas vão se identificar e nada é mais poderoso do que o riso quando a gente fala em transformação. A gente só ri daquilo que a gente reconhece. A partir do momento que as pessoas se veem, a gente serve ali como um espelho, a gente pode mudar para melhor, reconhecer e aprender coisas”, comentou Samya.

E ela foi complementada por Ary França: “Nosso filme mostra que podemos aprender pelo riso também, ninguém aguenta mais noticiário e Facebook, precisamos descobrir outra forma de passar nossa mensagem de tolerância”.

Além da religião, tema central do longa, há ali outro retrato que é comum a qualquer brasileiro. E, caro leitor, se você disser que não, estará mentindo. Que é essa questão de como a família acaba tendo uma proximidade – por vezes até invasiva – na vida dos filhos, especialmente quando há um casamento à vista.

E aí, imagine você, quando há essa proximidade de um lado liderada pela figura de Cacau Protásio, e do outro, pela figura de Ary França, tudo se torna uma bagunça que todo mundo já viveu. Neste ponto a piada vem pronta e certeira para as audiências.

“Quando Paulo Gustavo fez Minha Mãe é Uma Peça, o sucesso veio porque todo mundo ama Dona Hermínia e se identifica, todo mundo tem um pouco dessa mãe, dessa história”, explicou Protásio.

“O roteiro é muito inteligente, porque é um filme que fala sobre religião, mas sobretudo fala sobre família e convivência. No Brasil a gente tem muito isso da família ser muito próxima e isso colabora muito com o humor, porque todo mundo já passou por aquele almoço de família, com todo mundo, o constrangimento de conhecer a família do namorado e vice-versa”,  descreveu Samya, que foi complementada por Bruno: “Ficar sem jeito ao receber a família do outro, você fica tateando, não é seu espaço, e isso no filme fica super engraçado”.

Tendo todo este caldeirão em vista, é claro que a expectativa para o lançamento nos cinemas vem com força, principalmente, pensando neste poder de o público poder compartilhar as risadas dentro da grande sala.

“Estar sentado na sinagoga vendo o rabino, ou na gira vendo ela acontecer, é igual a gente no cinema, para os artistas, o cinema ou o teatro são os espaços religiosos. Mas estou ansiosa, espero que tenhamos companhias para assistir junto. Tive sorte de antes ir em exibições teste do filme e poder ver um pouco dessa risada, me deu confiança ver que o pessoal está gostando. Queria convidar as pessoas a irem assistir, com todos os cuidados e toda a segurança”, finalizou Caroline.

Com roteiro de Carolina Castro, Marcelo Andrade e Caroline Fioratti, o filme tem produção da Migdal Filmes, coprodução da Fox Film do Brasil e distribuição da Paris Filmes/Downtown Filmes.