05 Outubro 2021 | Renata Vomero
Encontro na CineEurope destaca valor da união entre exibição e distribuição
A convenção acontece até 7 de outubro em Barcelona
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A CineEurope teve início nesta segunda-feira(4) em Barcelona e acontecerá, em formato presencial, até 7 de outubro. Nesta terça-feira, a convenção contou com um importante painel com executivos do mercado de exibição e distribuição que se encontraram para discutir os caminhos que levam ao futuro da indústria, tendo em vista os desafios da pandemia.
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O tom geral foi de unanimidade quanto a principal solução para que o cinema volte a apresentar os números de antes desta crise: união entre os setores para que, juntos, atinjam o consumidor.
“Temos que reconhecer como o mundo mudou dramaticamente. Tirar o consumidor de casa para consumir entretenimento é um desafio. A barreira é mais alta e coletivamente, entre a exibição e a distribuição, temos que fazer melhor”, ressaltou Andrew Cripps, presidente de distribuição internacional de cinema da Warner.
Os profissionais, no entanto, admitiram que embora o relacionamento entre estúdios e exibidores seja bom, há muito o que melhorar nessa relação, principalmente neste momento de total incerteza, mas com muitas ferramentas em mãos.
“Definitivamente, precisamos fazer um trabalho melhor juntos. Estamos na linha de frente, conhecemos nossos clientes. Precisamos compartilhar mais dados em termos de como comercializar e promover filmes, em termos de entusiasmar as pessoas”, destacou Tim Richards, CEO da rede Vue International.
Os participantes do painel destacaram a importância de se reconectar com o consumidor, que ficou quase dois anos distante, então, é preciso trabalhar novamente o relacionamento com eles. Os executivos, então, destacaram alguns caminhos para se reaproximar dos frequentadores de cinema.
O primeiro deles é utilizar da inteligência apresentada pelas empresas de streaming em entender o comportamento e gosto do consumidor para oferecer exatamente aquilo o que ele quer, para isso, tanto cinemas, quanto estúdios, precisam trocar dados e figurinhas para entender o público.
“Para o futuro, trata-se da oportunidade de cooperar muito mais ampla e profundamente para utilizar as informações de que dispomos para influenciar legitimamente o consumidor. O que a Netflix e os streamings fizeram para direcionar seu público mostra o caminho. Não devemos perder essa oportunidade”, explicou Paul Higginson, EVP da divisão da EMEA da Universal Pictures.
A palavra de ordem é parceria, e ela está na busca pelos melhores conteúdos, tendo em vista o tamanho de oferta de títulos dada ao espectador. Para isso, então, se trabalham os possíveis arrasa quarteirões, que ao atraírem o público, começam a fazer a engrenagem girar, porque essas pessoas tendem a voltar para ver outros sucessos. Há também a expectativa de trabalhar em torno de filmes que despontam entre possíveis candidatos na temporada de premiações, que inicia, normalmente, em janeiro.
Outro caminho levantado pelos profissionais foi na forma de trabalhar os preços dos ingressos, em muitas localidades apontado como fator crucial na decisão de ia ao cinema. Agora, com assinaturas de streaming que garantem acesso ilimitado aos catálogos, essa questão ganha uma proporção até maior do que a imaginada. Então, as estratégias precisam ser muito bem posicionadas.
E ela se soma a um debate que, talvez pareça mais adequado ao futuro, mas na realidade não é, que é a questão de tornar experiência do cinema premium, em seu sentido mais específico do setor mesmo: poltronas reclináveis e mais confortáveis, serviço em sala, melhoria na qualidade do som e imagem, etc.
“As pessoas estão em busca de qualidade e uma experiência premium. Essas são as partes do negócio que estão se recuperando mais rapidamente; as pessoas estão voltando para experiências deste tipo, é isso que elas querem”, afirmou Mark Way, diretor do Odeon Cinemas.
Ele destacou que este tipo de experiência também rivaliza com a entregue por bares e restaurantes, por justamente ir além da exibição do filme, que tem atualmente os streamings como concorrência.
A Vue International, por exemplo, usou do período de fechamentos para fazer reformas em suas unidades pensando em justamente apresentar estas melhorias ao público na retomada, mirando em reconquistar as audiências.
Para Tim Richards, CEO da rede, portanto, a criação dos assentos reclináveis e mais confortáveis é uma virada no setor de exibição, parecida ao que foi as salas stadium nos anos 1990.
“Quando você se senta em uma poltrona reclinável, conta para seus amigos, conta para sua família e volta com mais frequência. Eles são caros e você perde lugares, mas vale a pena”, finalizou o executivo.
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