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16 Setembro 2021 | Renata Vomero

Representatividade hispânica e latina continua marginalizada em Hollywood, aponta estudo

Relatório da USC Annenberg Inclusion Initiative analisou filmes entre 2007 e 2019

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(Foto: Divulgação)

A questão da diversidade no cinema vem sendo tema central da indústria nos últimos anos, com importantes avanços de representatividade em tela e fora dela. Grupos marginalizados estão ganhando cada vez mais espaço, no entanto, há muito o que se conquistar, principalmente entre hispânicos e latinos.

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A USC Annenberg Inclusion Initiative, que anualmente analisa presença de mulheres, negros e latinos no cinema, divulgou seu mais recente relatório sobre a representatividade hispânica e latina em Hollywood. A iniciativa analisou as representações desses grupos nos 1300 filmes de maior bilheteria entre 2007 e 2019, incluindo fora das telas. O relatório foi co-escrito por Ariana Case, Zoily Mercado, e Karla Hernandez.

Publicado nos principais veículos dos Estados Unidos, a matéria do Deadline destacou, antes das informações do estudo, um importante dado que parece estar sendo esquecido por Hollywood. A comunidade latina e hispânica representa um consumo de US$1,7 trilhão nos cinemas, isso corresponde a 25% dos ingressos vendidos.

“Seja em papéis principais ou em todos os personagens falantes, a ausência de atores e personagens hispânicos e latinos é perceptível. Esta comunidade representa quase 20% da população dos EUA e quase metade dos residentes de Los Angeles e ainda permanece quase invisível na tela”, disse Case em um comunicado publicado no Deadline.

É importante também destacar as diferenças entre latinos e hispânicos, já que são relevantes para compreender os filtros do estudo. São considerados hispânicos aqueles que descendem de países de língua espanhola e falam espanhol, já os latinos são as pessoas de países latino-americanos. Os brasileiros, por exemplo, não são considerados hispânicos, mas são considerados latinos.

Tendo isto em mente, o estudo apontou que apenas 7% dos atores que representam essas comunidades estiveram em papéis de destaque dos mais de 1300 filmes analisados. Este é um crescimento de apenas 3,5% ao longo de 13 anos. Mais da metade destes personagens eram meninas ou mulheres.

A idade, um fator que costuma ser um obstáculo em outros grupos, também aparece em menor número no relatório. Apenas 1% dos personagens em papéis de destaque tinham 45 anos ou menos, sendo nenhum em 2019.  Somente três desses papéis eram de mulheres (uma questão bastante discutida também quando se trata de representação feminina), dois eram de Jennifer Lopez e outro de Cameron Diaz. Dois nomes que nos servem bastante para refletir sobre essa representação.

Outro termo usado no relatório e que é importante ser explicado aqui, é a palavra Latinx, embora o x seja bastante utilizado para dar neutralidade aos gêneros, neste caso representa os latinos nascidos nos Estados Unidos sem descendência espanhola.

Eles representaram 5% dos personagens principais ou co-principais e 2,2% dos grandes protagonistas. Sendo apenas seis afro-latinos em um período de 13 anos.

E quando se analisa os personagens com falas ou, ao menos, com nomes, a amostragem fica em 5,9% e apenas 5% de todos os 51.158 personagens identificados dos 1300 filmes eram hispânicos ou latinos. Destes filmes, 567 não tinham qualquer representatividade desses grupos, o que representa 43,6% dos filmes mais populares dos últimos 13 anos.

Fora das telas, a representação entre diretores também é mais ou menos similar a de protagonistas ou papéis de destaque. 4,5% dos cineastas em 2019 eram dessas comunidades, um número que se manteve razoavelmente estável nos 13 anos. Apenas três mulheres latinas ou hispânicas dirigiram filmes de grande bilheteria no período, foram elas Patricia Riggen, Melina Matsoukas e Roxann Dawson.

Nos últimos 13 anos, foram apenas 35 diretores dessas comunidades entre os títulos mais populares. 34,3% eram nascidos nos Estados Unidos, enquanto 65,7% eram internacionais. Apenas dois diretores eram afro-latinos: Melina Matsoukas e Steven Caple Jr. Na produção, apenas 3% representam esses grupos, sendo a maioria homens.

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