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25 Agosto 2021 | Renata Vomero

CinemaCon celebra união da indústria enquanto mira no futuro da tela grande

Com boas apresentações de estúdios, convenção busca levantar ânimo do setor

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(Foto: AP Photos)

A CinemaCon deste ano está acontecendo fora do calendário tradicional, normalmente programada para março ou abril em Las Vegas. Depois de dois anos sem acontecer, a convenção voltada ao mercado de cinema é retomada celebrando a união da indústria e, mais do que tudo, o protagonismo da tela grande, que pretende ser retomado no futuro, espera-se que breve.

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Um dos momentos mais aguardados da convenção, era a apresentação da Sony, estúdio responsável por abrir as apresentações das majors. A ansiedade foi reforçada pelo fato de que a Sony não se apresentou no evento em 2019, então, depois de uma transformação total no setor, era de se esperar que todos quisessem ouvir o que a empresa tinha a mostrar, e não foi pouco.

Começando pelo compromisso com a tela grande, o que vem sendo mostrado ao longo desta pandemia. A Sony é o único estúdio a não lançar seu próprio streaming, muito menos a mergulhar na estratégia de lançamento híbrido, embora tenha negociado alguns conteúdos diretamente com plataformas, pulando assim a estreia nos cinemas, e algumas parcerias importantes de primeira e segunda tela no streaming.

Com grandes adiamentos ao longo deste período, há no line-up da major alguns dos mais aguardados títulos para os próximos meses, senão o mais. Sim, marcado para estrear em dezembro deste ano exclusivamente nos cinemas, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, terceiro filme da nova saga do teioso, teve seu aguardadíssimo trailer revelado exclusivamente para os profissionais da indústria. A resposta ao vídeo, depois lançado para o público na internet, não poderia ser melhor e um termômetro do que promete ser a maior bilheteria do ano e deste período tão desafiador, isso senão se equiparar com as maiores bilheterias da história. Inclusive, se antes a Sony chamava seus filmes do universo da Marvel de Sony Pictures Universe of Marvel Characters, agora o estúdio entendeu quem é que está no poder dentro desta saga e o colocou no comando de vez, agora sendo: Sony’s Spider-Man Universe (Universo do Homem-Aranha da Sony), e isso deve incluir Venom, Morbius e as animações do Aranhaverso.

Além disso, foi apresentado ao público conteúdos dos próximos filmes da major, além do filme Ghostbusters – Mais Além, que deve prometer bastante nostalgia ao público em novembro. Os executivos da Sony foram ovacionados ao reafirmar o compromisso com os cinemas, chamando a estratégia de lançamento híbrido de devastadora para o setor.

Tom Rothman, presidente da Sony Pictures, celebrou o resultado de Free Guy, da Disney, nas bilheterias, e afirmou que a performance é reflexo direto do lançamento exclusivo nas telonas. “Vai entender”, ironizou o executivo.

Posicionamento da indústria

Isso tudo foi na segunda-feira, primeiro dia do evento. Já na terça, dois momentos eram bastante aguardados, o primeiro é o tradicional painel "The State of Industry", que traz John Fithian, presidente da NATO, e Charles Rivkin, presidente da MPA.

Os dois executivos se juntaram para fazer um panorama do mercado e, claro, não poderiam deixar de falar do quão desafiador e problemático está sendo a pandemia e o quanto os cinemas foram impactados pela crise neste último ano, com fechamentos (alguns permanentes) e o desemprego de muitos funcionários diretos e indiretos, sem contar o impacto na economia.

Para eles, uma das principais razões para a indústria estar de pé nesse momento foi a união e a resiliência de todos os profissionais do setor, de ponta a ponta. Algo que realmente se mostra como uma assinatura do meio, inclusive no Brasil.

Evidenciando a importância da indústria de cinema nestes mais de cem anos, os executivos problematizaram os lançamentos simultâneos, ressaltando o quanto estão atrapalhando na recuperação dos exibidores e canibalizando o setor. John Fithian até destacou o quanto os artistas e criativos estão do lado certo nesta discussão e entendem a importância do cinema como primeira janela.

“As janelas não serão mais o que eram, mas também não podem ser o que estão sendo durante a pandemia. O que o futuro reserva depende de nossos membros e distribuidores decidir, mas sejamos claros sobre uma coisa: o lançamento simultâneo NÃO FUNCIONA. Para qualquer um. Um fluxo constante de filmes fortes lançados com janelas exclusivas é essencial para a recuperação da exibição e para a lucratividade de todo o ecossistema do filme”, reforçou Fithian.

O presidente da NATO destacou novamente, assim como havia feito em entrevista antes do evento, o quanto a pirataria também está sendo um grande obstáculo deste momento, impulsionado pelos lançamentos digitais. Rivkin, da MPA, destacou que: “a pirataria reduz cerca de 19% da arrecadação de bilheteria”. Ninguém está podendo se dar o luxo de perder esta receita.

No painel, também foi destacada a importância dos cinemas não só em nível global para a economia, que ganha bilhões por ano com o setor, mas também em nível local, movimentando a economia das cidades e bairros onde atua.

Para finalizar, no entanto, o clima, embora ainda com receio da variante Delta, é de otimismo para o futuro. Os executivos acreditam na volta com força total de toda a indústria e Rivkin fez um discurso emocionado convocando os profissionais a lutarem como os heróis que vemos nas telas.

“Senhoras e senhores, por mais de cem anos, construímos uma das indústrias mais bem-sucedidas e icônicas da história da humanidade. E juntos, construiremos uma ainda maior no século que está por vir. Como amantes do cinema, tenho certeza de que concordarão que todos nós podemos apreciar uma ótima história de retorno. Pense em Rocky Balboa indo para longe. Pense em todos os super-heróis do Universo Cinematográfico da Marvel. Sempre lutando para recuperar seus superpoderes perdidos para que possam salvar o mundo”.

O painel foi finalizado pela apresentação do MGM, que não se apresentava há anos na CinemaCon, embora sem comentários sobre a aquisição do estúdio pela Amazon, a empresa celebrou o cinema e apresentou 007 – Sem Tempo para Morrer ao público. O filme é uma das principais apostas do ano para o mercado.

Warner

A apresentação da Warner era aguardada com uma expectativa um tanto distinta do que foi a da Sony. Já que a major foi a primeira a fazer o lançamento simultâneo com o streaming já em 2020, na ocasião do aguardado Mulher-Maravilha 1984.

Realizada em formato online, a apresentação começou com os executivos da Warner, com destaque para Jeff Goldstein, presidente de distribuição doméstica, e Toby Emmerich, presidente e CCO da Warner Pictures.

Goldstein não se melindrou em falar sobre a estratégia adotada pela empresa, que tem data para acabar em 2022, ainda ressaltou que a decisão e os lançamentos foram trabalhados em parceria com os exibidores, para assegurar o melhor para ambos. Realmente, não parece que os cinemas ficaram tão resistentes à decisão da Warner, quanto ficaram, por exemplo, à Disney.

“Lançamento nos cinemas está em nosso DNA. Isso nunca vai mudar, não será replicado de alguma outra forma”, reforçou o executivo. Os profissionais ressaltaram a importância da parceria com os exibidores para construírem uma boa retomada no futuro.

Para além disso, também mexeu com a internet algumas novidades apresentadas pelo estúdio. Entre elas, a aguardada e misteriosa volta de Matrix, que será lançado em dezembro. O quarto filme da saga ganhou título agora, será Matrix Resurrections e trará de volta o elenco original dos filmes lançados no início dos anos 2000.

Também foram apresentados trechos e teasers de The Batman, que será lançado em 2022, e de Duna, que chega agora em outubro nos cinemas e também tem mexido bastante com as emoções dos fãs, incluindo está que vos escreve. Relembrando aqui que a DC tem evento marcado para outubro, o DC Fandome, onde materiais exclusivos deste universo devem ser revelados. A primeira edição do evento aconteceu ano passado e foi responsável por elevar o ânimo dos fãs do universo de cultura pop, com materiais inéditas e entrevistas com os talentos.

Para os próximos dias, ainda se esperam conteúdos relacionados ao momento atual do mercado, além das apresentações da Neon, Disney (que apenas apresentará o filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis), Universal, Lionsgate e Paramount.

A convenção acontece até 26 de agosto em Las Vegas.

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