20 Agosto 2021 | Renata Vomero
"Quando se quer fazer um case único e inédito, faz parte assumir riscos", fala Gabriel Gurman sobre filmes do Caso Richthofen
CEO da Galeria Distribuidora falou sobre nova estratégia de lançamento dos longas
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Em 2019, a Galeria Distribuidora, ao lado da Santa Rita Filmes e do Grupo Telefilms, anunciou o desenvolvimento de não um, mas dois filmes sobre o Caso Richthofen. Um da perspectiva de Suzane von Richthofen, chamado O Menino que Matou Meus Pais, e o outro da perspectiva de Daniel Cravinhos, A Menina que Matou os Pais. A ideia foi recebida com bastante curiosidade pelo mercado e pelo público, não só pelo apelo da história, tão marcante no Brasil, mas também pelo formato inovador escolhido.
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Com Carla Diaz e Leonardo Bittencourt interpretando os protagonistas, os longas foram programados para estrear nos cinemas brasileiros em abril de 2020. Não precisamos explicar aqui porque os lançamentos foram adiados, no entanto, neste um ano e meio de pandemia, a Galeria, responsável pela distribuição do filme, enfrentou os desafios de encontrar o momento ideal para a grande estreia. Ora pelos fechamentos dos cinemas, ora pelo gargalo de estreias, e o melhor caminho encontrado foi o anunciado ontem (20), de que os filmes chegariam exclusivamente e globalmente no Amazon Prime Video em 24 de setembro.
“Também graças a participação da protagonista no BBB, conseguimos manter essa expectativa no alto e observando o mercado e o comportamento do público a cada lançamento, a fim de definirmos a melhor estratégia para os nossos filmes. O projeto já é ousado desde sua concepção e não poderíamos nos equivocar na tomada de decisão”, explicou Gabriel Gurman, diretor geral da Galeria Distribuidora ao Portal Exibidor.
A expectativa alta também vinha por parte dos exibidores, que foram apresentados aos filmes um pouco antes da data inicialmente agendada. Ali, se tinham alguma desconfiança com o projeto, logo abraçaram a ideia.
Inclusive, essa desconfiança inicial realmente aconteceu, já que haveria alguma dificuldade em pensar na programação destes filmes e o receio do público não aderir a um true crime brasileiro. O que, pelas pesquisas e nas redes sociais, se mostrou como uma percepção incorreta.
“Quando se quer fazer um case único e inédito, faz parte assumir riscos, mas é fundamental confiar no seu produto. Esse receio dos exibidores foi passando aos poucos, até que na sessão fechada para eles, em que todos puderam assistir aos dois filmes – um dos últimos encontros presenciais antes da pandemia – as pessoas saíram extasiadas, acreditando muito no projeto. A partir daí, fomos acompanhando ao lado deles os caminhos da pandemia para avaliarmos juntos o cenário atual. Creio que a decisão que tomamos neste momento está sendo bem compreendida devido ao complicadíssimo contexto que estamos vivendo e por todo o tempo que seguramos o lançamento esperando a volta do público ao cinema antes de tomar essa decisão”, reforçou Gurman.
Ao mesmo tempo que o cenário atual se mostrou desfavorável para os lançamentos, havia também a necessidade de não perder o timing. Como o próprio Gurman explicou, Carla Diaz, protagonista do filme, participou do Big Brother Brasil em janeiro deste ano, com isso, sua visibilidade teve um alcance gigantesco, impactando a procura pelos longas. Não era raro encontrar pelas redes sociais diversas indagações ansiosas do público sobre quando seriam lançados os filmes.
Diante de tudo isso, foi tomada a decisão de lançar os longas diretamente no Amazon Prime Video e em 240 países e territórios. Frente ao alcance global, tanto a Galeria Distribuidora, quanto a Santa Rita Filmes, comemoram a oportunidade de levar uma história brasileira, mas que tem apelo mundial, já que o gênero de True Crime é um dos mais assistidos e procurados nas plataformas, para o mundo todo e acreditam no sucesso global.
“Esse é um dos temas que nos deixa mais empolgados. Infelizmente, os moviegoers ainda representam uma pequena parte da população e, por outro lado, o consumo do audiovisual está cada vez mais em alto mundo afora. Vimos que a recepção do público desde o anúncio de que os filmes estreariam exclusivamente na plataforma foi excelente e em poucos minutos ficamos em primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter. Apesar de ser a história de um fato que aconteceu no Brasil, acreditamos muito no potencial do gênero true crime, na qualidade dos filmes e do projeto em si para ganhar também as audiências de outros países”, finalizou o executivo.
A Galeria Distribuidora ainda garantiu que buscará sempre trazer histórias que intriguem o público e sejam trabalhados em formatos inovadores e diferenciados tanto para os cinemas, quanto para as plataformas, algo que tem se mostrado como uma grande necessidade do mercado.
Com direção de Mauricio Eça e argumento e roteiros de Ilana Casoy e Raphael Montes, os filmes A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais são estrelados por Carla Diaz, Leonardo Bittencourt, Allan Souza Lima, Kauan Ceglio, Leonardo Medeiros, Vera Zimmermann, Augusto Madeira, Debora Duboc, Marcelo Várzea, Fernanda Viacava, Gabi Lopes e Taiguara Nazareth. A produção é da Santa Rita Filmes em coprodução com a Galeria Distribuidora e o Grupo Telefilms. O produtor executivo é Marcelo Braga, que também assina a produção dos filmes junto com Gabriel Gurman, Ricardo Constianovsky, Silvia Cruz e Tomas Darcyl.
Confira a entrevista na íntegra:
Os filmes do Caso Richthofen foram, a princípio, pensados para serem lançados nos cinemas, dentro deste lançamento inovador, no entanto, foram adiados por conta da pandemia. Como foi este um ano e meio observando o mercado e pensando na melhor maneira de lançar os filmes?
Foi (e está sendo) um período extremamente complexo, principalmente devido às incertezas do cenário. No começo da pandemia, todos pensávamos que seria algo muito mais passageiro do que estamos vendo agora. Os filmes estavam programados para serem lançados em abril de 2020 e tiveram seus lançamentos adiados poucas semanas antes, quando boa parte da campanha já estava na rua. Apesar disso, e também graças a participação da protagonista no BBB, conseguimos manter essa expectativa no alto e observando o mercado e o comportamento do público a cada lançamento, a fim de definirmos a melhor estratégia para os nossos filmes. O projeto já é ousado desde sua concepção e não poderíamos nos equivocar na tomada de decisão.
Como foi a tomada de decisão para lançar o filme agora exclusivamente no Amazon Prime?
Precisamos começar a lidar com essa possibilidade, mesmo que esse projeto tenha sido pensado para a experiência do cinema, porque não poderíamos perder o timing do lançamento. Como eu disse, a demanda pelos filmes, que já era alta desde o começo de 2020, aumentou ainda mais com a participação da Carla Diaz no BBB e precisávamos tomar uma decisão estratégica. Apesar de todo o desenho inicial proposto, estamos extremamente satisfeitos com o rumo que tomamos.
Agora os filmes terão lançamento global, quais são as expectativas quanto a isto, pensando também que a temática de true crime atrai inúmeros espectadores e o formato definido também é bastante atrativo?
Esse é um dos temas que nos deixa mais empolgados. Infelizmente, os moviegoers ainda representam uma pequena parte da população e, por outro lado, o consumo do audiovisual está cada vez mais em alta mundo afora. Vimos que a recepção do público desde o anúncio de que os filmes estreariam exclusivamente na plataforma foi excelente e em poucos minutos ficamos em primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter. Apesar de ser a história de um fato que aconteceu no Brasil, acreditamos muito no potencial do gênero true crime, na qualidade dos filmes e do projeto em si para ganhar também as audiências de outros países.
Como foram as conversas com os exibidores desde o anúncio de que desenvolveriam os filmes até este momento?
Posso dizer que foi uma grande montanha-russa de emoções. Quando conversávamos sobre o projeto pela primeira vez com os exibidores, a primeira reação era de dúvida, tanto em relação ao tema do filme como sobre a estratégia de produzirmos dois longas para serem lançados simultaneamente. Sabíamos que enfrentaríamos isso, mas sempre confiamos na qualidade dos filmes. Quando se quer fazer um case único e inédito, faz parte assumir riscos, mas é fundamental confiar no seu produto.
Esse receio dos exibidores foi passando aos poucos, até que na sessão fechada para eles, em que todos puderam assistir aos dois filmes – um dos últimos encontros presenciais antes da pandemia – as pessoas saíram extasiadas, acreditando muito no projeto. A partir daí, fomos acompanhando ao lado deles os caminhos da pandemia para avaliarmos juntos o cenário atual. Creio que a decisão que tomamos neste momento está sendo bem compreendida devido ao complicadíssimo contexto que estamos vivendo e por todo o tempo que seguramos o lançamento esperando a volta do público ao cinema antes de tomar essa decisão.
Há intenção de fazer outros conteúdos dentro deste universo de true crime e explorando formatos distintos de narrativa?
Sempre teremos a intenção de fazer bons projetos. Não queremos nos rotular em nenhum gênero ou perfil específico de filme. Nos interessamos por este projeto por ser uma ideia com forte potencial comercial de um gênero pouco trabalho na nossa cinematografia. Neste momento, estamos desenvolvendo comédias, dramas, um projeto erótico e outro infantil. O que nos move são as boas histórias e as possibilidades de pensarmos em formatos ousados, narrativas surpreendentes e uma campanha diferenciada fazem parte do nosso DNA.
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