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03 Agosto 2021 | Renata Vomero

"Eu tinha o desejo que esse filme falasse com o mundo", expressa diretor de “Abe”

Filme protagonizado por Seu Jorge e Noah Schnapp estreia quinta-feira (5) nos cinemas

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(Foto: Paris Filmes)

Lançado mundialmente no Festival de Sundance de 2019, nesta quinta-feira (5) Abe (Paris) chega ao circuito comercial brasileiro prometendo uma mistura saborosa que une gastronomia, humor, drama, reflexões políticas e religiosas, além do protagonismo de Seu Jorge e Noah Schnapp.

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O longa foi dirigido por Fernando Grostein Andrade que pensou em fazer o filme quando o sobrinho, Joaquim, nasceu, desta forma trouxe elementos da própria vida para a história. O longa narra a trajetória do garoto Abe (Noah Schnapp), de 12 anos, que se vê dividido entre os avós paternos – palestinos muçulmanos – e os maternos – judeus israelenses. Com isso, ele embarca em uma jornada de autoconhecimento quando escolhe o caminho da gastronomia como acolhimento de sua identidade. Ele é guiado nessa jornada pelo chef brasileiro Chico (Seu Jorge). Aqui já fica o aviso: não assista a este filme sem um bom balde de pipoca na mão.

Desta forma, o diretor apenas trocou o lado católico de sua família, pelo muçulmano, algumas diferenças entre seus familiares, e São Paulo por Nova York, para tornar mais plausível o conflito familiar marcado pelas divergências religiosas. Não só isso, com essas mudanças veio a possibilidade de o filme ser falado em inglês, o que o tornaria mais acessível fora do Brasil.

“Eu tinha o desejo que esse filme falasse com o mundo e não só com o Brasil. Claro que o cinema brasileiro sempre falou com o mundo, mas a legenda, acaba sendo uma barreira, vale destacar que o público brasileiro é cosmopolita, a gente vê filme estrangeiro com legenda, estamos acostumados. Pensei que eu não ia perder o brasileiro por ser um filme falado em inglês, aí eu canalizei a brasilidade em outros elementos, na música, tem o Seu Jorge, tem Acarajé, então pensei em subverter essa lógica”, explicou o cineasta em entrevista ao Portal Exibidor.

Mesmo diante de toda a complexidade que estas camadas trazem, e também a responsabilidade de retratar, mesmo de forma mais leve, o conflito entre Palestina e Israel, Abe também tem uma importante mensagem sobre a busca da identidade, dentro do gênero “coming-of-age”, representado pelo jovem ator Noah Schnapp e por sua jornada ao lado do personagem de Seu Jorge.

No entanto, engana-se quem pensa que é um filme voltado apenas ao público jovem, já que a busca por identidade é algo que nos deparamos por toda a vida adulta também. Como explica o diretor:

“A busca pela identidade é um conflito universal, às vezes é uma questão da adolescência, às vezes é uma questão da vida adulta também. É muito sobre ficar entre o que você quer ser e o que as pessoas querem que você seja”, reforçou Fernando, que complementou explicando a ligação, então, com o sobrinho: “Acho que eu quis trazer no filme a mensagem de seja você mesmo, sendo gay, homem, mulher, sendo o que for, seja feliz. Ninguém tem o direito de dizer para você a roupa que você tem que vestir, a identidade que você tem que abraçar, se identificar. Então, falei que o filme era livremente inspirado no meu sobrinho, pensei que se eu morrer, queria que ficasse essa mensagem para ele: seja você mesmo e não o que os outros querem que você seja”, comentou.

Como dito anteriormente, o filme teve lançamento mundial no Festival de Sundance, em 2019, e também passou pelo Festival Internacional de Cinema de Estocolmo, Festival Internacional de Cinema de Panamá, Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, Australia Independent Film Festival, entre outros.

O longa é uma produção da Spray e Gullane, com distribuição da Paris Filmes e Downtown Filmes. O elenco é formado por Noah Schnapp, Seu Jorge, Dagmara Domińczyk, Arian Moayed, Mark Margolis, Salem Murphy, Tom Mardirosian, Daniel Oreskes, Victor Mendes e Gero Camilo.

“Estou animado de participar da retomada dos cinemas com Abe, tomara que as pessoas assistam, usando máscara e mantendo o distanciamento. E espero que elas aproveitem, porque o cinema é daquelas coisas que fazem a vida ter sentido”, finalizou Fernando.

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