29 Junho 2021 | Renata Vomero
Panorama do mercado de cinema global durante a retomada
China está apenas 1% abaixo da arrecadação pré-pandemia e França cresce semanalmente
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Com uma boa parte dos mercados internacionais de cinema retomados, surgem algumas importantes informações sobre como o público e o setor está reagindo nesta nova etapa que o mundo está vivendo.
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Em uma análise aprofundada realizada pela Variety, a China mostra como uma força consolidada no setor, o faturamento da bilheteria neste meio de ano é 1.175% maior do que do mesmo período de 2020, quando a pandemia ainda mantinha a maior parte do circuito fechado. Mas o que mais impressiona é que o valor atual está apenas 1% abaixo dos três anos que antecederam a pandemia (2017 a 2019).
E isso tudo com os cinemas do país ainda enfrentando restrições de ocupação, já que a maior parte deles está operando com cerca de 75% da capacidade. Soma-se a isso a escassez de títulos de Hollywood e ainda de produções locais, que tiveram de ser paralisadas na pandemia.
Neste ano, o país passou por alguns marcos na indústria, o primeiro deles foi o feriado de Ano Novo Lunar, que aconteceu em fevereiro, o período é conhecido por impulsionar a arrecadação dos cinemas e por apenas contar com títulos locais. Neste ano, o faturamento foi de US$1,2 bilhão nos primeiros sete dias do evento, 33% a mais do que em 2019. Em outro feriado de abril, a arrecadação chegou a US$128 milhões e no Dia do Trabalho, em maio, bateu o recorde local com faturamento de US$265 milhões. A estimativa da empresa Gower Street é de que a bilheteria de 2021 da China seja de US$8 bilhões, a deixando novamente no número 1 do mundo.
No entanto, a análise da Variety aponta para importantes desafios no setor de exibição, o primeiro deles foi que, mesmo com a retomada de 95% do circuito, muitos cinemas de pequeno e médio porte não conseguiram se manter durante a pandemia, cerca de mil cinemas fecharam definitivamente.
A China tem o maior circuito de exibição do mundo, embora os números sejam incertos, com cerca de 60 mil salas espalhadas pelo país. E aí vem outro problema apontado pelos analistas, o crescimento vertiginoso de salas não foi acompanhado pelo crescimento de bilheteria, que seguiu os mesmos patamares durante os anos, ou seja, o número de arrecadação por sala vem caindo, o que também está implicando em prejuízos para os exibidores locais. Essas quedas vêm impulsionando o crescimento de grandes redes de exibição, que contam com capital para fazer aquisições e crescer sua presença no país.
O desafio, portanto, está em atrair o público, possivelmente investindo em experiências premium, isso também porque este público está com a atenção dividida no streaming, único mercado capaz de fazer sombra ao sucesso chinês neste momento.
França
Uma análise importante divulgada pela Comscore na semana passada, apontou para a tendência de crescimento na venda de ingressos nos cinemas da França desde a atual reabertura em maio.
Os números de junho, apontados pela Comscore, mostram um valor que se assemelha aos resultados do mesmo período de 2018 e 2019. Os cinemas reabriram em 19 de maio e, em um mês, a soma de ingressos vendidos chega a 8,5 milhões e vem aumentando semana após semana.
O crescimento se dá junto à flexibilização das medidas de segurança, os cinemas da região abriram com capacidade de 35% e em 9 junho chegaram a 65%. A meta é liberar para capacidade total agora no fim do mês. O toque de recolher também está mais leve, antes era às 21h, agora é para às 23h, o que aumenta uma sessão na programação dos fins de semana.
“A paixão e o amor pelo cinema sempre foram uma fonte de orgulho para os franceses e, à medida que mais unidades de cinema são inauguradas e grandes filmes estão aparecendo na tela, temos visto um aumento surpreendente no nível de ida ao cinema de clientes animados para aproveitarem, mais uma vez, a experiência da tela grande”, comentou Eric Marti, gerente geral para a França, Comscore.
A programação da França mantém sua diversidade de títulos locais, bem como os grandes lançamentos de Hollywood que estão entrando em cartaz desde maio.
América do Norte
A América do Norte apresentou excelentes números neste fim de semana e promete um verão recheado de fortes títulos e salas lotadas. Frente ao otimismo na indústria, alguns importantes blockbusters, que serão essenciais no futuro, começaram suas filmagens.
O primeiro deles foi Aquaman 2 (Warner), que deve estrear em 18 meses e guarda uma das melhores bilheterias da DC nos cinemas, com arrecadação global US$1,1 bilhão. Outro título que já entrou em produção foi John Wick 4 (Paris), sucesso comandando por Keanu Reeves.
A Netflix não está parada também, tanto a sequência de Entre Facas e Segredos, com Daniel Craig e elenco estrelado em tela, quanto o próximo título da Noah Baumbach também iniciaram as filmagens. São dois títulos com potencial de ganhar também lançamentos limitados, ou não, nos cinemas do mundo.
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