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19 Maio 2021 | Renata Vomero

"O cinema é a grande vitrine do nosso trabalho", reforça a produtora Tatiana Quintella

Com anos no mercado de cinema, a profissional é responsável pelo lançamento "Amigas de Sorte"

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(Foto: Exibidor)

Nesta segunda-feira (17) ficou disponível nas plataformas digitais brasileiras o longa Amigas de Sorte, protagonizado por Susana Vieira, Arlete Salles e Rosi Campos. O filme foi inicialmente programado para entrar em cartaz nos cinemas em 2020, mas teve o planejamento alterado por conta da pandemia.

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Quem cuidou da produção e produção executiva do filme foi Tatiana Quintella, fundadora da Popcon. O longa é protagonizado por grandes nomes da dramaturgia brasileira e traz um olhar que não estamos tão acostumados a ver, mostrando mulheres já na terceira idade sendo livres, leves e donas de si.

“Em certa ocasião, conversando com amigos, alguém comentou que não havia no cinema brasileiro filmes com protagonistas mais velhos, que pudessem homenagear os grandes atores que temos. Fiquei com isso na cabeça e em princípio, os protagonistas seriam do sexo masculino. O momento era o do empoderamento das mulheres e trazer o sexo feminino para o filme foi também oportuno, além da sorte de reunir essas três grandes atrizes que protagonizam Amigas de Sorte. Ao dar visibilidade para mulheres de terceira idade, nos sentimos homenageando toda uma geração que venceu preconceitos, viveu amizades, amores, família e trabalho. Elas sabem o que querem e valorizam o prazer e o humor”, comentou a produtora.

A mudança na estratégia do filme foi definida também pelas empresas envolvidas no projeto, que teve coprodução com a Globo Filmes e distribuição da Downtown. É o tipo de estratégia que acabou sendo adotada pela maior parte dos players do mercado durante este período, acelerando um modelo que estava em vias de ser implementado.

Ainda assim, com mais de 15 anos de mercado e responsável por sucessos do cinema, como O Homem do Futuro, Mulher Invisível e Serra Pelada, Tatiana Quintella continua acreditando na força do cinema como principal vitrine para o trabalho dos profissionais do audiovisual.

“Para o streaming, no Brasil, os produtores são o elo fraco da cadeia produtiva... Viramos apenas prestadores de serviços. Ele ganhou força, mas nada substitui o cinema, a imersão que ele proporciona em cada filme.  Considero que ambos os formatos podem caminhar juntos, mas o que um filme provoca numa sala escura é bem melhor que a TV de casa. O cinema é a grande vitrine do nosso trabalho”, comenta a profissional, que reforça também a necessidade de maiores incentivos e apoio a essa indústria, agora tão fragilizada não só por conta da pandemia, mas também por ações do governo e impasses na Ancine. “Precisamos sim de leis de incentivo, igual a muitos países que fomentam seu cinema. O cinema feito no Brasil é destaque em muitos festivais internacionais, gera cerca de 500 mil empregos e muitos impostos para o governo.  Não podemos deixar que apaguem a nossa história!”.

No momento, Tatiana está com dois projetos para o futuro: O Reencontro, dirigido por Rafael Primot, O Herdeiro, dirigido por Homero Olivetto. Ambos estão paralisados e justamente por conta desses dois pontos abordados acima.

O primeiro é relacionado à pandemia, já que as filmagens neste momento são desafiadoras, mesmo seguindo os protocolos sanitários, o que impõe maiores custos para as produções. O outro é com relação à Ancine, que ainda não liberou os recursos para todos os projetos contratados nos últimos meses.

“A Ancine estagnada, sem aprovar projetos novos, sem liberar dinheiro das produções, sem editais.... Difícil produzir assim. Muitas empresas não têm lucro para investir no artigo 1. Estamos vivendo um período muito caótico. Mas como sou otimista e não desisto, acredito que tudo isso deve passar”, finalizou a produtora.

Confira a entrevista completa:

"Amigas de Sorte" traz protagonistas femininas já na terceira idade, vivendo uma vida leve e com muito bom humor, como você sente a importância de trazer este retrato para as telas? 

Em certa ocasião, conversando com amigos, alguém comentou que não havia no cinema brasileiro filmes com protagonistas mais velhos, que pudessem homenagear os grandes atores que temos. Fiquei com isso na cabeça e em princípio, os protagonistas seriam do sexo masculino. O momento era o do empoderamento das mulheres e trazer o sexo feminino para o filme foi também oportuno, além da sorte de reunir essas três grandes atrizes que protagonizam Amigas de Sorte. Ao dar visibilidade para mulheres de terceira idade, nos sentimos homenageando toda uma geração que venceu preconceitos, viveu amizades, amores, família e trabalho. Elas sabem o que querem e valorizam o prazer e o humor.

O filme será lançado diretamente em VOD, como foi pensada esta estratégia?

Não considero uma estratégia. Os tempos atuais nos empurram por caminhos que não havíamos cogitado. O filme estava previsto para chegar às telas em 2020, mas devido à pandemia, primeiramente optamos por esperar uma data em que os cinemas já estivessem reabertos. Como a situação se agravou em todo o país e os cinemas permaneceram fechados por longo tempo, decidimos, juntamente com a distribuidora Dowtown e a Globo Filmes, lançar Amigas de Sorte em VOD.  O filme foi feito para ser exibido na telona, mas a Covid-19 mudou o futuro desse mercado.

Como produtora, quais estão sendo os desafios de produzir cinema neste momento de pandemia, e quais são suas perspectivas para depois que isto passar? 

Os desafios são muitos e os custos ficaram muito altos para se produzir um filme na pandemia. Controlar a equipe com testes frequentes, higienização do set a cada cena, alimentação, enfim, um custo que torna inviável a produção de um filme neste momento.  

Depois que isso passar tenho dois projetos: O Reencontro, que terá direção de Rafael Primot e O Herdeiro, que será dirigido por Homero Olivetto, o mesmo de Amigas de Sorte.

Nestes anos de mercado e com tantas grandes experiências que você vem acumulando, qual panorama você traça da produção audiovisual desde quando você começou a trabalhar na área até os dias atuais? 

Acho que a produção audiovisual brasileira é muito rica, diversificada, com filmes para todos os gostos e o que estamos vivendo nesse momento delicado, com um governo que desmerece a nossa cultura, coloca em risco tudo o que foi conquistado até agora. 

Precisamos sim de leis de incentivo, igual a muitos países que fomentam seu cinema. O cinema feito no Brasil é destaque em muitos festivais internacionais, gera cerca de 500 mil empregos e muitos impostos para o governo.  Não podemos deixar que apaguem a nossa história!

O streaming está cada vez mais consolidado, como isso vem impactando o trabalho dos produtores?

Para o streaming, no Brasil, os produtores são o elo fraco da cadeia produtiva... Viramos apenas prestadores de serviços. Ele ganhou força, mas nada substitui o cinema, a imersão que ele proporciona em cada filme.  Considero que ambos os formatos podem caminhar juntos, mas o que um filme provoca numa sala escura é bem melhor que a TV de casa. O cinema é a grande vitrine do nosso trabalho.

Você já está com dois projetos encaminhados, como está sendo o planejamento e desenvolvimento de ambos? 

Os dois projetos mencionados acima estão parados. A Ancine estagnada, sem aprovar projetos novos, sem liberar dinheiro das produções, sem editais.... Difícil produzir assim. Muitas empresas não têm lucro para investir no artigo 1. Estamos vivendo um período muito caótico. Mas como sou otimista e não desisto, acredito que tudo isso deve passar.

 

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