05 Abril 2021 | Renata Vomero
Documentário sobre Chorão se aprofunda nas dualidades do artista
"Chorão: Marginal Alado" estreia nesta semana nos cinemas e nas plataformas digitais
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Um dos grandes ícones do rock nacional, Chorão, líder da banda Charlie Brown Jr., tem sua trajetória aprofundada no documentário Chorão: Marginal Alado (O2 Play), que chega aos cinemas abertos e nas plataformas digitais nesta semana, dia 8 de abril.
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O filme foi produzido pela Bravura e chega ao público pelas mãos da 02 Play. A direção é de Felipe Novaes, que sentiu essa vontade de contar a história do Chorão desde muito cedo, já entendendo toda a complexidade que envolvia a figura do artista, mas que começou a dar corpo ao projeto depois da morte de Chorão, em 2013, por decorrência de uma overdose.
Um crowdfunding foi aberto para juntar recursos para fazer o documentário, a princípio para recolher materiais em vídeo e fazer entrevistas. Com os valores captados, Novaes conseguiu dar início ao filme, que logo em seguida ganharia novas parcerias para se tornar o longa-metragem que está sendo lançado agora, premiado na Mostra de Cinema de São Paulo e também exibido no Festival do Rio, tudo isso em 2019.
O filme, com cerca de 80 minutos, reúne imagens de arquivo pessoal da família do Chorão, vídeos do YouTube, arquivos de televisão e, talvez, o mais importante, entrevistas de pessoas que viviam próximas ao artista, incluindo membros do Charlie Brown Jr., família, profissionais do meio e, inclusive, uma entrevista de Champignon, dada a Novaes sete dias antes de cometer suicídio, também em 2013.
“A linha é muito tênue entre ser sensacionalista ou dramático demais, queríamos que aquelas mortes fossem um fio condutor, mas ao mesmo tempo como você está falando de algo que já aconteceu e todo mundo já sabe, você precisa encontrar algo a mais para trazer para a conversa. É usar disso como oportunidade para falar sobre todos esses assuntos que surgiram, como o sucesso, a fama, saúde mental, uso de drogas, etc. Conversamos muito sobre como abordar isso de forma honrada, cautelosa e respeitosa”, comentou o diretor na coletiva de imprensa realizada em formato online nesta segunda-feira (5).
Talvez a maior preocupação da equipe e, aí, envolvendo também os produtores Hugo Prata e Fábio Zavala, era a de mostrar toda a complexidade de Chorão, uma figura que se tornou conhecida por sua personalidade intensa e que costumava se envolver em polêmicas. No entanto, tinha toda uma sensibilidade e um lado muito benevolente e generoso.
“A gente tinha um personagem muito controverso e isso é sempre muito rico para a dramaturgia, a dualidade do herói, a jornada do herói. O Chorão nos ofereceu isso, ele tem um arco dramático muito rico, de superação, de conflitos e de polêmicas”, explicou Hugo Prata, que também trabalhou ao lado de Felipe na montagem do filme.
Foram mais de 1200 horas de imagens que tiveram que ser filtradas para aparecer no filme. Por conta disso, a equipe optou por trazer temas centrais que deveriam ser tocados, sem se preocupar tanto com uma cronologia ou trazer respostas ao público. As principais questões levantadas foram seu crescimento profissional, seu talento, a dualidade de sua personalidade, seu auge e depois seu declínio com o abuso de drogas.
“Ficou muito claro o quanto ele lidava com questões pessoais e as polêmicas que ele se envolvia também mexiam com ele, também deixavam ele para baixo. Naturalmente pesquisando, a gente percebeu que esse era o caminho, que ele enfrentava questões e que por ser uma pessoa muito intensa e famosa tinha dificuldade de lidar com essa massa de sentimentos. Ele cresceu na época dele, cresceu no rock e às vezes tinha essa dificuldade de lidar com esses sentimentos que todos nós temos”, explicou Novaes.
O documentário estava programado para estrear há um ano, mas com a pandemia os planos foram modificados. Agora, a produção entrará em cartaz nos cinemas abertos do Brasil, ao mesmo tempo que ficará disponível para aluguel nas plataformas digitais.
Por conta disso, a O2 Play, distribuidora do filme, vê nas redes sociais a chance de reunir os fãs da banda, que, infelizmente, não poderão, em boa parte, ter a experiência de assistir ao filme em conjunto nos cinemas.
“Sempre que alguém assiste ao filme, novas histórias vão sendo acrescentadas, a gente vivenciou isso na Mostra de São Paulo. Tudo isso é muito forte e essa é uma das coisas mais legais para o distribuidor, poder contribuir com a campanha, em ajudar a chegar no público. Foi o fã que deu o start do filme, e agora vamos entregar a eles. O que mais me chateia é que o filme não vai chegar a muitas salas, então não terá muito esse encontro deles nos cinemas. Mas queremos levar isso para o digital, fazer essa campanha e expandir isso do coletivo para o digital”, explicou Igor Kupstas, diretor da O2 Play.
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