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18 Março 2021 | Renata Vomero

Para fundador da Moonshot, investimento em produções locais é fundamental para o setor

Roberto d'Avila falou sobre suas expectativas para o mercado em 2021

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(Foto: Exibidor)

Apesar de já fazer um ano da pandemia, as incertezas que cercam o mercado ainda estão pairando sobre os players da área. Mesmo sem o fator surpresa, o momento ainda pede cautela, aprendizado e adaptação, já que ainda não estamos tão perto assim de uma normalidade e ela pode ser bastante diferente da que conhecíamos.

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É com este sentimento que a Moonshot Pictures começou 2021: sabendo que os desafios estão postos e que devem continuar por um tempo. Essa sabedoria vem dos quase 20 anos no mercado, produzindo para o cinema, televisão e streaming, com destaque para Última Parada 174, Sessão de Terapia e Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz.

Nos preparamos apoiando nossos colaboradores mais próximos e aprofundando estudo e desenvolvimento. Continuamos em intenso diálogo com nossos parceiros de mercado”, ressalta Roberto d’Avila, diretor e fundador da produtora.

As questões como o que produzir e o que o público deve querer consumir quando tudo isso passar também são incógnitas para o produtor, que acredita que haverá quem prefira histórias mais escapistas e quem prefira se envolver mais na temática da pandemia.

A resposta em aberto talvez nos force a olhar por um outro caminho, de que frente a tanta concorrência de streaming, agora aliados aos grandes conglomerados de mídia, o caminho de sucesso para reter o público seja justamente no investimento nas produções locais, sejam elas da temática que forem, dada a diversidade de gostos do público.

“A parte mais auspiciosa é que a competição pelo mind share do público pede produtos mais potentes e originais que falem diretamente com eles, ou seja, há um consenso que a produção local é chave para atrair e reter os assinantes que se pretende, dentro de uma oferta de serviços cada vez mais ampla e a disposição dos clientes de manter poucos serviços de streaming como assinante permanente”, comenta o produtor.

Roberto d’Avila conversou com o Portal Exibidor sobre as expectativas para o mercado em 2021 e para o futuro. A entrevista faz parte nossa série especial de reportagens com alguns dos principais nomes do mercado brasileiro.

Confira a entrevista na íntegra:

Quais são as expectativas para o mercado de cinema em 2021?

Temos muita produção ainda represada que deveria ter sido realizada o ano passado e ficou esperando.

As perspectivas daí pra frente são bastante incertas em função da semi-paralisia dos mecanismos de financiamento.

Em se falando de produção de cinema, também fico bastante em dúvida numa pergunta como essa se está, a se falar também, do cinema produzido diretamente para o streaming ou não.

Não creio que os filmes produzidos diretamente para o streaming substituam os produzidos para as salas, nem em volume, nem em perfil.

Os próximos tempos serão de grande aprendizado e ajuste.

 

2020 foi um ano que pegou todo o mercado de surpresa, como vocês se prepararam e estão se preparando para este ano?

Nos preparamos apoiando nossos colaboradores mais próximos e aprofundando estudo e desenvolvimento.

Continuamos em intenso diálogo com nossos parceiros de mercado.

 

Quais tipos de histórias você acha que as pessoas terão mais vontade de assistir depois da pandemia?

O bom do entretenimento é que ele é diverso, como o público.

Então eu não creio que haverá um tipo ou um gênero prioritário que a audiência demandará.

Conheço muita gente que não aguenta mais o assunto da pandemia, esses podem querer histórias mais escapistas, outros estão profundamente sensibilizados pelo assunto e tudo o que for mais próximo de histórias reais também terá lugar.

No fundo, acredito que a pandemia afeta mais a maneira de consumir o audiovisual do que o tipo de histórias e gêneros procurados.

Deixo para o jornalismo satisfazer a avidez pelo assunto em si.

 

Como tem sido a experiência de retomar as filmagens em meio a todos os protocolos de segurança?

Chato, apenas chato.

Muitos, muitos mais cuidados e complexidades e riscos somados à nossa já complexa e arriscada atividade.

Mas vamos conviver com novos protocolos sanitários e de segurança por muito tempo ainda.

 

O streaming está cada vez mais consolidado, como isso impacta o trabalho dos produtores?

Há aumento de demanda por um lado e concentração por outro.

Os próprios players internacionais estão se consolidando em grandes conglomerados e as decisões de produção passam a convergir para hubs com foco de alavancar as novas plataformas.

Até agora, numa grande companhia internacional, você tinha uma porta pra falar de cinema, outra pra falar de pay TV no mercado doméstico, outras para as diversas regiões do mercado internacional, etc.

A parte mais auspiciosa é que a competição pelo mind share do público pede produtos mais potentes e originais que falem diretamente com eles, ou seja, há um consenso que a produção local é chave para atrair e reter os assinantes que se pretende, dentro de uma oferta de serviços cada vez mais ampla e a disposição dos clientes de manter poucos serviços de streaming como assinante permanente.

 

Quais são seus palpites sobre como será o futuro do cinema?

Mais diverso, porém mais competitivo. Os streamings estão quebrando o tabu de se assistir filmes de outras línguas e culturas fora do mainstream americano, no entanto, pouquíssimas produções de cada região viajam globalmente.

Portanto acredito que o foco ainda maior nos mercados domésticos são chave para a sobrevivência de longo prazo, mas as chances dos bons filmes viajarem, crescem pouco a pouco.

Clique abaixo para ver ampliado:

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