12 Março 2021 | Renata Vomero
Hollywood perde em torno de US$10 bilhões anuais por falta de diversidade racial
Pesquisa analisou participação de profissionais negros em toda a indústria
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A empresa de consultoria norte-americana, McKinsey & Co, fez uma análise de mais de seis meses para se aprofundar sobre a participação de profissionais negros em toda a indústria de Hollywood.
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Para isso, os analistas fizeram tanto uma pesquisa qualitativa, em que entrevistaram mais de 50 profissionais negros e não-negros do mercado; e quantitativa com base em estudos e análises da UCLA, Nielsen, USC Annenberg Inclusion Initiative, além das reportagens produzidas pela imprensa estadunidense.
Desta forma, o estudo chegou a algumas conclusões importantes, a primeira delas é com base em projeções futuras para empresas que trabalhem pela inclusão racial em toda sua cadeia de trabalho. Sendo assim, a análise concluiu que dos US$148 bilhões arrecadados em média pela indústria por ano, US$10 bilhões são perdidos por conta da desigualdade. As informações são do The Hollywood Reporter e do Deadline.
E aí entra outra questão levantada pela análise, um tanto óbvia ainda, infelizmente, mas que precisa ser apresentada em termos numéricos. Apesar de vermos um crescimento e uma alta movimentação em busca de igualdade racial nas telas e por trás delas, esse cenário ainda está longe do ideal.
A indústria de entretenimento ainda é uma das mais dominadas por lideranças brancas, que representam 92% delas. Esse número se coloca acima da saúde, tecnologia e indústria pesada e tem mais: as projeções econômicas dos Estados Unidos apontam que fazer crescer o poder aquisitivo da população negra pode levar a um aumento de cerca de 4% a 6% do PIB do país.
Observando toda a linha de produção da indústria, desde as descobertas do talentos, até o marketing, o estudo aponta mais barreiras aos profissionais negros, o que, obviamente, prejudica sua inclusão e presença nas diversas instâncias do mercado. O estudo apontou que as produções realizadas por negros enfrentam esforço menor de marketing, com menores gastos, além de uma limitação a histórias cheias de estereótipos, enfrentando, ainda, orçamento mais baixo para serem produzidos.
Filmes dirigidos por negros recebem orçamentos 24% menores do que seus colegas brancos para fazerem um filme. Essa discrepância é ainda maior quando a equipe conta com, além da direção, com roteiristas, produtores e outros talentos negros, ficando a diminuição em 42%.
Ou seja, é uma corrida que já começa com a largada queimada. Para os analistas da consultoria, todas essas barreiras geram uma espécie de “imposto” adicional a estes profissionais, que sentem a necessidade de fazer mais para conquistar mais espaço e gastam mais tempo e energia para lidar com situações que seus colegas brancos não precisam lidar. Tudo isso os deixa sob efeito de um esgotamento emocional, entre tantos outros desdobramentos. Com isso, há maior rotatividade na indústria, além de efeito direto no desempenho desses profissionais no trabalho.
Com esses resultados em mãos, a equipe responsável pelo estudo chega a algumas sugestões de soluções para que essa desigualdade seja resolvida: a primeira delas é a união de todos os elos do setor em busca dessa igualdade. Outra medida é que as empresas-chave se comprometam abertamente pela inclusão de negros em seus quadros de funcionários, em todos os níveis de hierarquia.
Além disso, os analistas provocam os figurões da indústria (aqueles 92% de brancos que estão na liderança) que tendem a ser mais resistentes a mudanças, sugerindo que eles sejam bonificados caso apresentem bons resultados em termos de igualdade racial em suas empresas, o que faz sentido, já que o estudo comprova que há maior lucro na indústria com o aumento da igualdade racial.
Por fim, a consultoria recomenda a criação de uma coalizão independente que reúna profissionais a fim de regular, analisar e promover mudanças efetivas em toda a indústria de Hollywood.
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