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10 Abril 2014 | Redação

Como será a relação da SP Cine com o exibidor

Portal Exibidor mostra como empresa se relacionará com os cinemas

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Fernando Haddad assina a criação da SP Cine, no final do ano passado (Foto: Fernando Pereira / SECOM)

No final do ano passado, o prefeito Fernando Haddad em parceria com o governo do estado de São Paulo anunciou a criação da SP Cine, empresa que terá o papel de fomentar o desenvolvimento da atividade cinematográfica audiovisual na cidade e no estado paulista. 

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“Aqui [São Paulo] nós temos o maior número de produtoras, canais, infraestrutura, mas, nos últimos anos, São Paulo vem perdendo espaço no Brasil. Temos uma relação que não é proporcional a importância cultural, econômica da cidade. A criação da SP Cine é importante porque visa exatamente criar condições para que São Paulo facilite as filmagens, a distribuição e a exibição”, explicou Alfredo Manevy, secretário-adjunto da Cultura da cidade de São Paulo, em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor

Alfredo explica que a SP Cine também apoiará os exibidores e que um dos principais focos da nova empresa é fortalecer os cinemas de rua na cidade, que hoje estão limitados a uma pequena parcela do mercado. 

“Conseguimos equacionar o Belas Artes através de patrocínio privado e a prefeitura entende que fortalecer o circuito de cinema de rua é importante. Ficamos praticamente um ano nas negociações para viabilizar o patrocínio do Belas Artes e queremos que seja um precedente para fortalecer e criar uma política para cinema de rua. Queremos ampliar e recuperar cinemas de São Paulo, na Cinelândia, no Centro expandido e na periferia”, explicou.

Marcelo Mattos Araújo, Secretário de Estado da cultura, concorda que o aumento do parque exibidor é fundamental para o projeto da SP Cine, que se propõe a trabalhar todo o ciclo da produção cinematográfica. 

“Atualmente, 500 municípios paulistas não têm salas comerciais de cinema. Ou seja, pra muita gente, assistir a um filme na tela grande não é um programa tão simples assim. Por isso, estamos ampliando um programa iniciado em 2011 e que promove a distribuição de kits de projeção digital para cidades sem salas de exibição. Já distribuímos 140 kits e vamos distribuir mais 150 este ano. A cidade se compromete a manter um espaço para exibição gratuita de filmes e tem a possibilidade de aderir aos Pontos MIS – um programa também do Governo, por meio do qual o Museu da Imagem e do Som apoia as prefeituras participantes montando programas e oferecendo atividades associadas, como palestras, oficinas de cinema, dentre outras”, finalizou Araújo.

A empresa terá gestão compartilhada da prefeitura e do governo do estado e, por conta disso, cada uma está colocando R$ 25 milhões de capital social e investimento na empresa no primeiro ano. O responsável pela nova empresa ainda não foi definido, mas a expectativa é que em breve um nome seja apontado para coordenar as ações da SP Cine

Confira o bate-bola com Alfredo Manevy. 

Entrevista SP Cine

Como funciona a SP Cine?

A SP Cine vai criar incentivos  para atrair filmagens do Brasil e do Mundo, no estilo de co-produção. Atualmente é muito difícil filmar em São Paulo, existe uma parte muito burocrática, tem uma série de licenças demandadas que são labirintos e a gente perde um enorme potencial. Será o papel da empresa facilitar as filmagens, pois ela investirá no desenvolvimento. 

Acredita que há poucas salas em São Paulo?

O circuito exibidor não é suficiente, ele é insuficiente pro tamanho da demanda. O cinema brasileiro tem ainda uma proporção pequena no conjunto do mercado. Nos bons momentos, os filmes brasileiros conseguem passar dos 20% do market share e isso é pouco. É preciso ampliar, atuar como co-distribuidora em parceria com as distribuidoras privadas, que se desenvolveram nos últimos anos e se especializaram no cinema brasileiro, atuando e investido no cinema nacional. O papel da SP Cine é atuar no sentido de facilitar a comercialização e a melhor colocação do conteúdo audiovisual paulista e brasileiro no mercado de cinema e também atuar em outras áreas, TV por assinatura, no mercado emergente, modelos de negócios de conteúdo audiovisual. 

Como será a distribuição?  

A empresa vai desenvolver mecanismos de incentivo e fortalecimento da comercialização dos filmes brasileiros e paulistas e do mercado de São Paulo, que é o maior mercado do Brasil. Então a tarefa da empresa é constituir mecanismos de estímulo que vão fortalecer o investimento na etapa da distribuição. Ela vai atuar com distribuidoras que investem em filmes brasileiros e obviamente vai fortalecer essa distribuição, além de criar melhores condições para que os filmes sejam colocados no mercado. Sabemos que o mercado é altamente competitivo, é pequeno para o nível da demanda, mas temos certeza de que se houver um investimento maior na etapa em que os filmes se tornam conhecidos e estão buscando seu espaço, isso vai ajudar. 

Como será a relação com o exibidor de rua e nos shoppings? 

Já pegamos o Artpalazzo (cinema de rua), que está desapropriado, e tem outros cinemas de rua no Centro de São Paulo que podem ser reformados e com um pequeno apoio da prefeitura podem voltar à ativa. No caso da expansão do cinema de shopping, a gente vem vendo em São Paulo a multiplicação de salas nesse modelo, Porém, este é um outro perfil de sala, que tem objetivo predominantemente comercial, que cumpre seu papel. É fundamental ampliar o número de salas, sobre elas incide a cota de tela e outros mecanismos, mas não há no nosso horizonte investir em salas de shopping, porque entendemos que esse tipo de investimento não precisa de recurso público. O que existe é criar incentivos e mecanismos de subsídios para o retorno dos cinemas de rua, tanto no centro histórico da cidade de São Paulo, quanto na periferia e em bairros que não tem sala de cinema.

E o circuito de cinema alternativo?

Essa é outra frente que a prefeitura pretende abrir. É a criação de circuitos com salas de cinema da prefeitura e salas de cinema do governo do estado. Nosso cálculo é que tenhamos mais de 50 salas com projetores e possibilidade de criar um circuito alternativo, juntando as salas da prefeitura e do governo do Estado.

Juntando as que a gente já tem, bibliotecas, centro cultural São Paulo, Centro Cultural Cidade Tiradentes, Galeria Olido, equipamentos da prefeitura e do governo do estado, fizemos um cálculo, só para se ter uma ideia, de que teríamos mais de 120 mil assentos por dia, somando tudo. Criar um circuito de democratização e complementar o circuito é importante também no sentido de viabilizar uma programação diversificada e permitir que os filmes culturais e artísticos tenham espaço, que tenha tela em São Paulo.

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