11 Março 2021 | Renata Vomero
Estratégia personalizada por filme é caminho proposto pela Elo Company para o mercado
Distribuidora unificou setor de lançamentos na pandemia
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Se tem uma mudança que a pandemia causou no mercado cinematográfico foi a aceleração e a antecipação do que se esperava para o futuro, mas um futuro um pouco mais distante.
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Com os desafios de ver os cinemas fechados e os lançamentos represados chegou o momento dos players encararem as discussões que há um tempo circulavam a indústria, uma delas é o encurtamento das janelas, agora escancaradas.
Foi exatamente o que a Elo Company fez. Não só encarou o encurtamento das janelas, mas se debruçou para entender a melhor maneira de lançar filmes neste novo cenário, um cenário que talvez jamais voltasse a ser o que era antes.
Então, a distribuidora decidiu unificar o departamento de lançamentos, tendo em vista trabalhar cada título individualmente, de forma personalizada. Entra aí todo um estudo de público, audiência, plataformas, marketing, mas que deve fazer a diferença lá do outro lado da linha.
“Pensar de maneira estratégica e personalizada em relação ao streaming é algo que ficará para o futuro. Cada filme é único e por isso merece ser trabalhado no cinema e nas plataformas de uma maneira que corresponde com o comportamento de consumo das audiências com quem ele pretende dialogar”, explica Marina Tarabay, Gerente de Marketing da Elo Company.
Desta forma, a companhia lançou A Ponte de Bambu em janeiro e tem planejado ainda para o primeiro semestre de 2021, o lançamento dos longas O Silêncio da Chuva, Cravos, Meu Querido Supermercado, Helen, Frei Damião e Doutor Gama. O segundo semestre conta com o aguardado Medida Provisória, estreia de Lázaro Ramos na direção, Almost in love e Lamaçal.
“Nossa prioridade é seguir realizando os lançamentos planejados e continuar disponibilizando os filmes de forma segura para as pessoas. As salas de cinema precisam de filmes que atraiam as pessoas e acreditamos que a diversidade de títulos é o melhor caminho para dialogar com as diferentes audiências”, ressalta a executiva.
Marina também enfatiza o que muitos dos nossos entrevistados vêm garantindo: apesar das mudanças, o cinema não vai acabar. É uma certeza que o mercado tem, apesar da situação assustadora do momento.
“Mas em meio a muitas mudanças, é preciso enxergar também o que permanece, como a experiência de assistir a um filme na tela grande em uma sala de cinema, algo que mesmo com tantas adaptações, segue sendo única, insubstituível e fundamental”,
Marina é uma das nossas entrevistadas no especial Perspectivas 2021, que trouxe diversos nomes do setor para falarem sobre sua visão e expectativas para o mercado no ano.
Confira a entrevista na íntegra:
Quais são as expectativas para o mercado de cinema em 2021?
É difícil fazer qualquer previsão, mas acreditamos que 2020 nos preparou para os desafios deste ano. Para 2021, temos 11 títulos, entre eles O Silêncio da Chuva, dirigido por Daniel Filho e protagonizado por Lázaro Ramos, inspirado no livro homônimo de Luiz Alfredo Garcia Roza, publicado em nove países.
Outro destaque é Medida Provisória, primeiro filme dirigido por Lázaro Ramos e com Alfred Enoch, Taís Araújo, Seu Jorge, Adriana Esteves e Emicida no elenco. O filme tem potencial para ser visto por amplas audiências e trabalharemos com estratégias de distribuição de impacto para o filme.
Neste primeiro semestre estão programadas as estreias de O Silêncio da Chuva, Cravos, Meu Querido Supermercado, Helen, Frei Damião e Doutor Gama. O segundo semestre começa com o lançamento de Medida Provisória e segue para as estreias de Almost in love e Lamaçal..
Nossa prioridade é seguir realizando os lançamentos planejados e continuar disponibilizando os filmes de forma segura para as pessoas. As salas de cinema precisam de filmes que atraiam as pessoas e acreditamos que a diversidade de títulos é o melhor caminho para dialogar com as diferentes audiências.
2020 foi um ano que pegou todo o mercado de surpresa, como vocês se prepararam e estão se preparando para este ano?
Os aprendizados que 2020 deixou são valiosos. Em meio a todos os desafios, fizemos 10 estreias, lançamos o primeiro filme com produção própria da Elo - o documentário A Verdade da Mentira e passamos a desenvolver estratégias de janela personalizadas para cada título, o que nos trouxe excelentes resultados.
Atrás da Sombra e A Verdade da Mentira estrearam diretamente no digital com forte divulgação por meio de eventos online. Aos Olhos de Ernesto, premiado na Mostra Internacional de São Paulo, em 2019, estreou no mesmo dia em drive-ins, cinemas e nas plataformas, num lançamento em parceria com o Canal Brasil.
Verlust e Mulher Oceano aproveitaram a participação na Mostra e estrearam pouco tempo depois em cinemas com uma janela curta de duas semanas para entrarem nas plataformas digitais.
Já Boca de Ouro, dirigido por Daniel Filho, estreou nos cinemas em 21 salas em 11 cidades, com uma programação que mesclou exibidores comerciais e alternativos. A estratégia de janela trabalhou com 45 dias para a entrada nas plataformas.
Nossa prioridade é realizar os lançamentos pelos caminhos possíveis. Acreditamos que o planejamento é o que nos prepara para realizar alterações estratégicas que sejam necessárias. Por isso, já posicionamos as datas para todos os filmes e seguimos trabalhando forte no desenvolvimento estratégico de cada título, de maneira bem personalizada na comunicação, programação e janelas.
Além disso, também estamos expandindo a atuação da produtora e do Selo Elas. Temos trabalhado intensamente com design de audiência, pensando a distribuição já nos estágios iniciais dos nossos projetos.
Quais mudanças vocês enxergam no mercado a partir deste momento crucial?
As mudanças já vinham acontecendo desde antes da pandemia, a discussão das janelas, do streaming e das salas de cinema é anterior a tudo isso. A pandemia e suas consequências aceleraram os debates e as mudanças.
A pandemia gerou grande visibilidade às plataformas e com isso pensar as janelas após cinema ganhou maior importância na estratégia de lançamento dos filmes. Apesar do aumento significativo da audiência por meio do streaming, ainda é um mercado não regulado, e há muito para se descobrir em relação ao comportamento de consumo das pessoas dos filmes nos diferentes modelos de VOD.
O uso de novas plataformas, como o Eyelet, primeira plataforma de licenciamento de streaming global que trabalha com o conceito de codistribuição em seu modelo de negócios, também ajudam a enxergar maneiras diferentes de dialogar com as audiências.
Mas em meio a muitas mudanças, é preciso enxergar também o que permanece, como a experiência de assistir a um filme na tela grande em uma sala de cinema, algo que mesmo com tantas adaptações, segue sendo única, insubstituível e fundamental.
Quais são seus palpites sobre como será o futuro do cinema e do mercado com relação ao streaming e à janela de exibição entre o cinema e o digital?
Não é a primeira vez que nos perguntamos se uma nova tecnologia irá substituir uma antiga. Desta forma, por mais que a pandemia certamente interfira no debate sobre como o streaming afeta as salas de cinema, é importante separar o que é algo momentâneo do que é de fato uma mudança de mindset, uma ruptura permanente.
Pensar de maneira estratégica e personalizada em relação ao streaming é algo que ficará para o futuro. Cada filme é único e por isso merece ser trabalhado no cinema e nas plataformas de uma maneira que corresponde com o comportamento de consumo das audiências com quem ele pretende dialogar.
E quais são seus palpites sobre como será o futuro do mercado de distribuição?
Acredito que distribuição é impacto, e o objetivo das distribuidoras é encontrar os melhores caminhos para circular com os conteúdos e alcançar as audiências. As mudanças recentes trouxeram novas possibilidades para se atingir esse objetivo.
A oportunidade de analisar um filme para definir qual a maneira ideal de disponibilizá-lo em cinemas e plataformas de acordo com o perfil dele e do público é muito positiva. Poder atender ao público de acordo com as tendências de comportamento de consumo é de fato fundamental, acredito que o futuro está em analisar como as pessoas irão consumir os conteúdos e de que maneira as distribuidoras vão interpretar as tendências.
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