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24 Fevereiro 2021 | Renata Vomero

"Depois a Louca Sou Eu" gera identificação entre protagonista e público

Adaptação de livro homônimo de Tati Bernardi entra em cartaz quinta-feira (25)

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(Foto: Downtown/Paris)

Quem conhece o trabalho de Tati Bernardi, seja escrevendo para a Folha de S. Paulo, seja em seus livros ou roteiros, sabe o quanto seu texto tem humor, acidez, personalidade e altas doses de autodepreciação.

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Quando seu livro Depois a Louca Sou Eu foi lançado, em 2016, o mercado literário se rendeu aos encantos da escritora que se expôs ali para mostrar sua relação com suas crises de ansiedade e sua saúde mental. Agora, o livro virou filme e estreia nesta semana nos cinemas nas mãos de Júlia Rezende, produzido por Mariza Leão e protagonizado por Débora Falabella. Depois a Louca Sou Eu é de distribuição da Paris Filmes e Downtown.

Transformar o texto intenso e rápido foi um grande desafio e, para isso, foi criada a personagem Dani, dando oportunidade para Débora se distanciar da figura de Tati, além do uso de diversos recursos cinematográficos que pudessem dar dinamismo e trazer realidade para aquelas situações. Recursos estes como narração em off, flashbacks, montagens rápidas, cores e câmera subjetiva.

“Produzir este filme me deixou muito ansiosa, a Débora tinha 75 trocas de roupa, o filme tem 70 locações. Às vezes 15 segundos na tela exigia uma grande produção. A quantidade de flashes que têm de coisas da cabeça da personagem, para traduzir isso tínhamos que montar um set, produzir tudo, para pouquíssimos segundos. Esse filme deflagrou uma ansiedade em mim fora da curva”, brincou Mariza Leão, produtora do filme na coletiva de imprensa concedida em formato virtual, que contou com a presença também de Júlia Rezende e dos atores Débora Falabella, Gustavo Vaz e Yara de Novaes.

Falando sobre ansiedade, a história mostra uma mulher que se vê frente a suas crises de pânico e ansiedade, mas vivendo sua vida da forma mais natural possível. Por conta disso, a equipe do filme acredita que a produção chega em um momento nos cinemas em que gerará uma identificação imediata do público.

“A gente deseja muito que o filme chegue no público, porque vai comunicar com muita gente. Claro que a gente gostaria que a situação estivesse melhor, estivéssemos mais seguros. Diante das circunstâncias, está sendo muito especial que o filme está indo para o circuito agora, é um assunto que está em pauta, está todo mundo querendo falar de saúde mental. Ao mesmo tempo que é uma personagem feminina muito forte, com muita liberdade, são assuntos que estão muito em voga ao longo da pandemia. Vai ser muito interessante quando o público puder assistir e pudermos levantar essas discussões”, ressaltou a diretora.

Essa é uma questão importante levantada, pois o filme aborda todas essas questões de forma natural e leve, fazendo um humor de situação, misturado com drama. Não é uma história que tem como foco falar sobre saúde mental, tampouco é uma comédia romântica. São situações cotidianas vividas por qualquer mulher contemporânea: questões relacionadas a carreira, relacionamentos e, acima de tudo, relação com a mãe, condutor narrativo do filme.

Neste sentido, a história se parece e muito com alguns hits dos últimos anos que destacam a voz autoral de grandes roteiristas e escritoras na televisão, caso de Girls, da HBO e escrito Lena Dunham, e Fleabag, do Amazon Prime e escrito por Phoebe Waller-Bridge.

É um filme nacional, com maior parte da equipe sendo feminina e dando voz a tantas mulheres que também devem se identificar com as situações ali retratadas.

“Acho lindo o filme não ter como um dos motes principais a relação com um homem, a história principal é a dela com a mãe, como a mãe contribuiu com o crescimento da filha. Duas mulheres tentando se relacionar, é muito bonito esse lugar, muito sensível. Foi dirigido por uma mulher, metade da equipe é feminina. É retratado e contado por mulheres, para mim é algo particularmente novo e o cinema precisa de mais histórias como estas, contadas de novos pontos de vista”, comentou Débora Falabella em entrevista ao Portal Exibidor.

Além de tudo, é um filme nacional chegando aos cinemas em dos momentos mais delicados para a indústria, em que diversas salas estão fechadas e os blockbusters estão com as datas programadas para o segundo semestre do ano. É a chance de os exibidores trabalharem o lançamento que tem todos os ingredientes para movimentar o circuito brasileiro.

“É muito bom a gente chegar nas salas nesse momento, com um filme com esse tema e esse rigor artístico e técnico. O cinema brasileiro é tão potente, visceral, me importa muito estar neste momento dizendo como se fosse um abraço, tanto ao público, quanto à imprensa e aos exibidores, que sim, nós seguiremos, estamos juntos e estaremos sempre juntos. A sala de cinema sempre será o templo de se assistir a uma obra principalmente quando ela trabalha elementos artísticos, tem rigor em tudo, muito relevante”, exaltou Mariza Leão.

Seu comentário foi complementado por Débora Falabella em entrevista à Exibidor, ressaltando o quanto é importante estar falando sobre o cinema neste momento, porque “filmes são produzidos no Brasil, são lançados, mesmo diante do nosso cenário e da situação política que tanto dificulta. Então, é importante essa estreia também para falarmos sobre o cinema brasileiro”.

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