02 Fevereiro 2021 | Renata Vomero

Biblioteca com foco em cinema é aberta no Rio de Janeiro com proposta colaborativa

“Para pensar o cinema de uma forma mais profunda, não só como um divertimento”, diz idealizador do projeto

A cidade do Rio de Janeiro ganhará nesta semana uma biblioteca voltada exclusivamente para cinema, com livros, revistas, catálogos e cartazes sobre o tema. O espaço se chama Marialva Monteiro e fica nas Casas Casadas, em Laranjeiras. Mas além disso, a inauguração, que acontece no dia 4 de fevereiro, é parte de um projeto que consolida um centro de estudo da Cavídeo, idealizada pelo produtor e, acima de tudo cinéfilo, Cavi Borges.

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“A biblioteca é um prolongamento natural da nossa paixão por fazer filme, pensar filme, debater filme, uma coisa bem do viciado em filme, do cinéfilo. E acho que é um bom complemento, agora mais do que nunca a Cavídeo tem esse espaço de estudo sobre o cinema, para a gente pensar o cinema de uma forma mais profunda, não só como um divertimento, como uma reflexão do mundo e do próprio estilo de vida”, comenta Borges.

E para compreender melhor tudo isso o que ele está dizendo, é preciso voltar um pouco no tempo, mais precisamente para 1996, quando Cavi se preparava para lutar judô nas Olimpíadas de Atlanta. O carioca se machucou e acabou ficando de fora do mundial, então, pensou em montar uma locadora apenas com filmes de luta, acontece que o espaço escolhido era muito frequentado por artistas, diretores de cinema, atores e estudantes da sétima arte. Foi aí que ele teve a ideia de criar a locadora com filmes de arte, mesmo sem conhecer muito daquele mundo, algo que ele passou a aprender no dia a dia, com os próprios clientes. Nascia, então, a Cavídeo.

Em 2000, agora nas Olimpíadas de Sidney, a história se repetiu e aí Cavi mergulhou de vez no cinema. Criou um cineclube ao lado da locadora, o espaço passou a atrair amantes de cinema da cidade toda, ali aconteciam eventos, debates, palestras e mostras e a Cavídeo ficou muito conhecida. Em 2005, veio a vontade de produzir, então, a Cavídeo se tornou além desse espaço, uma produtora de filmes e distribuidora, com formato colaborativo e trabalhando em cima de orçamentos apertados.

Com as mudanças no mercado de cinema, veio a vontade de ampliar as frentes que a Cavídeo atuava e consolidar este espaço cultural, de estudo de cinema e, acima de tudo, de troca. Então, após 23 anos no bairro Humaitá, o espaço se mudou para as Casas Casadas, em um local cedido pela RioFilme, onde poderá agregar a biblioteca, que já conta com mais de 2 mil títulos, todos doados.

“Quando anunciei no Facebook e pedi doações, começou uma corrente colaborativa, que é um pouco a alma da Cavídeo, da gente se ajudar. Vamos inaugurar com 2 mil livros, todo dia chega gente doando livro e até quinta-feira talvez tenha mais do que essa quantidade. Fico feliz porque vejo como a Cavídeo é querida, as pessoas gostam desse jeito de pensar o cinema, dessa troca de cultura. É um projeto que está sendo viabilizado sem custos, sem apoio público, sem patrocínio, apenas de forma colaborativa, de doações”, explica Cavi, que ressalta também sua vontade de que seja um espaço livre, para as pessoas chegarem e usufruírem, já que tudo é gratuito, como se fosse um “fast food cultural”: “É simples, chega lá, se cadastra, pega os filmes, participa dos eventos. É sem burocracia, que é um pouco como eu penso cinema, como eu sonho que o cinema tem que ser”, comenta o idealizador.

E essa veia educativa e colaborativa está no nome da biblioteca: Marialva Monteiro. Uma homenagem a criadora do Cineduc, um projeto que coloca o cinema como ferramenta de educação, principalmente, com crianças.

“Usar o cinema como elemento de educação e não só como divertimento, como possibilidade de descobrir novos mundos, novas culturas, de um cinema humanista, que transforma. Você vê um filme e ele te toca, te emociona e te transforma. É maravilhoso!”, finaliza Cavi.

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