21 Janeiro 2021 | Fernanda Mendes
Distribuidora chinesa cria versão própria de longa amplamente pirateado
Empresa buscou autorização da produtora para fazer a modificação
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A pirataria de conteúdos audiovisuais é até hoje um dos principais obstáculos para o setor, ainda mais em meio à pandemia, em que há atrasos nos lançamentos dos filmes entre os mercados. Na China aconteceu algo inusitado neste sentido quando a Turbo Film Corporation, responsável pela distribuição de Coma, uma ficção científica russa, viu o filme ser amplamente pirateado no país asiático.
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O longa tinha pretensões de ser lançado no verão de 2020, contudo, a pandemia adiou os planos da distribuidora. Neste período, Jin Cai, fundadora e CEO da Turbo Film Corporation, percebeu que mais e mais comentários do público chinês surgiam em sites de crítica: 20 mil usuários postaram suas avaliações do filme no Douban, um portal chinês equivalente ao IMDb, e clipes do longa foram vistos mais de 100 milhões de vezes no TikTok.
“Não achamos que os feedbacks significam que Coma não é bom, mas sim, que as pessoas têm gostos diferentes. A maioria gosta dos efeitos visuais e conceitos, mas não gosta do ritmo, que é lento e os espectadores chineses também acham que a história é um pouco confusa”, contou Jin ao Screen Daily.
A Turbo, então, decidiu alterar as cenas do filme baseados nas avaliações do público chinês, a fim de lançá-lo no mercado de maneira totalmente repaginada. Foram quatro meses de edições e adaptações, e cerca de 80% das falas originais foram alteradas. Inclusive, o longa passou a ter apenas 95 minutos, diferente dos 111 minutos originais. O nome do longa também mudou, agora está intitulado como Super Space e deve ser lançado no próximo verão (junho/agosto) em 10 mil salas.
A distribuidora chinesa adquiriu o longa, ainda em produção, em 2016, e a versão original foi lançada na Rússia em 2020 pela Central Partnership, arrecadando US$ 2,2 milhões. Para as adaptações ao mercado chinês, algo bastante surpreendente aconteceu: os produtores do longa concederam total apoio. “Jin sempre tem um bom pressentimento”, disse Anastasia Bankovskaya, diretora de vendas da produtora russa do longa, Planeta Inform. “Ela sabe o que vai funcionar e o que não vai. Se ela teve a ideia de reeditar o filme, só podemos dizer ‘sim’, porque confiamos nela”, contou ao Screen Daily.
Inclusive, a distribuidora chinesa já está em negociações com seus parceiros russos para uma possível sequência de Super Space. “A pandemia do Covid-19 teve um impacto substancial na indústria cinematográfica e o número de novos filmes em produção foi drasticamente reduzido”, disse Jin. “Esta estratégia de adaptar os filmes existentes ao mercado local pode trazer um novo fôlego”.
E para quem não sabe, os longas russos fazem enorme sucesso na China. Em títulos com grande orçamento, especialmente de ação, guerra e ficção científica, os agentes de vendas estão pedindo algo entre 10% e 20% do orçamento para conceder os direitos ao mercado chinês.
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