04 Dezembro 2020 | Renata Vomero
Anúncio da Warner repercute no setor de exibição dos EUA
Estúdio fará lançamento simultâneo com streaming nas estreias de 2021
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Ontem (3), a Warner surpreendeu a todos com o anúncio de que a partir de Mulher-Maravilha 1984, todos os seus títulos programados para 2021 terão lançamento simultâneo com seu streaming HBO Max, até o momento apenas lançado nos EUA, que sofrem com 60% do circuito fechado por conta da pandemia.
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A informação veio como bomba para os cinemas da região que enfrentam a maior crise do século e que contavam com o apoio dos estúdios para lançarem seus grandes títulos. Desta forma, a repercussão entre os exibidores não está sendo a mais animadora.
O dia amanheceu com a notícia da reação da bolsa de valores ao anúncio e a informação que se tem sobre isso é de que as ações dos cinemas caíram e não foi pouco. As ações da Cinemark tiveram queda de 21%, da Imax de cerca de 7% e da AMC, que já não anda muito bem, sofreram um decréscimo de mais de 17%.
Já que estamos falando em AMC, maior rede de cinemas do país, seu CEO, Adam Aron demonstrou descontentamento com a atual política do estúdio. O executivo concordou com a estratégia realizada para Mulher-Maravilha 1984, tendo em vista o atual cenário caótico causado pela pandemia. No entanto, ao que tudo indica, a AMC não esperava que todo os lançamentos de 2021 fossem realizados da mesma forma.
“Claramente, a WarnerMedia pretende sacrificar uma parte considerável da lucratividade de sua divisão de cinema e de seus parceiros de produção e cineastas para subsidiar o início da HBO Max. Quanto à AMC, faremos tudo ao nosso alcance para garantir que a Warner não o faça às nossas custas. Buscaremos agressivamente condições econômicas que preservem nossos negócios. Já iniciamos um diálogo imediato e urgente com a liderança da empresa sobre este assunto”, falou o executivo à Variety. Aqui vale ressaltar que a AMC entrou em acordo com a Universal para encurtamento da janela entre o cinema e o VOD, encurtamento esse de pelo menos 17 dias, mas sem lançamento simultâneo.
O tom da Cinemark é um pouco mais brando, devendo tomar decisões a curto prazo e a depender de cada filme. Um representante da rede nos Estados Unidos, afirmou ao Deadline que: “Considerando o cenário atual, estamos tomando decisões de curto prazo filme por filme. No momento, a Warner Bros. não forneceu quaisquer detalhes para o modelo de distribuição híbrida de seus filmes de 2021”.
Até os cinemas que ainda não foram impactados pela medida estão se pronunciando. No Reino Unido, em que ainda não há HBO Max, a UNIC (União Internacional dos Cinemas) já se mostra preocupada em como isso deve se desenrolar em outros territórios do mundo. “A esmagadora maioria dos membros da UNIC acredita que um período significativo de exclusividade teatral continua a ser crucial não apenas para cinemas, mas também para o público, para garantir que eles continuem a desfrutar de filmes e da experiência imersiva, coletiva e social que apenas a tela grande pode oferecer”, disse Laura Houlgatte, CEO da associação, ao Screen Daily. Ainda assim, os responsáveis pelas associações de cinema do Reino Unido aplaudiram o apoio que a Warner deu durante a pandemia, disponibilizando o aguardado Tenet e adiantando o lançamento de Mulher-Maravilha 1984 na região.
Após o anúncio e recepção desconfiada da novidade, o CEO da WarnerMedia, Jason Kilar buscou animar os ânimos em entrevista ao Deadline, garantindo que essa é uma decisão temporária, dadas as previsões de médicos e sanitaristas para 2021, e garantiu que a Warner está comprometida em levar uma forte leva de conteúdo aos cinemas.
“Acreditamos, e outros podem ter uma opinião diferente, que esta é a maneira de fazer a coisa mais importante que podemos para os exibidores, que é fornecer a eles um fluxo constante de novos filmes com os quais eles podem contar, e os consumidores podem contar. É algo que investimos e continuaremos a investir”, ressaltou o executivo, que também assumiu que a decisão foi tomada como base em fortalecer os lucros econômicos da empresa.
Os analistas de mercado não acham possível que a Warner consiga voltar atrás desta decisão em 2022, como a própria empresa diz, já que vai ser muito complexo convencer o público, nessa altura já habituado ao lançamento simultâneo, a esperar por três meses para ver os filmes em casa.
Para 2021, o lineup do estúdio conta com fortes e esperados títulos, como Duna, Matrix 4, O Esquadrão Suicida, Tom & Jerry: O Filme, Godzilla vs. Kong, Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio. Esses filmes vão ser recebidos com ainda mais expectativa frente ao novo modelo de lançamento, e, com certeza, não serão apenas a Warner e os exibidores que ficarão de olho nesses números.
Essa histórica medida mexe tanto com o setor de cinema, quanto o de streaming, que deve se mexer e correr para conseguir ter no catálogo produções tão fortes e quentes como terá o HBO Max. Principalmente o Disney+, que parece estar ensaiando um modelo similar ao da Warner, e a Netflix que vem se acercando com o mercado exibidor, lançando seus grandes títulos também nos cinemas, em torno de duas semanas antes de chegar no streaming.
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