21 Julho 2020 | Fernanda Mendes
Adiamento de "Tenet" gera ampla discussão sobre futuro do mercado de cinema
“Acho que é um grande erro continuar atrasando esses filmes”, afirmou John Fithian, presidente da NATO
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A notícia de que a Warner, mais uma vez, adiará o lançamento de Tenet, foi como um balde de água fria para exibidores do mundo todo. O filme, até então, era o símbolo de retomada das atividades dos cinemas e a aposta para alavancar as bilheterias globalmente.
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Ontem, a Warner divulgou que o filme saiu de 12 de agosto e ainda não anunciou sua nova data, mas, afirmou que deve continuar em 2020. “Nossos objetivos durante todo esse processo têm sido garantir as maiores chances de sucesso de nossos filmes, além de estarmos prontos para apoiar nossos parceiros exibidores com novos conteúdos assim que eles puderem reabrir com segurança”, justificou a distribuidora.
O anúncio do novo adiamento de Tenet vem como consequência das incertezas sobre a data de reabertura dos cinemas nos principais mercados dos EUA, como Nova Iorque, California, Texas e Flórida, além da falta de alinhamento dos cinemas na Europa, onde cada país está com uma data de reabertura. Na Europa, também, alguns territórios onde os complexos já foram reabertos, o governo ordenou novamente o fechamento, caso de Barcelona, na Espanha, por exemplo, por conta de uma nova onda do Covid-19.
Toda essa confusão faz com que os estúdios de Hollywood tenham muitas dúvidas sobre qual a melhor data para lançar seus filmes, afinal há anos os territórios internacionais são cruciais para a bilheteria de um lançamento. Os filmes anteriores de Christopher Nolan, diretor de Tenet, tiveram mais de 50% de suas arrecadações vindas dos territórios fora dos EUA.
Outro empecilho para o caso de Tenet é que na China, onde alguns cinemas voltaram a reabrir nesta semana, os complexos estão seguindo diversos protocolos de segurança, que inclui sessões de no máximo 2 horas de duração. O longa da Nolan tem 2h30 de trama.
Exibição
Para os exibidores, as dúvidas que surgem neste momento são: o adiamento de Tenet provocará um efeito dominó no calendário mundial? Como encontrar alternativas fora dos filmes de Hollywood?
Em entrevista concedida à Variety, John Fithian, presidente da NATO (National Association of Theatre Owners), reforçou que os distribuidores precisam agendar seus filmes de qualquer maneira, já que nada será normal até a chegada da vacina para o Covid-19. “Até que haja uma vacina amplamente disponível, não haverá 100% dos mercados abertos. Por esse motivo, os filmes devem ser lançados em mercados onde é seguro e legal lançá-los, ou seja, cerca de 85% dos mercados nos EUA e mais ainda globalmente”.
Fithian sabe do medo dos distribuidores em não terem o retorno financeiro esperado para filmes que exigiram grandes orçamentos, mas, na sua opinião, se adiarem cada vez mais suas estreias, haverá um buraco maior ainda no balanço final. “Isso é um negócio de US$ 42 bilhões por ano. A maioria das empresas aceitaria 85% disso em vez de zero, que é o que acontecerá se eles aguardarem a abertura de todos os mercados”.
O executivo contou que tanto a Warner como a Disney - que tem Mulan por enquanto agendado para 20 de agosto - estão em constantes conversas com a NATO. A associação está sendo informada de cada passo que essas distribuidoras darão, mas, ao mesmo tempo, Fithian não concorda com os incontáveis adiamentos das estreias.
“Tenho um enorme respeito pelos desafios que os estúdios enfrentam em seu próprio modelo de negócios. Considero isso uma ótima parceria, mas, ao mesmo tempo, acho que é um grande erro continuar atrasando esses filmes”.
No Reino Unido, apesar dos cinemas já poderem reabrir, o CEO da cadeia Vue Cinemas, Tim Richards, já anunciou que ainda não há uma data de reabertura das suas 91 unidades pois espera pela concretização do calendário de lançamentos. “Estamos esperando para ver o que acontece com as datas de lançamento antes de tomar qualquer decisão final, porque é diferente se apenas um filme muda de data ou vários fazem isso”, disse. “Podemos ver o impulso e a confiança do consumidor, mas não podemos prosperar novamente como uma indústria sem um esforço conjunto nos principais lançamentos”.
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