17 Julho 2020 | Fernanda Mendes
Exibidores falam sobre novas plataformas e inovação nos negócios
Streaming, redes sociais, cinema virtual e mais possibilidades para os cinemas
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Com a concorrência frente ao mundo digital e tantas opções de entretenimento, como os exibidores podem ainda assim prender a atenção do público? Esse foi o tema do webinar realizado ontem (16) pela Revista Exibidor, com Paulo Lui, sócio proprietário e programador da Topázio Cinemas, Marcelo Spinassé, fundador e CEO da Encripta (proprietária da solução Cinema Virtual), e André Sturm, diretor do cinema de rua em São Paulo (SP), Petra Belas Artes.
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Os participantes falaram sobre as possibilidades que o mundo digital pode abrir para o cinema e vice-versa. Sturm lembrou de quando exibiu o longa da Netflix dirigido por Martin Scorsese, O Irlandês. A gigante de streaming disponibilizou o filme para o exibidor realizar sessões duas semanas antes da estreia do longa na plataforma. “A princípio fui relutante porque não queria fazer janela para um filme da Netflix, mas aí pensei comigo que era o Scorsese. Então exibi e fui o único exibidor de São Paulo que aceitou fazer isso. As sessões lotaram e eu o mantive mais uma semana após a estreia no Netflix, e lotou também, porque é um filme de cinema”.
Aliás, o Petra Belas Artes possui o seu próprio serviço de streaming com uma curadoria especial para filmes menos comerciais, mais de arte. Um projeto que vem dando bastante certo e já tem assinantes do Brasil todo. Sturm admitiu que é natural os exibidores terem certo receio com plataformas de streaming, já que, além das atuais gigantes do mercado como Netflix e Amazon, estão surgindo também as plataformas das majors. A falta de regulação para este mercado novo é um problema. “Tem que ter regulamentação para o streaming, uma regulação que garanta um equilíbrio, afinal como vamos concorrer com essas três ou quatro empresas que são muito poderosas?”.
A Topázio Cinemas também trabalha abertamente com filmes de streaming. Paulo Lui lembrou de quando exibiu filmes que já estavam em plataformas digitais, e as sessões lotaram. “A tela grande valoriza demais o filme, há uma luta para que o filme vá para o cinema porque ele fica maior do que é”.
Inclusive, a exibidora do interior de São Paulo, nesta quarentena, vem realizando lives no Instagram para debater filmes com produção própria da Netflix. A ideia surgiu como uma extensão do trabalho que já faziam presencialmente de debates após sessões de filmes considerados “cults”.
E durante a quarentena outra plataforma interessante surgiu, criada pela Encripta, o Cinema Virtual que oferece uma sala digital para os exibidores, sem custo adicional. Hoje, a plataforma que surgiu em maio, já conta com 115 cinemas. A ideia é que para aqueles filmes que não há espaço nas salas físicas, o exibidor tenha a oportunidade de programá-los virtualmente, fazendo com que o espectador não assista em outras plataformas. “É um produto que existia pré-pandemia e ele existirá na pós-pandemia, porque continuará a falta de espaço para programarmos filmes e sabemos a dificuldade que é”.
Neste sentido de encontrar caminhos para gerar receita aos exibidores, Paulinho até mesmo lembrou sobre os seriados que passavam nos cinemas na década de 50, antes das sessões. Para ver a continuidade dos capítulos, o espectador precisava voltar ao cinema, e isso formou uma geração de cinéfilos. “Talvez é uma ideia voltar com esses seriados. Mas, de qualquer forma, as séries e filmes no streaming só ajudam a gente a falar mais de cinema, porque quando falamos a palavra ‘filme’, não lembramos de streaming, lembramos de cinema”.
Sobre o futuro, após a pandemia, Sturm foi claro ao dizer que os espectadores não deixarão as salas de cinema: “É da natureza humana estar junto com outras pessoas, e a pandemia mostrou isso claramente. O cinema é o lugar de encontro das pessoas. Você assistir a uma comédia com 200 pessoas na mesma sala é muito mais divertido do que ver na sua casa. E o cinema é o lugar mais coletivo que as pessoas podem ir”.
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