02 Junho 2020 | Fernanda Mendes

Sócios do Cine Autorama falam sobre tendência dos drive-ins no Brasil

“Aqueles que conseguirem desenvolver um bom trabalho vão permanecer no mercado de forma concomitante com as salas tradicionais”, disse Marco Ribeiro

Os cinemas drive-in voltaram a ser tendência no mundo em um cenário onde as pessoas não podem ficar próximas e nem em ambientes fechados devido à pandemia do Covid-19. Os exibidores acharam uma boa solução para continuarem operando, já que suas salas tradicionais estão fechadas.

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Nos EUA os drive-in nunca deixaram de existir. Inclusive há até mesmo o Coyote Drive-in no Texas, um multiplex com três salas a céu aberto. No Brasil, a produtora Brazucah tem o projeto Cine Autorama desde 2015, que nasceu como um cinema drive-in fixo no estacionamento de um shopping em São Paulo (SP), mas passou a ser itinerante indo para outros estados incluindo Pará, Mato Grosso e Rio de Janeiro.

A expectativa é que a sexta edição do projeto aconteça já no próximo mês, rodando cidades do estado paulista e do Rio Grande do Sul. Além disso, com toda a empolgação da moda dos drive-in, também pretendem colocar o Cine Autorama em um ponto fixo de São Paulo.

“A Brazucah já tem 18 anos de história e para nós há duas diretrizes importantes: uma é a democratização do cinema porque o circuito exibidor está em apenas 10% dos municípios e a outra é a experiência do cinema. Viemos com essa tendência de oferecer outras formas de ver filmes. É muito interessante o imaginário do drive-in, quantas pessoas não agradecem a gente nas redes sociais porque sempre quiseram participar disso. Vira de fato um evento, trabalhamos essa ideia do imaginário”, explica Cynthia Alario, sócia da produtora, em entrevista ao Portal Exibidor.

Inclusive, com tantos anos de experiência em drive-in, a Brazucah está recebendo muitos e-mails com empresários interessados em atuar na área. Marco Ribeiro, também sócio da produtora, conta que eles têm oferecido esse know-how para ajudar aqueles que querem abrir seu próprio drive-in. Entre a lista dos interessados há donos de restaurante e de estacionamento.

“Já realizávamos drive-in de forma bem-sucedida e aqueles que conseguirem desenvolver um bom trabalho vão permanecer no mercado de forma concomitante com as salas tradicionais”, acredita Ribeiro.

Mas para Cynthia, há que se ter cautela nessa “moda”, pois a lógica financeira de um drive-in é muito diferente do cinema convencional. “Imagina um multiplex que tem 10 salas e 10 sessões em um sábado à noite com 70% de ocupação em cada sala. Já o drive-in só pode acontecer à noite e é só uma sala na maioria das vezes. Então, imagina uma sessão às 20h para 100 ou 200 carros, a lógica de receita muda”. Cynthia ainda lembra que no começo do Cine Autorama foram muitas descobertas, e passaram a entender até mesmo a importância da bombonière.

No momento os sócios estão estudando os novos protocolos exigidos pelo Governo, para trazer o máximo de segurança para o público. Está previsto distanciamento entre os carros e aferição da temperatura dos funcionários. Na programação haverá filmes que vão desde os clássicos da cinematografia mundial, passando por longas recentes e filmes nacionais, para valorizar e introduzir os nossos produtos ao público. Além disso, antes de cada sessão é exibido um curta-metragem brasileiro.

Aliás, eles também estão em conversações com a Ancine para ver se é possível que os filmes que não conseguiram estrear nos cinemas possam ter lançamento no Cine Autorama. A ideia é dar vazão àqueles longas que estão travados e não podem ir para outras janelas, pois seu contrato com a Ancine prevê a estreia primeiramente nos cinemas.

“Em um cenário onde as pessoas têm cada vez mais o hábito de consumo de entretenimento doméstico, queremos criar formas criativas que estimulem essa convivência coletiva”, finaliza Marco.

Em breve eles irão anunciar mais informações sobre a próxima edição do Cine Autorama, e você pode acompanhar no Portal Exibidor.