01 Junho 2020 | Fernanda Mendes
Associação convida setor para manifestação em defesa da Cinemateca Brasileira
Encontro acontecerá dia 4 de junho às 11h
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A APACI (Associação Paulista de Cineastas) enviou uma convocatória ao setor a comparecer em uma manifestação pública na frente da Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP), no dia 4 de junho às 11 horas. A ideia é que o evento dure uma hora e tenha todos os cuidados básicos de prevenção ao Covid-19: todos deverão portar máscaras de proteção e manter uma distância de no mínimo 2 metros dos outros participantes.
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O encontro promoverá a leitura do manifesto em defesa da Cinemateca Brasileira, que vem sofrendo grave crise financeira por falta de repasse público desde o fim do ano passado. O movimento se chama SOS Cinemateca. Abaixo leia o manifesto, que também é assinado pela ABRACI (Associação Brasileira de Cineastas), SICAV (Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual) e ABC (Associação Brasileira de Cinematografia):
- MANIFESTO CINEMATECA BRASILEIRA
- A comunidade cinematográfica brasileira, representada por suas entidades, vem manifestar a sua inconformidade com a grave crise que se aprofunda e pode levar à falência da Cinemateca Brasileira.
- A Cinemateca é uma conquista histórica do cinema brasileiro. Nela está depositada a maior parte das imagens domésticas, filmes de todos os gêneros e bitolas, programas de TVs e jornais televisivos que o nosso país já produziu ao longo dos últimos 100 anos. Ela é a memória viva de nosso país e o testemunho da grandeza atingida por nosso cinema ao longo da sua existência. O trabalho de restauro desenvolvido pela Cinemateca foi considerado de excelência pelos principais centros especializados do mundo.
- No entanto, estamos assistindo à inaceitável deterioração de suas funções que já atingiu um patamar absolutamente incompatível com a sua importância. Ao longo dos últimos sete anos, técnicos valiosos e especializados foram demitidos e as atividades foram reduzidas drasticamente. Entre outras coisas, isso se refletiu na subutilização dos equipamentos de ponta, fruto de vultosos investimentos, que correm o risco de sucateamento.
- Há muito a Cinemateca, em grave crise financeira, não recebe recursos governamentais necessários para o seu pleno funcionamento. Desde abril, está com os salários dos poucos funcionários que restam atrasados e luta para pagar a conta de luz, que pode ser cortada a qualquer momento. Um eventual apagão elétrico será desastroso, pois atingirá a climatização das salas onde estão arquivados verdadeiros tesouros de seu acervo histórico. Sem refrigeração, os filmes em acetato, uma material altamente volátil, ficarão expostos ao tempo e podem pegar fogo como já ocorreu em 2016. A lista de obras ameaçadas inclui filmes da Atlântida, da Vera Cruz, tudo o que restou do cinema silencioso brasileiro, arquivos históricos de Glauber Rocha e grandes filmes restaurados pela cinemateca – a história do audiovisual nacional corre enorme risco.
- Todo esse processo de irresponsável negligência se combinou com o afastamento da comunidade cinematográfica nacional que deixou de ser consultada ou sequer informada a respeito dos rumos desta instituição.
- Por acreditarmos que a interlocução da Cinemateca Brasileira com a comunidade cinematográfica é essencial para o seu urgente e devido resgate, reivindicamos a formação de uma comissão com membros indicados pelas principais entidades cinematográficas do país a fim de que se estabeleça um contato formalizado e periódico, condição sine qua non para que se trabalhe com transparência e a Cinemateca volte a assumir a sua vocação pública primeira de preservar e difundir o cinema brasileiro.
- Para isso, exigimos que o governo federal providencie imediatamente a dotação urgente e necessária para que a Cinemateca Brasileira volte a funcionar plenamente e em bases seguras para os filmes nela depositados - patrimônio cultural e histórico de nosso país.
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