21 Maio 2020 | Fernanda Mendes
Representantes do setor reagem a saída de Regina Duarte da Secretaria Especial da Cultura
Atriz deve assumir gestão da Cinemateca Brasileira
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Ontem (20) o presidente Jair Bolsonaro oficializou a saída de Regina Duarte do comando da Secretaria Especial da Cultura, anunciando ainda a ida da atriz para a gestão da Cinemateca Brasileira, localizada em São Paulo (SP).
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Ainda não se sabe quem a substituirá na pasta, mas o anúncio de sua saída gerou comentários críticos em relação a instabilidade no setor cultural. Principalmente, porque a Cinemateca passa por crise grave financeira, gerada por falta de recursos públicos.
Confira abaixo o que importantes representantes do mercado falaram:
Sérgio Sá Leitão – Secretário de Economia Criativa e de Cultura do Governo de São Paulo
“A saída da atriz Regina Duarte da Secretaria Especial de Cultura demonstra o desprezo do presidente por um dos maiores ativos do Brasil, que gera 2,64% do PIB e 4,9 milhões de empregos. Seu (des)governo está destruindo as instituições e programas federais de cultura, que tanto contribuem para o desenvolvimento do país. Realmente lamentável. Desejo sorte e sucesso para Regina na Cinemateca, pois admiro e respeito ela e também a instituição. Espero que o modelo de gestão por organização social, que é um grande avanço, se mantenha. E que a Cinemateca receba os recursos e o apoio necessários para realizar sua importante missão de preservar a memória audiovisual do Brasil”.
Carolina Kotscho – Presidente da Associação Brasileira de Autores Roteiristas
“A ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas) repudia a paralisia do setor cultural, em especial o desmonte da indústria audiovisual, responsável por mais de 300 mil empregos e que representa 0,5% da economia do país. Enquanto o mundo reconhece a importância da arte nesse momento e acolhe os artistas, trabalhadores e produtores culturais atingidos pela pandemia, no Brasil somos alvo de reiterados ataques e desmandos. Para além da falta de apoio em meio à crise, sofremos há quase 17 meses nas mãos de gestores incapazes de conduzir a Secretaria de Cultura. Desconhecemos as credenciais que qualificam o ator Mario Frias para o cargo, bem como a capacidade de Regina Duarte administrar o acervo da Cinemateca. Causa especial espanto que, ao anunciar a troca de comando do setor, o presidente tenha dado destaque aos benefícios para a vida pessoal da ex-secretária em detrimento do desenvolvimento da nossa Cultura e dos interesses da nossa sociedade”.
Simoni de Mendonça – Presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo
“A Cinemateca tem um acervo único que compõe a história do cinema brasileiro e uma equipe de funcionários valiosos. Precisa receber a atenção devida. Espero que a ida da ex-Secretária da Cultura signifique que o Governo pretenda valorizar a instituição”.
Laís Bodanzky – Presidente da Spcine
“A Cinemateca já vem sofrendo há muitos anos um desmanche, por falta de recursos, sobrevivendo a trancos e barrancos. É importante salientar que ainda não está confirmada a entrada da Regina, não sabemos nada. Mas a Spcine se coloca à disposição para quem assumir a Cinemateca para pensarmos juntos. Podemos ajudar na medida do possível. O objetivo é que fiquemos em estado de alerta com nosso acervo, nossa memória. A Cinemateca da Colômbia acabou de ser reformada, a Cinemateca do México é um desbunde. Um país tem que cuidar da sua memória. A Spcine está aberta para dialogar”.
Joana Henning – Estúdio Escarlate
“Considerando a gestão relâmpago apresentada por Regina Duarte na Secretaria Especial de Cultura, não podemos esperar muito da sua gestão na Cinemateca, que se encontra tão castigada e com tantas demandas estruturais graves. Acho relevante uma publicação de qual o acervo presente e em qual estado se encontra, para que ao menos, possamos apostar em algum feito positivo, seguros de que o patrimônio do cinema nacional estará preservado”.
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