18 Março 2020 | Renata Vomero

Fechamento de cinemas reacende debate sobre as janelas de exibição

Comunicado da NATO tem tom otimista quanto a ocupação das salas no futuro

Em meio a atual crise do coronavírus, com as principais redes de cinema norte-americanas fechando suas unidades para conter o contágio do Covid-19 e evitar agravar a situação, os players do mercado estão se movimentando para enxergar e apresentar diferentes cenários frente ao que está acontecendo.

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Por isso, a NATO (Associação Nacional de Donos de Cinemas) enviou um comunicado aos profissionais do setor norte-americano com a intenção de acalmar os ânimos e esclarecer um assunto que foi reacendido com a crise: as janelas de exibição. Tudo isso porque com as quarentenas e isolamentos, alguns estúdios anunciaram o adiantamento de seus mais recentes filmes em lançamento digital. Caso, por exemplo, da Universal com O Homem Invisível, Trolls 2 e A Caçada. Também da Disney que vai lançar antecipadamente Star Wars: A Ascensão Skywalker em formato VOD e Frozen 2 ganhará adiantamento de três meses no Disney+.

“Embora tenha havido especulação na mídia de que o fechamento temporário de cinemas levará a lançamentos acelerados ou exclusivos de títulos para streaming em casa, essa especulação ignora a lógica financeira subjacente do investimento dos estúdios em títulos com lançamentos tradicionais nos cinemas. Para evitar perdas catastróficas para os estúdios, esses títulos devem ter a versão em cinema mais completa possível em todo o mundo. Embora um ou dois lançamentos possam renunciar ao lançamento tradicional, é nosso entendimento de discussões com distribuidores que a grande maioria dos lançamentos diferidos será reagendada para lançamento nos cinemas quando a vida voltar ao normal”, explica o comunicado da NATO.

No entanto, em uma análise noticiada pelo ScreenDaily, o jornal apurou com profissionais do mercado, que isso pode ser uma oportunidade que os estúdios estavam esperando há muito tempo, justamente para diminuir as tais janelas, atualmente de cerca de 90 dias, chegando a 120 dias, entre o cinema e o digital.

“Quando os cinemas reabrirem, as pessoas vão querer sair e ir ao cinema. Haverá um acúmulo de blockbusters [devido ao cronograma de lançamento interrompido], então, você poderia argumentar que todos concordam com uma janela de 30 dias. Trinta dias depois, todos estarão em plataformas de streaming. Isso muda tudo”, comentou um profissional da área de distribuição anonimamente ao veículo.

O analista de Wall Street, Hal Vogel vem analisando o poder do streaming no mercado há um tempo e já acreditava que o modelo atual de negócio não se sustentaria por muito tempo, portanto essa crise e as novas possibilidades expostas devem acelerar esse processo.

“A janela estreitou e pode não ser mais aplicável. Poderia desaparecer, se não este ano, em um ano ou dois. Parte disso é que a tecnologia melhorou muito e temos uma mudança na mentalidade do público, que agora está sendo testada pelo que a Universal e outros fizeram”, explicou.

É um momento que, em meio à crise, todos olham para as possíveis oportunidades. Os cinemas no momento não têm muito o que fazer e segundo a NATO, o impacto econômico no setor deve realmente ser representativo nesse período, no entanto, totalmente recuperável no período pós-crise.

“Ninguém pode prever com precisão quando a vida pública voltará ao normal, mas ela retornará. A natureza social dos seres humanos – o que nos expõe ao contágio, e que dificulta a mudança de comportamento em resposta a ameaças de pandemia – também é o que nos dá confiança no futuro. As pessoas vão voltar aos cinemas porque é assim que as pessoas são. Quando eles retornarem, vão redescobrir uma experiência de entretenimento imersiva de ponta que eles foram forçados a lembrar que não podem replicar em casa. Na incerta e difícil economia à frente, os cinemas desempenharão o papel que sempre têm nos tempos de boom e nas recessões – o entretenimento mais popular e acessível disponível fora de casa”, exaltou o posicionamento da associação.