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13 Novembro 2019 | Renata Vomero

Cantando e dançando nas telonas: A força dos musicais no cinema

Um dos gêneros mais antigos da sétima arte, os musicais continuam tendo grande relevância para o mercado

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(Foto: MGM)

Entra em cartaz nesta quarta-feira (13) a exposição Musicais no Cinema no Museu da Imagem do Som (MIS), de São Paulo. Concebida pelo Musée de la Musique - Philharmonie de Paris, essa é a primeira vez que a mostra é realizada fora do país. Por lá, Musicais no Cinema contou com a curadoria do pesquisador N. T. Binh, que, para a versão brasileira, se uniu a Duda Leite, responsável pela parte que trata dos filmes nacionais.

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A exposição chega ao público trazendo um panorama do gênero no cinema, indo de Cantando na Chuva, de 1952, até os mais recentes Rocketman (Paramount) e La La Land - Cantando Estações (Paris), que, além de premiado, é visto pelo curador francês como o filme responsável por reviver o gênero nos cinemas e levá-lo também ao público jovem, já que, segundo Binh, o gênero é por muitas vezes “decretado morto”.

Com sua chegada, a exposição do MIS já ganha força nas redes sociais e evidencia, além de tudo, a importância do gênero para o cinema. Os musicais surgiram junto ao cinema falado, sendo o primeiro de 1927 - o filme O Cantor de Jazz - ou seja, é um gênero que se desenvolveu praticamente junto ao crescimento do cinema em si.

“Toda vez que surge algo novo em termos de tecnologia para cinema, essa tecnologia é testada em musicais. Quando surgiu a tela grande e retangular [widescreen], o som estéreo, até mesmo os efeitos especiais digitais, tudo isso foi usado em musicais. Porque para fazer um filme do gênero é preciso mesmo usar o que há de melhor disponível no mercado, para criar um espetáculo”, explicou o pesquisador N. T. Binh.

E não só em termos de tecnologia o musical é inovador, em produção também, apesar de parecer leve e muitas vezes fácil, para chegar nesse resultado é necessário ter um trabalho de equipe muito grande e horas e horas de ensaio. “A câmera faz a coreografia, o olhar do cineasta é totalmente parte da coreografia. Uma Noite no Rio, da Carmen Miranda, por exemplo, que é de 1941, se observar o tamanho da câmera da época que tinha que se movimentar para acompanhar a dança e a música, isso é muito difícil. É uma dificuldade técnica imensa. É muito impressionante como essa questão do olhar e da câmera também fazem parte da coreografia e se torna uma peculiaridade e característica própria do gênero”, comenta Duda Leite. Outra dificuldade que pode parecer banal, mas se coloca como um grande desafio é encontrar talentos que consigam dançar, atuar, cantar e ainda se encaixem no personagem do filme. Com isso, também foi muito utilizado os ghost singers, que acabam dublando esses atores.

Em termos de economia, o gênero é um dos mais rentosos do cinema, não só por conta de bilheteria, mas também por conseguir movimentar diversas outras indústrias em paralelo, como a de música, televisão, internet e teatro, dado os grandes sucessos de musicais na Broadway e até mesmo os do Brasil.

No país, inclusive, além da força do teatro de musical existe também o sucesso das cinebiografias, que levam milhares de pessoas aos cinemas. É o caso de Cazuza – O Tempo Não Pára (2004), que vendeu quase 3 milhões de ingressos; Elis (2016), com mais de 500 mil ingressos; Tim Maia (2014), 890 mil pessoas; Rocketman, que por aqui foram mais de 700 mil pessoas, e Bohemian Rhapsody (Fox), que levou mais de 3 milhões de brasileiros aos cinemas. Ou seja, é um gênero muito querido pelos brasileiros e que movimenta muito o mercado. Inclusive, já está programado o lançamento da cinebiografia de Sidney Magal.

Quanto à queda de público que vai ao cinema, uma grande preocupação do mercado, La La Land: Cantando Estações  conseguiu esquentar novamente os cinemas e criar novos públicos para o gênero. A produção que quase levou o Oscar de Melhor Filme (levou por alguns segundos, no que ficou marcado como um dos momentos mais engraçados da história do Oscar) faturou US$446 milhões no mundo todo e também conseguiu levar um público jovem para verem o filme no cinema, o que não é surpresa para Binh, apesar de ressaltar a importância da experiência do cinema. “Quanto maior a tela é melhor, porque para aproveitar de fato um musical, você precisa ficar imersivo naquela produção. Se você assiste em uma tela pequena, sem o som adequado, você não vai vivenciar amplamente todas as qualidades bem especificas dos musicais. Se você está no cinema, é quase como se fosse uma experiência ao vivo. Pessoas jovens dos últimos 20 anos estão acostumados a ter músicas nos ouvidos durante o dia todo, eles adoram e aceitam mais facilmente verem personagens dançando e cantando, parando a história para se expressar por meio da música. Então, esse tipo de artificialidade do gênero é mais aceita agora, do que há 30 ou 40 anos”, finalizou.

Entre os próximos musicais que serão lançados no cinema estão Judy (Paris), estrelado por Renée Zellweger e previsto para fevereiro de 2020, o remake de Amor Sublime Amor, dirigido por Steven Spielberg e com estreia em dezembro do ano que vem, além de Cats (Universal), que chega aos cinemas em 26 de dezembro.

A exposição Musicais no Cinema fica em cartaz até o dia 16 de fevereiro de 2020. Os ingressos já estão disponíveis no MIS.

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