06 Novembro 2019 | Por Janaina Pereira, de Veneza
Ator Ben Mendelsohn fala sobre diferenças entre filmes de estúdios e de streaming
No elenco do blockbuster "Capitã Marvel" e em "O Rei" da Netflix, ele comenta como a exibição afeta esses tipos de produções
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O ator australiano Ben Mendelsohn pode ser considerado um dos pioneiros da Netflix. Quando a empresa de streaming ainda 'engatinhava' como uma opção de entretenimento, ele estrelou a série Bloodline, em 2015, que lhe rendeu um Emmy de melhor ator coadjuvante. Até então conhecido por papeis menores no cinema, ele se viu diante de novas possibilidades na carreira graças ao desajustado Danny, personagem central da série que teve três temporadas.
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Desde então, Mendelsohn tem feito personagens marcantes em filmes como Rogue One: Uma História Star Wars, Jogador Nº 1 e Robin Hood: A Origem. Hoje, aos 50 anos, comemora a boa fase com dois projetos distintos: ele viveu Talos em Capitã Marvel, e agora está no elenco de O Rei, produção da Netflix estrelada por Timothèe Chalamet (Me Chame pelo seu Nome) e dirigida por David Michôd (A Caçada), que teve première mundial no Festival de Veneza e estreia nesta sexta (1) no streaming, já de olho no Oscar 2020.
Durante o evento na cidade italiana, Ben Mendelsohn conversou com exclusividade com o Portal Exibidor sobre as diferenças entre fazer um filme de um grande estúdio e as produções de empresas de streaming como a Netflix. Para o ator, o orçamento e a forma de exibição são fatores decisivos nessa comparação. “Estão dizendo aqui em Veneza que ‘O Rei’ é uma superprodução. Mas não é. O filme tem cenas grandiosas, mas o orçamento dele não se compara com o de um blockbuster. Mas acho que a principal diferença é mesmo a exibição. Um filme de um grande estúdio vai ficar muitas semanas em cartaz nos cinemas, com todo aquele peso de bater recorde de bilheteria. No caso do streaming isso não acontece”.
O Rei é baseado nas peças Henrique IV e Henrique V, de Willian Shakespeare, e foi exibido nos cinemas americanos durante três semanas do mês de outubro, com o objetivo de se qualificar para o Oscar. A estratégia, que vem sendo adotada pela Netflix desde o ano passado – e que, em caso de filmes como Roma, de Alfonso Cuáron, amplia a exibição em cinema também para países estratégicos – é vista com alegria pelo ator. “Acho importante dar ao público a oportunidade de assistir ao filme em uma sala de cinema. Mas, ao limitar a exibição a poucas salas, e por pouco tempo, perde-se aquela pressão de ter que fazer uma bilheteria estrondosa”.
Na trama, Ben Mendelsohn interpreta Henrique IV, que deseja ver seu filho rebelde Hal (Timothèe Chalamet) subir ao trono. O ator acredita que o streaming abriu novas possibilidades tanto para o mercado como para o espectador. “Agora quando alguém tem um projeto interessante, mas que pode não ser comercialmente viável para um estúdio, empresas como a Netflix oferecem a chance de produzir. Isso tem sido ótimo porque filmes que talvez nunca fossem realizados podem chegar ao alcance do público. No caso de O Rei, temos Timothèe Chalamet como protagonista, e ele é uma estrela de cinema. Com Timmy a frente do elenco, estamos abrindo portas para uma plateia que, provavelmente, não é muito familiarizada com Shakespeare assistir ao filme onde e quando quiserem”.
Ele acrescenta que há espaço para todos no mercado. “É importante termos opções de como fazer um filme, e também de como assisti-lo”, finaliza.
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