31 Outubro 2019 | Renata Vomero
Robert Eggers e Willem Dafoe falam sobre "O Farol" no Brasil
Filme estreia dia 2 de janeiro no circuito comercial
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Um dos filmes mais aguardados da 43ª Mostra Internacional de São Paulo foi O Farol, que foi exibido na noite do dia 29 de outubro em sessão especial no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, com a presença de Willem Dafoe, um dos protagonistas e do diretor Robert Eggers, reconhecido pelo seu A Bruxa, também produzido pela RT Features.
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O terror psicológico feito em preto e branco vem agradando os críticos nos festivais internacionais, com isso, a produção ganha visibilidade para a temporada de premiações que se aproxima. “A gente está trabalhando para que o filme tenha boas indicações nos prêmios, porque ele tem muito potencial, tanto pela questão técnica, quanto pelas atuações de Willem Dafoe e Robert Pattinson. Estamos torcendo para ter mais indicações”, comentou Rodrigo Teixeira, produtor do longa, na coletiva de imprensa realizada na tarde do dia 29 de outubro, em São Paulo.
A questão técnica realmente é algo que chama a atenção, não só pelo preto e branco, mas também pela própria textura, alcançada pela filmagem feita em filme 35mm, câmeras da década de 30 e até do início do século passado e alguns efeitos realizados pelo diretor de fotografia. Outra peculiaridade do longa é o formato de tela em 4:3, que segundo o diretor, foi utilizado para “gravar os interiores e dar a sensação de claustrofobia, assim como filmar os dois rostos mais bonitos do cinema”, brincou. Claustrofobia essa porque os personagens passam boa parte do tempo de tela dentro da moraria na pedra onde fica localizado o farol pelo qual são responsáveis.
As filmagens foram realizadas em uma ilha canadense, depois de uma grande busca do diretor. Ali, tudo foi construído para trazer o maior realismo possível para as cenas, todas elas muito bem descritas no roteiro, o que foi um presente para o elenco.
“Todas as tomadas foram usadas. Quase tudo o que gravamos está ali, é um alto nível de precisão. Só uma minha sozinho no farol que foi cortada, mas entendi muito bem, porque ela quebraria o ritmo do filme”, explicou Dafoe, cuja cena mais difícil foi uma em que [ALERTA DE SPOILER] ele sofre uma tentativa de ser enterrado vivo. “Aquele foi o momento mais difícil, pois é muito sugestivo, né? E eu tive que falar um texto poético enquanto aquilo acontecia. É algo que vale a pena assistir”, complementou. A atuação de Dafoe foi amplamente elogiada pelo diretor, que sempre pensou no ator para o papel, já que o personagem seria um abuso ao espectador se fosse interpretado por qualquer outra pessoa.
Realmente, a atuação de Willem é memorável, remetendo a um pirata cartunesco, como ele mesmo explicou. Tudo isso ajudando a trazer o clima de terror, já uma marca de Robert Eggers. No entanto, esse terror é um pouco diferente do de A Bruxa, tendo menos momentos de sustos e tensão. No entanto, ambos têm como pano de fundo um despertar sexual, o primeiro é feminino, o segundo masculino. “Me disseram que esse filme era um complemento fálico para o anterior, e eu concordo. Os filmes se passam em épocas em que a repressão sexual era muito mais forte, então, fica mais fácil trazer essa temática”, disse Eggers.
Ele explicou que tudo partiu da ideia de um filme feito em um farol e que fosse todo em preto e branco, a partir dali a história foi criada, tendo referências de contos, mitologia e folclore europeu, para trazer um misticismo e um pouco mais da atmosfera de terror também.
O Farol tem distribuição da Vitrine Filmes e estreia em 2 de janeiro no circuito comercial.
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