Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Especial

30 Outubro 2019 | Fernanda Mendes e Renata Vomero

Filmes brasileiros de terror crescem no mercado; saiba mais!

Gênero começa a borbulhar e entrega boas produções

Compartilhe:

Criolo e Felipe Camargo em cena de "O Juízo" (Foto: Downtown)

Filme de terror no Brasil é sinônimo de José Mojica Marins, mais conhecido como Zé do Caixão. Com uma infinidade de filmes no seu currículo, o cineasta e ator virou referência no gênero, muito por conta de seu trabalho precursor. Em uma época em que não havia nenhum outro nome no mercado brasileiro, ele fez seus longas com orçamento apertado e conseguiu rodar o mundo com suas produções.

Publicidade fechar X

Entre os trabalhos mais renomados do cineasta estão O Ritual dos Sádicos, que lhe rendeu os prêmios de Melhor Ator e Melhor Roteiro no Rio-Cine Festival (1986), Delírios de um Anormal que ganhou a Placa de Prata no Festival de Brasília de 1978, e, é claro, À Meia-Noite Levarei sua Alma (1964), filme de estreia de Zé e o primeiro longa de terror brasileiro.

“Ele é um exemplo, porque em uma época em que não havia nada, ele conseguiu fazer cinema, sempre com uma imaginação enorme. Montou escola, dava aula de cinema. A força de vontade dele e o amor pelo cinema é uma inspiração. Ele fundou esse gênero no Brasil porque percebeu que caberia aqui essa temática”, explica Vitor Mafra, diretor da minissérie homônima, exibida na Rede Globo.

E o gênero realmente só cresce aqui no País, com uma leva de cineastas inspirados no trabalho de Zé e até uma feira dedicada só ao terror, a Horror Expo, que aconteceu pela primeira vez em São Paulo (SP) recentemente. São inúmeras as produções voltadas ao gênero e dá para destacar filmes bastante elogiados pela crítica especializada, como O Rastro (Imagem), Morto Não Fala e agora o suspense sobrenatural O Juízo (Paris), que estreia em dezembro. “Meu filme ‘O Intruso’ foi filmado há bastante tempo, mas está saindo só agora, na hora certa, que está tendo um movimento grande de terror no Brasil. Acho muito válido esse movimento, porque independentemente de ser brasileiro, o público vai ver o longa se tiver uma boa história e aqui há boas histórias que merecem ser contadas”, comentou o cineasta Paulo Fontenelle, em entrevista ao Portal Exibidor. O Intruso (Pipa Produções) estreia em 31 de outubro e teve um orçamento de apenas R$ 10 mil, mas com um elenco de estrelas como Eriberto Leão, Juliana Knust e Danton Mello.

“Eu não tinha grana para maquiagem ou figurino, mas eu queria contar bem a história, isso era o principal. Então, quem conta a história é a câmera. Na hora que dá o medo, a câmera faz de um jeito que o espectador vira o rosto, então o observador não vai ter essa brecha para falar da maquiagem, por exemplo. A ideia é mexer psicologicamente na cabeça do espectador. É um filme mental”, explicou. O orçamento, aliás, é um desafio não só para Fontenelle, mas para a maioria dos que querem fazer filme de gênero no Brasil. Para Fernando Sanches, cineasta de A Pedra da Serpente (Elo Company), isso pode ser até um ponto positivo atualmente: “O terror é um gênero que anda lado a lado com o cinema independente de baixo custo, então acredito que é um momento bom, pois estamos passando por uma crise financeira e os projetos em geral terão que ter orçamentos menores, favorecendo o cinema mais alternativo”.

Além da produção, o lançamento de um filme de terror brasileiro também é um grande desafio, como salientou Bruno Beauchamp, diretor da Pagu Pictures, distribuidora de Morto Não Fala. O executivo acredita que o mercado não valoriza os produtos nacionais, mesmo os de alta qualidade, o que, por consequência, faz com que muitas distribuidoras lancem antes seus produtos em outros países, para voltarem premiados para o Brasil.

Para o lançamento de Morto Não Fala o desafio foi em dobro já que ele estreou uma semana depois de Coringa (Warner), tendo que disputar a atenção do público. A estratégia foi lançar o longa quase que exclusivamente com a Cinemark e fazer uma força conjunta em marketing. “A maioria da campanha foi lançada para CPFs de pessoas que viram filmes de terror nos últimos anos, principalmente internacionais”, explicou. A estreia entrou em 72 salas e o longa já acumula 25 mil ingressos. Segundo uma pesquisa da Pagu, 58% das pessoas que viram Morto Não Fala, também assistiram ao filme da DC. “A gente quer um público brasileiro consumindo o terror nacional. É um desafio prazeroso”.

A produtora do longa, Nora Goulart, também comemora o resultado de Morto Não Fala e acredita que o trabalho de marketing voltado aos amantes de terror é mais uma peça para ajudar a formar público para o gênero feito nacionalmente. 

Neste sentido, Paulo Fontenelle também ressalta a qualidade de roteiro para ajudar a atrair o público aos cinemas. “Precisamos começar a acostumar o público. Tivemos isso muito bem na comédia. Acho super válido esse movimento para o terror, para a ação, porque independentemente de ser brasileiro, o público vai pela história, pelo trailer e porque ele gosta do gênero. Se ele vir um primeiro filme bom, ele vai querer ver o segundo, o terceiro e daqui a pouco já não vai mais distinguir o que é brasileiro ou não”.

Fontenelle também destacou a chegada massiva de plataformas de streaming no Brasil como forma de ajudar nessa formação, já que o espectador se permite arriscar mais em ver produções menos conhecidas, uma vez que já paga mensalmente a plataforma.

“Hoje vivemos um momento histórico no volume de produções de terror brasileiro. E com a quantidade vem uma qualidade cada vez maior e isso deve quebrar a desconfiança do público”, finaliza Rodrigo Aragão, cineasta do fantástico-terror A Mata Negra (Elo Company)

Confira os filmes que estão em cartaz ou estreiam em breve!

 

Morto Não Fala (em cartaz)

Direção: Dennison Ramalho

Estrelado por Daniel de Oliveira, o longa mostra um plantonista de um necrotério que possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além. Porém, quando essas conversas revelam segredos sobre sua própria vida, o homem ativa uma maldição perigosa para si e todos a sua volta.

 

O Intruso (31/10)

Direção: Paulo Fontenelle

O thriller conta a história de uma família obrigada a receber em casa um visitante inesperado. Tensos, assustados e cheios de questionamentos, todos tentam manter suas vidas normalmente, mas a chegada desse hóspede, vivido por Eriberto Leão, muda o cotidiano da família ao exigir que certas regras sejam seguidas. Apenas o patriarca e sua esposa, interpretados por Genezio de Barros e Lu Grimaldi, parecem saber o motivo da visita. Ninguém pode deixar o local ou comunicar-se com outras pessoas. Aqueles que quebram as regras são severamente punidos; ninguém pode ajudá-los.

 

Recife Assombrado (21/11)

Direção: Adriano Portela

A obra leva para as telas grandes uma trama que envolve as famosas lendas da história da capital pernambucana, como Perna Cabeluda, Papa-figo e Galega de Santo Amaro. A trama acompanha Hermano, que, diante do misterioso desaparecimento de seu irmão, Vinícius, precisará encarar os seus traumas do passado e retornar ao Recife, local que foi obrigado a abandonar 20 anos atrás.

 

O Nó do Diabo (21/11)

Direção: Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhésus Tribuzi

Cinco contos de terror. Cinco encontros com a morte, em uma fazenda que, há mais de duzentos anos, é tomada pelo medo e a violência.

 

O Juízo (12/12)

Direção: Andrucha Waddington

Em crise no casamento devido ao alcoolismo e por ter perdido o emprego, Augusto Menezes (Felipe Camargo) decide se mudar com esposa (Carol Castro) e filho (Joaquim Torres Waddington) para uma fazenda herdada de seu avô. O que ele não imaginava era que a propriedade fosse assombrada por Couraça (Criolo) e Ana (Kênia Bárbara), escravos decididos a se vingar dos antepassados de Augusto. No elenco também há Fernando Montenegro e Lima Duarte.

Compartilhe:

  • 1 medalha