09 Outubro 2019 | Renata Vomero e Thais Lemos
Ícone da "retomada", Carla Camurati, acredita no atual momento do audiovisual no Brasil
Cineasta concedeu entrevista exclusiva ao Portal Exibidor
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Um dos momentos mais marcantes do cinema nacional foi o período da retomada, anos após a crise do fim da Embrafilme. Um filme que marca esse período de otimismo para a indústria do país foi Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, dirigido por Carla Camurati. A cineasta esteve na Expocine19 justamente fazendo um panorama do cinema no Brasil desde aquela época até o período atual, na palestra “O Estado das Coisas - Da Retomada aos Desafios de Hoje”.
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Carla conversou com o Portal Exibidor com exclusividade no estande do veículo no evento, onde falou sobre o momento atual da indústria, a qual ela entende estar vivendo um período muito produtivo. “É um momento de transformação, em que o seu filme vai passar em diferentes telas. Mas o cinema como linguagem ele não morre, ele vai se transformar, vai ser sempre uma experiência importante”, comentou.
Assim como no período antes da retomada, em que a produção cinematográfica caiu, hoje existe no Brasil uma instabilidade quanto ao desenvolvimento da indústria, no entanto, para Camurati a transformação que o audiovisual vem vivendo hoje é muito maior do que qualquer questão política brasileira. “Quanto a isso, não acredito que qualquer fator político pode arruinar, só se fechar o Brasil para todo o sempre e para todas as formas de comunicação, porque o que mudou foi o mundo e não o Brasil. O mundo mudou, consequentemente tudo o que a gente faz sofre com isso, todas as relações de comunicação e de política”, explicou a cineasta, que, inclusive, indicou o filme The Great Hack para que as pessoas compreendam melhor o mundo atual. “Mostra a tecnologia intervindo nas nossas relações e nas questões políticas. De verdade, são duas coisas que a gente tem que ir olhando”.
Por isso, Carla Camurati não se mostra preocupada com a produção nacional, já que o Brasil vem tendo cada vez mais força no setor. “O cinema vai muito bem e no Brasil é muito potente, estamos produzindo coisas muito diferentes, coisas vindas de outros estados. Talvez São Paulo um pouco mais, porque é onde está a maior parte das pessoas e do dinheiro. Você tem hoje um país mais potente dentro do audiovisual, com pessoas produzindo coisas diferentes, mais abertas”. Ainda, a cineasta expõe as facilidades que os produtores têm hoje em dia para criar, devido a democratização advinda da tecnologia. “Você hoje tem um poder maior com relação ao audiovisual, maior do que se tinha antes. Antigamente não adiantava só você ter um filme, porque você não passava ele em lugar nenhum. Tanto é que eu fui distribuir, porque você tinha que cavar o espaço. Hoje em dia não, hoje em dia você tem milhares de plataformas e maneiras de exibir o seu produto. Tanto produzir, quanto exibir, quanto criar ficou mais fácil. A tecnologia entrou grudada no audiovisual para melhorar a nossa relação com ele. Acho que a gente vive um excelente momento”.
Estar na Expocine, portanto, para ela, foi o momento de consolidar o diálogo e colocar todo mundo do mercado na mesma página, para ter uma caminhada mais integrada. “Acho muito importante a Expocine neste sentido, acho que a indústria audiovisual é uma indústria muito ativa, e que trabalha muito, inclusive acima da média, porque trabalhamos para entreter e conectar as pessoas. Então, enquanto todo mundo descansa, a gente trabalha. De alguma maneira, se você não cria eventos, fóruns, encontros, onde as pessoas possam discutir as ideias, aprimorar, encontrar e trocar as experiências que está fazendo, você acaba não conseguindo aproveitar o momento que a gente está vivendo. Você tem uma série de eventos hoje aqui no Brasil que são pilares que sustentam o momento que a indústria do audiovisual está tendo no país. Junta todo mundo, você consolida as relações não só comerciais, mas as relações de troca, que são muito importantes para que a gente cresça”, finalizou.
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