01 Outubro 2019 | Renata Vomero
"Gestão do Audiovisual" cobre as pontas da rotina administrativa de produção
Curso foi dado por Debora Ivanov, Alessandra Meleiro, Andréa de Paiva e Adriana Durand
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A Expocine19 teve início hoje em São Paulo e, como acontece tradicionalmente, a programação foi aberta por cursos de capacitação do mercado. No auditório Spcine2 foi ministrado o curso “Negócios do Audiovisual: Planejamento, Gestão e Estratégia” oferecido pela FGV. O curso foi dividido em quatro palestrantes: Andréa de Paiva, consultora na FGV Projetos e professora de neuroarquitetura, soft skills e design thinking; Debora Ivanov, diretora da Ancine, Alessandra Meleiro, pós-doutorada junto à University of London (Media and Film Studies), doutora em Ciências da Comunicação pela ECA/USP e mestre em Multimeios pelo Instituto de Artes/Unicamp; e Adriana Durand, consultora da FGV Projetos para as áreas de políticas públicas, transparência, comunicação e cultura.
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Pela manhã, quem deu início ao curso foi Debora Ivanov, falando sobre regulação e mecanismo de fomento. A diretora comentou sobre este ser seu último dia na Ancine, já que chegou ao fim seu mandato na diretoria colegiada da agência. A executiva traçou um panorama das políticas públicas criadas no Brasil que visam o aumento de produção e o crescimento do parque exibidor desde 1993, quando foi a criada a Lei do Audiovisual, passando pela criação da Ancine em 2001, pela criação do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) em 2006 e a Lei de TV por Assinatura, que estipulou cota de tela para conteúdos brasileiros. Reforçou a necessidade do setor de produção se capacitar quanto a essa parte legal e de direitos para conseguirem colocar seus projetos em prática e não serem enganados. “Gostaria que existisse um curso assim quando eu comecei na área, tive que aprender na marra e penando e errando muito. Aproveitem para aprender e ficarem por dentro disso.”
Alessandra Meleiro enfatizou a importância acima de tudo de se fortalecer e aumentar as políticas públicas nacionais que visam aprimorar a produção nacional. “Brasil não é uma exceção no que se trata apoio a produção cultural. Inclusive, países mais desenvolvidos fazem grande uso dessas iniciativas, de maneira ainda maior e melhor do que nós”, mas ela não se mostrou tão otimista quanto ao futuro: “Provavelmente ano que vem o crescimento apresentado até agora vai ser diferente, porque muitos setores já estão sendo impactados por essa morosidade nas políticas públicos e os retrocessos nas linhas de incentivo que estamos vendo neste ano”, explicou.
Alessandra destacou o quanto o cinema brasileiro, apesar dessas dificuldades, está ganhando destaque no mercado internacional, vencendo diversos prêmios nos mais variados festivais por onde passa. Ela ainda deu maior ênfase nas nossas animações, que são feitas com tão pouco e ganham grande reconhecimento do mercado externo e que ainda estão com as produtoras em crescimento no Brasil.
O curso foi retomado às 14h com Adriana Durand que falou sobre a importância da prestação de contas e, com isso, sobre a comunicação dentro do audiovisual. A professora reforçou a importância dos órgãos fiscalizadores das operações dentro do setor, para que a corrupção, algo muito comum em diversas áreas, não se perpetue. Para ela, transparência é uma das partes mais importantes do processo e a IN150, recentemente criada pela Ancine, veio para fortalecer essa questão e, principalmente, a da prestação de contas. “Quanto maior o planejamento, menores a chances de o projeto entrar em um processo de crise, podendo o risco de prestação de contas não ser aprovada”, explicou a consultora.
Durand comentou que uma das dificuldades na gestão de projetos é o fato de existirem mudanças constantes nos processos de apresentação de gastos e nas prestações, assim como nas próprias companhias. As produtoras precisam estar abertas e atentas a essas mudanças. “É preciso que haja estruturação, que as equipes e os projetos estejam bem desenvolvidos dentro das empresas. É necessário ter atenção inclusive nos pequenos detalhes e seguir, até nesses momentos, as regras e diretrizes”, explicou.
Adriana conclui que todos esses elementos envolvem a comunicação, já que boa parte desses projetos precisam ser vendidos e divulgados para conseguirem captação. “Não é só passar uma informação, é entender como o outro vai compreender, dependendo, é preciso mudar a forma de falar. É preciso ter muito cuidado com os argumentos”, explicou.
Andréa de Paiva trouxe uma abordagem totalmente diferente ao curso, indo diferente das diretrizes administrativas trazidas, ela, que não é da área do audiovisual, propôs uma abordagem que leva em conta a neurociência, dessa forma, aliando o comportamento humano ao das empresas. Alguns comportamentos automáticos foram tratados e Andréa enfatizou que todo comportamento pode ser estabelecido dentro de uma empresa até que fique natural, esses hábitos podem ser aprendidos e absorvidos.
Assim como nós, o principal instinto de cada empresa é de sobreviver. Além dele, economizar recursos é algo em comum, assim como ter os sistemas internos em constante conflito. Em ambos os casos, o CEO é responsável pela tomada de decisão a longo prazo, o CEO no caso do cérebro humano é o Sistema II.
Outro ponto tocado na aula foi a questão da conformidade social, ou seja, hábitos colocados em prática por questão de já ser uma rotina ou de imitação do outro. Segundo Andréa, isso é algo muito comum nas empresas, com o tipo de pensamento “fazemos isso assim há 20 anos” ou “mas a empresa tal também faz dessa forma”. “Nós estamos programados a ir de acordo com o bando, precisa de muito autocontrole para fazer diferente. É preciso agir de maneira consciente”, afirmou.
O curso foi finalizado com as ministrantes Adriana a Andréa convidando os alunos a fazerem o curso completo oferecido na FGV.
Confira a cobertura completa do primeiro dia da Expocine19.
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