27 Setembro 2019 | Thais Lemos
Galeria Distribuidora realiza modelo inovador de lançamento para cinema
Os dois longas sobre o caso da família Von Richthofen terão estreia simultânea
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Em 2002, o caso do assassinato de Marísia e Manfred Von Richthofen ganhou a mídia nacional, principalmente ao descobrir que a própria filha, Suzane Von Richthofen, havia planejado o crime, junto com seu namorado Daniel Cravinhos e o irmão dele, Cristian Cravinhos. Agora, a história ganhará não só um, mas dois filmes para mostrar os dois pontos de vista do crime, tanto de Suzane, como de Daniel.
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Gabriel Gurman, diretor da Galeria Distribuidora, contou ao Portal Exibidor que a empresa entrou no projeto quando uma das primeiras versões do roteiro já estava pronta. “Mas no final, acabava um pouco tendencioso para um dos personagens. Conversamos sobre uma nova forma que deixasse claro que eram dois pontos de vista para que o público tirasse suas próprias conclusões”. Então, a ideia foi criar dois filmes com a mesma temática, lançados simultaneamente. “Refletimos muito, estudamos, conversamos com os exibidores. É um desafio em todos os sentidos: artístico, econômico e de lançamento. E por isso se torna mais atrativo”, completou Gurman.
A equipe acredita que o projeto já nasce com um destaque próprio, principalmente por ser um assunto que frequentemente volta para as manchetes nacionais. “É um caso que até hoje é super ansiado pela mídia e tem um destaque absurdo”, declarou o diretor de ambos os filmes, Maurício Eça, que afirmou que o público brasileiro é um consumidor ávido de filmes sobre casos reais e sobre crimes, um gênero que ainda é pouco produzido no Brasil. A história se passará desde o momento que Suzane conhece Daniel, até o dia do assassinato. “O final todo mundo já sabe, mas as pessoas têm vontade de entender o que aconteceu”, completou.
Pelos dois longas contarem com a mesma equipe, há o desafio de terem que olhar diferente para cada obra, uma vez que cada uma terá sua própria fotografia, montagem e aspectos diferentes. “Queremos manter um absoluto respeito a este tema e trazer à tona as versões que constam nos autos dos processos, mostrando pormenores de um caso que se tornou midiático no Brasil”, contou o produtor Marcelo Braga.
“Para o ator, acho que é um desafio buscar uma interpretação diferente num mesmo projeto, para o mesmo personagem”, disse Gurman. E para a atuação, os artistas não entraram em contato com os responsáveis pelo crime, em nenhum momento. “A gente entende que eles são réus confessos e estão em suas devidas penas. Estamos fazendo uma obra cinematográfica baseada em fatos biográficos e não era necessário nenhum contato com eles", declarou Braga.
A Menina Que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais têm previsão de estreia para o primeiro semestre de 2020, e também têm o desafio de convencer os espectadores a assistirem as duas histórias, apesar das tramas se resolverem por si só. "Não precisa assistir um para entender o outro, mas o projeto todo você só entende se assistir os dois filmes", informou Gurman.
A campanha de divulgação, que terá início durante a apresentação da Galeria no primeiro dia da Expocine19, tem a intenção de explicar para os espectadores que os dois pontos de vista, apesar de diferentes, são complementares. “Explicaremos para o público as diferenças, semelhanças e os detalhes dois filmes”, relata o diretor da distribuidora. “Apesar de não termos iniciado uma campanha no sentido de investimento, desde o início do projeto saberíamos que toda notícia sobre o filme ganharia uma dimensão imensa”, completou ao explicar que todas as informações em relação às produções, se destacaram na imprensa e nas redes sociais.
Com os exibidores, a Galeria também terá que desempenhar um papel inovador, oferecendo novas propostas de exibição. “Existe o desejo de experimentar e tentar coisas diferentes. Todos [os exibidores] com quem conversamos até agora aceitaram bem a ideia e sugeriram de fazer sessões casadas, com os dois filmes exibidos em sequência e isso pode ser bem interessante”, disse Gabriel.
Ao anunciar que a polêmica história ganharia as telonas, muito se discutiu sobre o uso do dinheiro público para o financiamento do projeto. O longa chegou a ser contemplado na última chamada do FSA, mas a distribuidora recusou o recurso e optou por utilizar capital privado. “Dentro do nosso modelo de negócio existe a possibilidade de financiamento com 100% de recurso privado. Então achamos que para esse projeto fazia sentido, até porque temos grandes expectativas com ele”, explicou Gurman. O executivo ainda ressalta que a família não está envolvida de forma alguma com as obras e que não ganharão nada com os filmes.
“Esse filme pode ser um divisor de águas, porque ele foi produzido de uma forma diferente e acho que já nasceu como um case”, disse o diretor. “Um filme desse trazendo um bom resultado, vai proporcionar para o cinema brasileiro um novo gênero que o cinema brasileiro não produz há muitos anos, mas também formas alternativas de lançamento e que agrega todos os elos da cadeia”, finalizou Gurman.
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