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11 Setembro 2019 | Renata Vomero

Disney: os primeiros passos da gigante após a fusão

Novas iniciativas do grupo já se refletem no mercado

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(Foto: Disney)

2019 ainda não acabou, mas provavelmente já é possível dizer que ele está sendo o ano da Disney.  Não é para menos, a gigante do entretenimento passou a ocupar boa parte da fatia do mercado desde a compra da Fox, em março, no valor de US$71,3 bilhões. Com isso, a companhia garantiu boa parte do catálogo do estúdio, que acumula prêmios e bilheterias, inclusive, sendo dono do filme de maior bilheteria da história (Avatar) até chegar Vingadores: Ultimato e se tornar a maior arrecadação que o mundo já viu, com US$ 2,79 bilhões.

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Falando em dinheiro, entre as 10 maiores bilheterias globais do ano até agora, cinco pertencem à Disney, são eles os longas: Vingadores: Ultimato, O Rei Leão, Toy Story 4, Aladdin e Capitã Marvel. Isso sem contar os títulos que vão com o nome da Fox. Tendo sob seu controle as produções da Pixar, Marvel e LucasFilm, não fica difícil prever que é da Disney a maior porção do dinheiro gerado no mercado, já que esses estúdios contam com as franquias mais rentáveis do cinema atualmente.

No entanto, nem tudo são flores. Com a Fox na mão, a Disney aumenta e muito a sua diversidade de títulos, mas encontra o desafio de ter que administrar produções que saem da fórmula criada pela gigante do entretenimento e que, muitas vezes, não são tão rentáveis quanto seus filmes. Foi o que aconteceu, por exemplo, com X-Men: Fênix Negra (Fox). O longa chegou aos cinemas em junho deste ano, bem em meio a transição entre as duas companhias, enquanto muito havia a ser decidido quanto aos líderes das equipes dos dois lados, isso acabou por atrapalhar a organização quanto ao desenvolvimento estratégico de marketing e programação do filme. Com isso, o filme, que custou cerca de US$200 milhões para ser produzido, acabou arrecadando uma bilheteria global de apenas US$ 252 milhões. Tal valor fez com que a Fox declarasse no trimestre fiscal de março a junho uma queda de US$ 180 milhões de bilheteria mundial.

Com a aquisição da Fox, a Disney também precisou ajustar suas contas e parte dessa reorganização já abrangeu diversas demissões que aconteceram neste ano e ainda devem acontecer nos próximos meses. Ainda assim, os desafios da fusão estão distantes de acabar e são imprevisíveis. Com um line-up bem planejado e um modelo de negócio bastante restrito, chega nas mãos da Disney um rico material, que tem tradicionalmente orçamentos médios, mas uma grandiosa visibilidade nas premiações, festivais e entre os mais conceituados críticos do mundo, são eles os títulos da Fox Searchlight.

O selo, criado em 1994, tem em seu portfólio quatro Oscars de Melhor Filme, sendo o último deles A Forma da Água, de Guillermo Del Toro. Agora, fica o questionamento sobre o que será dele com o direcionamento da Casa do Mickey. Com os próximos títulos já anteriormente programados, sendo Jojo Rabbit, de Taika Waititi, A Hidden Life (Ainda sem título em português), de Terrence Malick, e Lucy In The Sky (Ainda sem título em português), de Noah Hawley. Muito se espera da temporada de premiações, embora não necessariamente das bilheterias, como foi dito em análise da IndieWire. O ponto de interrogação quanto as diretrizes dos títulos da Fox Searchlight só aumenta se for levado em consideração a declaração de Bob Iger, CEO da Disney, em última divulgação do balanço da companhia em agosto. “As divisões da Fox terão uma nova direção, aplicando a mesma disciplina e padrões criativos por trás do sucesso da Disney, Pixar, Marvel e Lucasfilm”, revelou o executivo. O primeiro título a ser anunciado pelo selo desde a aquisição, é a cinebiografia do criador do Cheetos, o que pode dar algumas pistas de qual caminho a Fox Searchlight pode seguir. Segundo a análise do IndieWire, seria um erro se a Disney focasse em grandes produções pensando na arrecadação de bilheterias, já que o selo pode ser uma alternativa para a produção de títulos de baixo custo e com grande potencial de trazer troféus e ainda mais credibilidade para a gigante do entretenimento.

Outra questão que começa a entrar no radar quanto ao futuro frente a fusão, foi o fato, também noticiado pelo IndieWire, de que a Disney estaria mudando sua estratégia quanto a deixar que cinemas exibam clássicos da Fox, imprescindíveis para a formação de público e repertório cinematográfico dos frequentadores de cinema dos EUA. Entre os critérios para a possível recusa, é de que não se poderiam exibir esses filmes junto a lançamentos da Disney, já que poderiam tirar a audiência e arrecadação dessas novidades. Pelo que foi apurado pelo veículo, estes filmes só podem ser exibidos em cinemas que contam com programação mais focada em formação de público, sem grandes lançamentos entre suas opções. Alguns donos de cinema nos Estados Unidos acreditam que esse seja um novo posicionamento quanto ao lançamento do streaming da Disney, o Disney +, em novembro deste ano e nele parte do catálogo da Fox deve estar inserido.

Falando em streaming...

Junto as negociações para a aquisição da Fox, a Disney também começou a preparar seu plano estratégico para o lançamento de seu streaming, o Disney +, que será lançado no dia 12 de novembro nos EUA. Com essa novidade, a companhia entra com força no mercado digital devendo balançar as grandes marcas do setor, principalmente, a Netflix. O Disney + terá assinatura no valor de US$7, o que é bem competitivo no mercado. Além disso, em sua convenção bienal, a D23, a Disney divulgou os títulos que farão parte da primeira leva de lançamentos do streaming, sendo a maior parte deles, remakes, live-actions e spin-offs de suas principais franquias bilionárias. Ou seja, boa parte do investimento de produção da empresa está sendo direcionado para essa plataforma, que se posiciona como a menina dos olhos do estúdio no momento.

As estimativas da Disney é de que o streaming alcance 90 milhões de assinantes até 2024 nos EUA. Alguns estudos já estão mapeando o comportamento dos consumidores quanto ao crescimento destes serviços, no entanto, em um realizado pela Digital TV Research mostra que devem ser 82 milhões no mundo todo e não só no país. Recentemente, o grupo UBS fez uma pesquisa focada no Disney +, logo após os anúncios realizados na D23, para entender a opinião do público sobre o serviço. Segundo divulgado, 43% dos entrevistados nos Estados Unidos devem assinar a plataforma, sendo que destes, 57% devem deixar de assinar outros serviços para migrar para o da Disney.

Ainda sem data para chegar ao Brasil, com previsão de ser apenas em 2020, já é possível entrar em uma espécie de “fila” para assinatura do serviço. Nela, os brasileiros já podem se cadastrar e enviar seus dados para receberem as novidades referentes ao serviço.

Questionada pelo Portal Exibidor sobre os próximos passos da empresa no Brasil, a Disney afirmou que ainda não consegue falar sobre a plataforma de streaming, nem sobre a recente fusão.

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