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10 Setembro 2019 | Renata Vomero

Discussão sobre streaming se estende ao Festival de Toronto

Players do mercado enfatizam insatisfação com estratégias das plataformas

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(Foto: TIFF)

Seguindo a discussão que vem acompanhando as premiações e festivais internacionais de cinema desde o ano passado, com o sucesso de Roma (Vitrine) na temporada passada de premiações, o Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) também está levantando suas próprias polêmicas a respeito do assunto.

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A maior questão se dá por conta da insatisfação dos exibidores locais com a negativa dos serviços de streaming de respeitarem a janela tradicional de 90 dias até um filme ser disponibilizado em formato digital. Por conta disso, a Cineplex, tradicional participante do festival com seu cinema Scotiabank Theatre, se negou a exibir títulos da Netflix e Amazon Prime no festival. O cinema conta com 14 salas e 4.500 assentos. Entre essas produções barradas estão Marriage Story, The Two Popes, The Laundromat e My Name is Dolemit, da Netflix, todas com potencial de receberem prêmios e indicações. Da Amazon, alguns títulos negados foram Les Miserables, Honey Boy, The Report e The Aeronauts.

Ao IndieWire, a rede de cinemas declarou: “Tem dezenas de filmes incríveis participando desta edição do festival e com todas essas opções, nós pedimos que nossas salas exibissem títulos de estúdios que compreendam e apreciem a importância do modelo de lançamento tradicional. Nós temos uma longa relação com o TIFF e somos muito orgulhosos no nosso papel de participar dessa experiência cinematográfica para os frequentadores do festival, agora e no futuro”. Com isso, as produções dessas plataformas serão exibidas no Bell Lightbox, que conta com seis salas de cinemas.

Protagonista de The Laundromat, Meryl Streep foi questionada pela Variety quanto ao assunto: “A Netflix está em 133 milhões de lares em todo o mundo. O filme alcançará lugares onde normalmente não seriam encontrados. E isso é ótimo, porque é realmente para o público que ainda não o conhece”, revelou a atriz.  A produção dirigida por Steven Soderbergh terá lançamento limitado nos cinemas no dia 27 de setembro e será disponibilizado na Netflix já no dia 18 de outubro. A companhia já anunciou as datas desses filmes de destaque nos cinemas e na plataforma.

Antonio Banderas, que também está em The Laundromat, comentou a questão: “O fato de eles estarem gravando programas de TV e filmes em nosso idioma original é muito interessante. Eu adoraria ter isso quando comecei há muitos anos, fazendo filmes e televisão para ter as oportunidades que essas crianças têm agora. Agora, entendo as pessoas que ainda possuem certo romantismo sobre os filmes serem exibidos em uma tela grande, em um local escuro, com pessoas que você não conhece”. O ator complementou: “Acho que o que aconteceu é que provavelmente as pessoas estão vendo mais filmes agora do que nunca na história dos filmes, mas em diferentes formatos. Temos que nos adaptar", finalizou.

Em uma mesa de debates com players do mercado, Paolo Moretti, diretor artístico da Quinzena de Realizadores de Cannes, enfatizou a necessidade de se respeitar o modelo tradicional em que o mercado opera e que, segundo ele, funciona bem há anos. No entanto, para ele, é preciso compreender como agregar essas novidades disruptivas. “Existe a possibilidade de integrar essa nova evolução da distribuição de filmes sem prejudicar o que está funcionando muito bem de maneira eficaz. Trata-se de integrar as plataformas ao sistema existente em termos de impostos. Todas essas questões precisam ser regulamentadas”, comentou.

No entanto, Cameron Bailey, diretor artístico e codiretor do Festival Internacional de Cinema de Toronto, levantou a questão do acesso a conteúdos mais restritos que essas plataformas estão proporcionando a milhares de usuários espalhados pelo mundo. “Eles foram influentes na obtenção de filmes para grandes públicos. Filmes como o Divines, de Houda Benyamina, ou o trabalho de Anurag Kashyap estão disponíveis em todo o mundo. As plataformas oferecem oportunidades que ninguém mais pode”, finalizou.

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