09 Setembro 2019 | Por Janaina Pereira, de Veneza
"Coringa" faz história e vence o Festival de Veneza
Brasil recebe dois prêmios: com documentário de Bárbara Paz sobre Hector Babenco e na Mostra de Realidade Virtual
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Coringa, de Todd Phillips, conquistou na noite de sábado (7) o Leão de Ouro de Melhor Filme da 76ª edição do Festival de Veneza. O longa - que estreia no Brasil em 3 de outubro - entrou para a história como o primeiro filme inspirado em uma HQ a participar de uma mostra competitiva de cinema - sua vitória, embora não seja surpreendente (foi o filme mais impactante e de maior sucesso entre os 22 concorrentes), abriu um novo capítulo nos festivais, que agora abraçam, definitivamente, a cultura pop.
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O filme narra como Arthur Fleck, um homem que sonha em ser comediante, se transforma em um dos maiores vilões das HQs. Embora o personagem seja bastante conhecido, o diretor Todd Phillips (da trilogia Se Beber, Não Case) optou por seguir um caminho diferente das produções de super-heróis que dominam o cinema faz pelo menos uma década. Contando com uma atuação espetacular de Joaquin Phoenix no papel principal, Phillips, que também assina o roteiro, se inspirou em clássicos da década de 1970, dando um tom de thriller psicológico.
Na premiação, ao lado de Phoenix, Todd Phillips agradeceu ao diretor do Festival de Veneza por ter acreditado no filme e ao produtor Bradley Cooper pela parceria, mas fez um elogio especial ao seu protagonista. "Sem Joaquin, não existiria esse filme. Obrigado por ter acreditado em mim todos esses anos".
Com o Leão de Ouro, Coringa sai de Veneza favorito ao Oscar, seguindo o mesmo caminho dos dois últimos vitoriosos do Festival de Veneza: A Forma da Água, de Guillermo del Toro (2017) e Roma, de Alfonso Cuáron (2018).
Polanski x Martel
O evento cinematográfico mais antigo do mundo deu a J'Accuse, de Roman Polanski, o Grande Prêmio do Júri, o segundo mais importante. O prêmio causou um constrangimento, pois a presidente do júri, a cineasta argentina Lucrecia Martel, já havia declarado na abertura do Festival não se sentir confortável com a presença de Polanski na competição. O cineasta, condenado por estuprar uma adolescente nos anos 1970, fugiu dos Estados Unidos na época. Polanski nunca foi preso, continua filmando e ganhando prêmios e é uma das figuras mais controversas do cinema.
Na coletiva de imprensa do júri, Lucrecia Martel justificou a premiação. "Não pense que separar o homem da obra beneficia o homem. Ele representa um caso que envolve centenas. Mas Polanski tem uma visão de mundo interessante para nós".
Veneza também consagrou o diretor Roy Anderson com o Leão de Prata de melhor direção por About Endlessness. A atriz francesa Ariane Ascaride ficou com Coppa Volpi de interpretação feminina, por Gloria Mundi. Ariane, de 64 anos, dedicou o prêmio aos imigrantes. "Sou francesa, mas filha de imigrantes. Dedico esse prêmio a todos que estão dormindo no fundo do Mediterrâneo", disse, emocionada.
Já o ator italiano Luca Marinelli levou a Coppa Volpi de interpretação masculina, pelo filme Martin Eden. O prêmio Marcelo Mastroniani de revelação foi para Toby Wallace, de Babyteeth, da diretora Shannon Murphy. La Mafia Non È Piu Quella Di Una Volta, de Franco Maresco, ganhou o Prêmio Especial do Júri, e Yofam venceu como melhor roteiro, pela animação No 7 Cherry Lane.
Brasil premiado
O Brasil recebeu dois prêmios nesta edição do Festival de Veneza: na categoria Venice Classics com o documentário Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou (Imovision), de Bárbara Paz, a atriz disse emocionada na cerimônia de premiação que agora Babenco está eternizado. "Ele me ensinou tudo. Muito obrigada. Esse prêmio é muito importante. Não a censura!", disse.
Já na mostra Venice VR, o curta A Linha, de Ricardo Laganaro, foi o vencedor como melhor experiência de realidade virtual. Ele agradeceu a sua equipe e a Rodrigo Santoro, que narra a produção, uma trama de amor vivida na São Paulo dos anos 1940.
Aliás, a equipe da empresa Arvore, da qual Laganaro faz parte, estará na Expocine19, que acontece de 1 a 4 de outubro em São Paulo (SP), para falar sobre a produção deste curta.
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