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01 Dezembro 2020 | Fernanda Mendes

"Aguardamos o dia em que de novo será possível viver de arte no Brasil", diz diretora de novo filme

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O documentário Ressaca, que conquistou recentemente o Emmy Internacional 2020 na categoria Arts Programming, é uma coprodução entre Brasil (Cafeína Produções) e França (France Télévisions / Babel Doc). O longa percorreu importantes festivais internacionais e foi vencedor de Melhor Documentário e Melhor Direção de Documentário no Festival do Rio 2019 e conquistou o prêmio de Melhor Som no 29º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema.

Com direção de Patrizia Landi e Vincent Rimbaux, o filme acompanha o corpo artístico do Theatro Municipal do RJ quando os salários são suspensos.

“Em 2017, ano em que, neste país, a cultura começou a conhecer o seu meteoro, houve a notícia: ‘PRIMEIRO BAILARINO DO THEATRO MUNICIPAL DIRIGE UBER PARA SOBREVIVER’. Os anos que precederam essa manchete foram anos de crescimento e esperança e, de forma vertiginosa, o futuro de glória deu lugar ao caos”, comenta Patrizia Landi com exclusividade ao Portal Exibidor. “Assim nasce a ideia de fazer um filme sobre a queda. Do dia em que começamos a filmar artistas passando fome no Theatro Municipal até a presente data, o desmonte se estabeleceu:  na cultura, na educação, no audiovisual. Com uma velocidade impressionante (não à toa, o título em francês é Vertige de la Chute – Vertigem da Queda), as políticas públicas que pavimentaram a construção da indústria criativa no Brasil foram dinamitadas e o setor cultural agoniza. Costumo dizer que ‘Ressaca’ é um filme premonitório: nós filmamos o início do marcatismo cultural dessa geração”.

Rodado em dois anos, o longa foi feito com equipe e orçamentos pequenos: apenas dois diretores na captação e dois produtores (Babel Doc e Cafeína Produções). “É impressionante onde conseguimos chegar. Ganhamos o Emmy. Outras produções brasileiras ganharam também. E isso diz muito sobre nós: o que seria do artista de cinema no Brasil, se ele não fosse fruto de uma determinação difícil de compreender?”.

O filme será exibido pelo Grupo Globo, ainda sem previsão. “Estamos orgulhosos porque cumprimos o que os artistas do Municipal esperavam de nós quando nos deram livre acesso às suas fragilidades: um registro pungente daquele difícil momento. A minha grande felicidade é ter podido devolver à altura essa confiança. Junto deles, aguardamos o dia em que novamente será possível viver de arte no Brasil”, finaliza Patrizia.

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