20 Julho 2018 | Vanessa Vieira e Marcelo Lima
Dolby reúne players do cinema para demonstrar versão final do CineAssista
Evento para apresentação da solução de acessibilidade recebeu exibidores, distribuidores e integradores
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Com os prazos da ANCINE para implementação de soluções de acessibilidade de conteúdo nos cinemas já chegando ao fim ainda neste ano, a Dolby Laboratories realizou um evento nesta quinta-feira (19), no qual reuniu mais de 100 players do mercado para demonstrar novamente o CineAssista. Isso porque agora a solução chegou a uma versão finalizada, pronta para utilização segundo Luciano Taffetani, gerente de vendas da companhia em cinema na América Latina.
Entre os presentes, estavam exibidores, distribuidores e integradores participando do encontro na unidade Itaim do Kinoplex, em São Paulo (SP).
Estiveram presentes executivos de venda e operações de todos estúdios majors; executivos das principais cadeias de exibição do Brasil, como Itaú Cinemas, Centerplex, Roxy, Cinematográfica Araújo, Moviecom, entre outros; e integradores (Kelonik, Santa Clara Poltronas, AMDS, Centauro).
Taffetani explicou toda a trajetória do desenvolvimento da solução junto à empresa brasileira parceira, Assista Tecnologia, representada por Erickson Silva, diretor executivo. “Essa parceria começou na Expocine há dois anos e de lá pra cá foi muito trabalho. Esse público (deficientes) está excluído do mercado de cinema, afinal não exista atualmente um cinema que possa prover naturalmente esse tipo de serviço”, comentou Silva.
Para ele, os deficientes auditivos e visuais representam não só um novo público espectador como todo o processo de atendê-los nos cinemas é um movimento necessário de inclusão social. Taffetani destacou, por exemplo, que só em 2010 a OMS indicava que 15% da população mundial tem alguma deficiência, enquanto no mesmo ano o IBGE já apontava a existência de 36 milhões de deficientes visuais e 9,5 milhões de deficientes auditivos.
Taffetani também adicionou que já há 1500 kits disponíveis em estoque, além do preço de instalação para um único cinema de uma sala: US$ 3800 (sem contar os impostos de importação). “É lógico que quanto maior a quantidade de cinemas e salas, o preço unitário tende a cair”, adicionou o executivo.
O executivo da Dolby, inclusive, parabenizou o Brasil pelo posicionamento de vanguarda na regulamentação e legislação sobre a acessibilidade de conteúdo.
Produto e experiência
Luciano explicou ainda que ir ao cinema com acessibilidade representará algo mais importante do que simples entretenimento para as pessoas com deficiência. “Essa experiência tem um valor adicional, até por sair da rotina da vida desse espectador”. Mas, para garantir que os exibidores consigam atender a todos esses públicos, é preciso uma solução que unifique os recursos de acessibilidade e essa é uma das promessas do CineAssista segundo o executivo.
Assim, tanto audiodescrição quanto LIBRAS e legenda descritiva estarão disponíveis nos dispositivos. Taffetani destacou uma série de pontos positivos do produto como fácil instalação e operação, uso de painel de controle para gerenciar transmissões, servidores e dispositivos e uma sincronização precisa. Para ele, esse último detalhe é imprescindível. “O sincronismo é 50% da solução”, declarou.
Outro ponto importante para o profissional é que a solução não impactará a experiência de outros espectadores, por ter mecanismos para inibir que a imagem nos dispositivos CineAssista chegue aos “vizinhos” do espectador deficiente.
Detalhes técnicos
De acordo com Erickson, o produto pode ser conectado a diversos servidores (não necessariamente da Dolby). “A base para a solução é ter um minisservidor que é vendido junto e uma rede sem fio (Wi-Fi) para transmissão dos conteúdos. O produto é simples e compacto”.
Se antes a duração da bateria era estimada em duas ou três horas de uso contínuo – o que preocupava o mercado –, hoje Taffetani garante duração de seis horas. Além disso, o profissional explicou que a Dolby oferecerá também uma solução para carregar as baterias dos dispositivos e facilitar a logística de levá-los de uma sala para outra por meio de um “carrinho” adaptado, que é utilizado em cinemas dos Estados Unidos para as soluções anteriores de acessibilidade da empresa (Captview e Fidelio).
Quanto à preocupação em relação a possíveis furtos, Erickson afirmou que o dispositivo é preso a uma base na poltrona e que essa base tem recurso antifurtos.
Já sobre os custos, o equipamento virá dos EUA e está de acordo com os requerimentos da ANCINE tanto nos recursos de acessibilidade quanto para redução de impostos. Segundo Taffetani, o preço mundial da solução, na média, de um servidor com três receptores com licenças inclusas, nos EUA seria de em média US$ 3.200,00 para exibidores dependendo da logística. O valor é equivalente a aproximadamente R$ 12.250,00.
Os equipamentos adicionais que precisarão ser adquiridos no Brasil são um roteador, com custo médio de R$ 260,00, e um adaptador de tomada, de cerca de R$ 10,00. Taffetani ainda indicou que o melhor para os exibidores é contar com a instalação das integradoras parceiras da Dolby como a Centauro, a Kelonik e a Santa Clara.
Debates
A solução agradou a todos presentes, mas restou diversas dúvidas quanto ao cumprimento das regras da ANCINE após um debate levantado por David Turkie, diretor de vendas da Fox/Warner.
Turkie, informalmente liderando ao lado de José Guilherme Franco (Disney) os distribuidores, garantiu que a partir de agosto todos os distribuidores irão entregar os conteúdos de acessibilidade. Porém, deixou a pergunta se os exibidores estão preparados para disponibilizar os conteúdos a partir de novembro deste ano.
Exibidores deixaram claro que ainda há preocupação para tamanho investimento, ainda mais com as rendas do primeiro semestre deste ano que apresentaram queda. Toninho Campos (Roxy) e Marcos Araújo (Cinematográfica Araújo) salientaram que ANCINE e BNDES poderiam ajudar de alguma o cumprimento regras através de alguma linha de crédito.
Suzana Lobo (Quanta DGT), também presente, afirmou que há uma pequena chance de a integradora de VPF tentar levantar uma linha de crédito junto ao BNDES, mas não prometeu sucesso. Muito mais pelo curto espaço de tempo para levantar fundos com o banco.
O produto, já em sua versão finalizada, foi demonstrado com cenas de filmes. Confira um exemplo abaixo:
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