18 Novembro 2016 | Fábio Gomes
Cinema do Século XXI é pauta no último dia do “Encontro Spcine”
Feira ainda conta com apresentação sobre Showrunners
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A série de Encontro Spcine chegou ao seu último dia com diálogos importantes tanto para o ramo da exibição, tanto para produtores de conteúdos e exibidores. Para começar o dia, uma mesa redonda falou sobre a importância dos Showrunners para séries e como esse conceito vem sido introduzido no Brasil.
Carina Schulze, fundadora da Chatrone US e Chatrone Latin America, David França Mendes, roteirista-chefe da Mixer, José Alvarenga Jr., diretor de TV e cinema da Globo, Maurício Mota, presidente da Wise Entertainment, e Denise Assumpção, da NBC Universal falaram sobre como o conceito vem sido introduzido no Brasil e sua diferença para o mercado americano.
Schulze, que viveu 16 anos nos EUA e lançou filmes como Festa no Céu, voltou ao Brasil e escreveu a série Gabi Estrela, sucesso no Gloob. Segundo a executiva inicialmente a ideia era apenas escrever o roteiro, contudo ela acabou se envolvendo em todas as áreas referentes a produção do produto. “Acabei entrando no set, precisei fazer adaptações na hora, reescrever cenas por falta de ator e fiquei até acompanhando a pós. Não me achava Showrunner na época, mas como eu também era dona da produtora tive de me envolver na produção e aprender na hora, pois se acontecesse alguma coisa, algum prejuízo, ele seria meu”, explicou.
França, criador da série Garota da Moto, afirmou que existe muito roteirista querendo ser Showrunner sem ter a experiência além do roteiro, destacando a necessidade de conhecer todas as áreas de um set para que o show funcione de uma maneira orgânica e, no fim das contas, consiga ouvir tanto seu senso artístico, como a visão do seu contratante. “O que a gente precisa conquistar é respeito, pois precisamos entender também as necessidades do canal. Eu sempre fico muito preocupado com o que eu faço não apenas pelo lado da arte, mas que seja algo que tenha audiência e se comunique com o público”, afirmou.
Maurício Mota, que falou ontem sobre audiências negligenciadas, disse que tem uma relação de amor e ódio com o termo Showrunner, pois ele não acredita em dar muito poder para uma pessoa quando há uma cadeia inteira por trás de um programa. Mente por trás do sucesso internacional East Los High, ele também ressaltou a importância do roteirista ganhar experiência por trás das câmeras antes de ficar por trás de um show.
“O Dave Chase sofreu muito antes de fazer Sopranos. O Vince Gilligan, que é um cara brilhante, escrevia os episódios do Arquivo X que ninguém queria fazer. Então, minha preocupação é entender que existe uma cadeia de crescimento até chegar nesse produto que é a série”. Seu plano futuro é construir uma série de dez episódios de dez minutos que não tenha um Showrunner, mas tenha quatro pessoas iguais com o mesmo poder de decisão final e que briguem pelo mesmo produto.
José Alvarenga Jr. diz que o termo é novo, mas a profissão sempre existiu no Brasil e citou como exemplo os criadores de novela, que sempre brigaram pelo seu produto. Atualmente, a Globo procura diversificar, pois as séries estão crescendo muito e o canal precisa arriscar novos caminhos.
Por fim, Denise Assunção, diretora da NBC-Universal, falou sobre o lado do estúdio. Para ela, os criadores precisam pensar também sobre em qual canal seu produto melhor se encaixa. “Não adianta o produtor pensar apenas em seu lado artístico. É necessário ver diferentes canais em que seu produto pode se encaixar, pois caso ele seja recusado o produtor possa procurar outros caminhos para lança-lo”.
Sala de cinema no século XXI
Fechando os Encontro Spcine, um grupo formado por Facundo Guerra, sócio-fundador do Grupo Vegas, Laudson Diniz, gerente executivo da Cinelive, Adhemar Oliveira, diretor de programação do Espaço Itaú de Cinema, falou sobre como o cinema mudou nos últimos tempos, diversificando seu material e conteúdo.
Uma das novidades foi a abertura do Cine Drive In, que Facundo inaugurou junto ao Cine Belas Artes. O grande objetivo era encontrar um motivo para fazer as pessoas sentirem-se estimuladas a sair de casa para ir ao cinema e, por isso, construiu um espaço que trouxesse o espírito do Drive in, retirando todas as poltronas e colocando bancos de carros.
Além disso, focou no conteúdo diferenciado para atrair um público específico para o seu cinema. “Se entra um filme do Almodóvar, temos o ciclo Almodóvar. Normalmente fazemos uma contextualização do que está entrando em cartaz e a sala virou um sucesso”, explicou. Para surpresa geral, o público é predominantemente jovem que busca uma experiência diferenciada e não tão industrializada.
Buscando dar uma nova cara ao cinema, a Cinelive investiu também em diversos conteúdos alternativos. Exibindo desde shows de rock, óperas até campeonatos de games, a empresa conseguiu fazer com que um público que não frequenta as salas de cinema descobrisse esse novo mundo. “Na final de um determinado jogo, haviam 15 mil pessoas no Allianz Park e outras 10 mil em salas espalhadas pelo Brasil. Por isso sou defensor da experiência, pois vamos ao cinema para ter uma nova experiência juntos”, explicou.
Porém, o executivo criticou o atual sistema por conta da falta de contato com o público. “Eu não tenho acesso a pessoa que comprou o ingresso para esses eventos e 96% deles compraram online. Se tivesse, poderíamos fazer ações de marketing diferenciadas para elas”, completou.
Por fim, Adhemar falou sobre como tecnologias diferentes atraíram o espectador, porém elas não são mais suficientes para trazer novas pessoas aos cinemas. “Com a tecnologia do Laudson estamos pretendendo fazer uma série de coisas e fazer uma delas é uma pré-estreia em São Paulo com elenco do filme. Nossa ideia é que os atores consigam conversar com outros estados em tempo real”, finalizou.
Veja a cobertura completa do primeiro e segundo dias da Expocine 2016.
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