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17 Novembro 2016 | Fábio Gomes

Mulheres no audiovisual é um dos destaques da tarde do Encontros Spcine

Evento contou com palestras sobre animações, games e filmes de pequeno e médio porte

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(Foto: Encontro Spcine)

A parte da tarde de hoje foi recheada de palestras do Encontros Spcine, começando com uma mesa voltada para animação, games e produtos transmídia. Formada por Célia Catunda, fundadora da TV Pinguim; Sandro Manfredini, sócio diretor da Aquiris; Zé Guille, diretor criativo da Spirit; e Sean Gorman, presidente da American Greetins Entertainment, a mesa buscou explicar como jogos estão conectados com as animações.

“O Peixonautas, série que lançamos em 2009, nasceu de um joguinho de web. Fazíamos o site do Estadinho e um dos jogos era com o personagem principal. A partir dali, começamos a trabalhar o conteúdo para uma série e eventualmente produzimos duas temporadas de 52 episódios, que foram vendidos para o mundo inteiro. Agora, preparamos o lançamento de um filme e ainda contamos com uma série de 20 aplicativos”, afirmou.

Manfredini, por sua vez, explicou a sua dificuldade de trabalhar com produtos já licenciados. Parceiro desde 2009 do Cartoon Network, ele começou desenvolvendo games voltados para o site canal e, atualmente, conta também com aplicativos para celulares. Para ele, uma de suas responsabilidades é levar a essência do desenho para o jogo e usou como exemplo o Super Star Soccer, que conta com diferentes personagens criados pelo canal jogando futebol de uma maneira diferente.

“Foi um desafio colocar várias propriedades intelectuais em um mesmo game, pois precisávamos colocar o que tem de melhor de cada um. Por exemplo, o Jake, personagem da série Hora da Aventura, pode se transformar no que quiser e, então, decidimos deixa-lo gigante como sua habilidade especial”, afirmou. Para o futuro, o canal pretende lançar um game para ver o seu desempenho junto as crianças para, em seguida, fazer uma série.

Na sequência Zé Guille falou sobre a experiência da Script, empresa que trabalha com produtos licenciados do Brasil, como a Turma da Mônica. Seu próximo projeto é um game baseado em O Menino e o Mundo, animação brasileira que foi indicada ao Oscar.

“Conversamos com o diretor e tivemos a ideia de desdobrar o universo do garoto do filme e teremos crianças de todo o mundo. O jogo, assim como o filme, falará sobre uma jornada de descobrimento do mundo e de si próprio e tentaremos com abordagens diferentes reproduzir o espírito do filme. Vamos expandir tudo e ao máximo manter a fidelidade artística, narrativa e visual”, afirmou.

Sean, que apresentou uma palestra no primeiro dia, falou que sua empresa utiliza os aplicativos para reforçar a marca junto ao público e citou como exemplo a sua série de maior sucesso, os Ursinhos Carinhosos. “Fizemos alguns games pensando mesmo no lado monetário, mas alguns deles foram feitos somente para deixar os personagens ainda mais próximos do público”, finalizou.

Concomitantemente, os produtores e cineastas Fabiano Gullane, Rodrigo Teixeira, Sara Silveira, Silvia Cruz e Rubens Rewald discutiram os desafios da produção cinematográfica de pequeno e médio porte no país.

Para o grupo, o sucesso é relativo quando se fala neste tipo de lançamentos, especialmente se o filme é pequeno. “Se o longa executar como o planejado, não tem como falar que ele não foi um sucesso. Por exemplo, se temos uma produção que faz 10 mil ingressos com uma cópia ele é um tremendo sucesso. Então, esse conceito de sucesso precisa ser bem estudado”, explicou Gullane.

A mesa explicou que atualmente os filmes nacionais tem se transformado para poder se adaptar a diferentes mídias, como por exemplo um filme que é dividido em diversos episódios para passar na televisão. Além disso, houve um apelo para que produtores não pensem em distribuidoras como rivais. “Precisamos acabar com essa mania de achar que há rivalidade entre exibidor, produtor e distribuidor. O cinema não tem jeito, produção e desenvolvimento é um trabalho conjunto e a distribuição também”, finalizou Gullane.

No mesmo auditório, Mauricio Mota, sócio-fundador da Wise Enterteinment, apresentou um keynote abrindo uma discussão sobre audiências negligenciadas, como negros, mulheres, o público LGBT e os latinos nos EUA. Como exemplo, usou sua série East Los High, sucesso na plataforma Hulo que foi gravado com elenco e equipe 100% latino. 


Antes de fazer a série, ele teve acesso a uma pesquisa e percebeu que havia um aumento de latinos na TV, mas eles ou eram criminosos, ou policiais ou empregados de penitenciais, porteiros, faxineiros... tanto que nos últimos anos houve apenas um filme com um latino como principal, Lobisomen, estrelado por Benício del Toro. Não bastando, também havia um desiquilíbrio entre filmes estrelados por mulheres e a falta de personagens LGBT no mercado. Por conta desses fatores, criou sua série voltada justamente para esse público e, inicialmente, foi criticado pelos estúdios.

“Ao longo de dois anos arrecadamos dinheiro, escrevemos 24 episódios e fizemos a série que queríamos. Quando chegamos aos estúdios, muitos se interessaram, mas ao mesmo tempo eles pediram para tentar ‘embranquecer’ mais o nosso produto. Acabamos fechando com o Hulo, que era um negócio ruim a curto prazo, mas hoje temos lançadas quatro temporadas”, afirmou.

Em duas semanas, a série bateu Grey’s Anatomy no canal e atualmente está em negociação com países como França e Malásia para levar o formato para outros países.

Ao mesmo tempo, fechando o primeiro dia, foi feito um balanço de um ano do grupo Mulheres do Audiovisual, falando sobre o que foi alcançado em termos de política pública e as metas para os próximos anos.

“Foram analisadas 2.606 obras em 2015 e na direção tínhamos 19% de mulheres, incluindo curta, médias, longas e séries para televisão. No roteiro estamos em 23% e nossa participação é muito maior na produção executiva com 41%. Estamos mais presentes na construção, nos bastidores do que na criação desses projetos. Quem vai falar em nome dessas obras normalmente é o diretor e um dos nossos objetivos é ampliar nossa presença na direção”, afirmou Débora Ivanov, que faz parte da diretoria colegiada da ANCINE.

A executiva explicou que a ANCINE criou uma paridade de gênero nas comissões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) visando aumentar a presença de mulheres por trás das câmeras. “Tivemos conversas com a Riofilme para que também houvesse paridade e esperamos que as mulheres líderes do audiovisual consigam trabalhar e convencer suas secretarias e órgãos públicos para haver paridade em todo país”, completou.

A Expocine será realizada até o dia 18 de novembro.

Veja também a cobertura completa do primeiro dia da convenção.

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