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17 Novembro 2016 | Fábio Gomes

Espaço do negro no audiovisual e formas de divulgação abrem segundo dia do Encontro Spcine

Palestras da manhã contaram com mesas-redondas e conversa com o público

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(Foto: O2)

O segundo dia do Encontro Spcine começou com uma roda de conversa sobre o audiovisual negro. O fórum foi realizado afim de discutir como as políticas públicas podem ser mais efetivas em ampliar a participação de negros e negras tanto na frente, quanto atrás das câmeras.

Atualmente, cerca de 2% dos filmes mais vistos do Brasil foram produzidos por negros e nenhum deles contou com a presença de uma mulher negra por trás das câmeras. Por conta disso, a advogada e cineasta Viviane Ferreira listou uma série de ideias que podem colaborar com a inclusão. “Podemos reservar um espaço entre as distribuidoras para produções voltadas para pessoas negras. Precisamos do fortalecimento de uma política de formação para que realizadores, exibidores, distribuidores e todo o setor possa compreender a necessidade da linguagem do negro no cinema”, afirmou.

Raul Perez, coordenador de comunicação da Spcine, explicou que existe um comitê construtivo que estuda a inclusão do negro no mercado. “Temos um edital de curtas que a agência lançou no primeiro semestre e ele já olhava para grupos sociais do audiovisual negro. Além disso, criamos a parceria com o instituto Criar para que jovens de 18 e 19 anos entrem no mercado audiovisual. Durante cinco meses, eles entram em produtoras, distribuidoras e exibidoras para fazer um estágio e entender como funciona a arte de fazer cinema”, explicou.

Viviane ressaltou que a audiência está saturada da que é chamada “narrativa clássica”, que mostra a vida de um homem heterossexual branco endinheirado. Atualmente, o mundo do cinema está em um momento de transição e é importante colocar cineastas que entendam a situação do negro. “A experiência do homem branco não é a experiência de vida de uma mulher negra, por exemplo. O mercado precisa fomentar empresas negras que produzem conteúdos para negros. Não é que elas vão se fortalecer, é que existe uma audiência com uma população negra que está falida e tem direito a uma narrativa que se identifique”, afirmou.

Para o futuro, a dupla explicou que está em pré-produção o primeiro seminário de audiovisual voltado para negros, que será realizado entre os dias 28 de novembro e 04 de dezembro com organização da Associação dxs Profissionais do Audiovisual Negro (APAN). O evento contará com o Lab Cinegritude, que vai receber projetos de curtas, longas e séries e vai providenciar consultoria para jovens cineastas. No dia 03, haverá uma rodada de negócios onde produtores poderão entrar em contato com esses novos projetos.

Divulgação em pauta
A segunda palestra da manhã contou com uma mesa de peso para discutir a estratégia de distribuição de filmes sob o olhar dos distribuidores e como eles engajam o público. Pierre Mantovani, diretor-geral do site Omelete; Camila Pacheco, diretora de marketing da Fox; Igor Kupstas, da O2 Play; e Marcela Fecuri, digital marketing manager da Universal, falaram sobre a relação das ações de marketing off-line e online.

Fecuri ressaltou que atualmente um filme pode ser vendido e divulgado somente com uma boa e forte campanha online e a dependência de ações off-line não é mais tão necessária. “Drácula – A História Nunca Contada foi a maior bilheteria de 2014 da distribuidora e especialmente por conta da sua forte campanha online. Além disso, graças a nosso estudo online, A Bruxa conseguiu dobrar o número de salas na sua semana seguinte. Analisar o online ajuda a gente no off-line, além de encontrar o público certo para determinado filme”, explicou.

Igor Kupstas, por sua vez, falou da estratégia de ação para o documentário ParaTodos. Filme de nicho sobre os paratletas brasileiros, o longa teve uma distribuição especial em 2000 escolas paralelo a distribuição comercial. “Nosso primeiro desafio era definir qual era o público e, para isso, o dividimos em três: o chamado de militância, que são pessoas deficientes, patrocinadores e ONGs ligadas ao assunto; os fãs de esporte; e por fim os cinéfilos, especialmente aqueles que gostam de documentário”, afirmou.

Para fortalecer a divulgação, foi feito um pôster especial, pré-estreias com celebridades em 14 cidades e a campanha “Dia Paratodos” ajudou o longa a ficar na página inicial da Cinemark. O dia especial encerrou sua jornada com 1.100 pessoas com média de 78 espectadores/sessão e o documentário chegou a um total de 3.500 de público. “Porém, o sucesso do filme veio no V.O.D., onde junto ao Netflix conseguimos lança-lo em diversos países”, finalizou.

Camila Pacheco, da Fox, trouxe o case de Snoopy & Charlie Brown - Peanuts, o Filme. Acreditando ainda no poder da divulgação off-line, a distribuidora uma série de ações como a criação de uma campanha do agasalho usando o personagem Linus. “Usamos o cinema como um posto de arrecadação, criamos caixas especiais e doamos todo o material para comunidades carente, repercutindo em vários portais”, afirmou.

Além disso, a distribuidora espalhou estátuas do Snoopy ao longo da cidade de São Paulo, o que gerou barulho na impressa e, eventualmente, colaborou com a divulgação do filme na parte online. “Foi uma forma de trazer um conteúdo diferente para cidade e as pessoas entenderam que isso era parte da nossa cultura”, explicou.

Por fim, Pierre Mantovani reforçou a importância de divulgar a produção do longa desde o seu início, antes mesmo da produção ser finalizada. “Atenção vem por relevância. O que se tem de fazer com seu conteúdo é engajar desde a concepção dele para ter sempre um conteúdo diferenciado para o fã”, completou.

No período da tarde, foram ainda realizadas mais palestras sobre animação e games, distribuição de filmes de pequeno e médio porte e audiências negligenciadas e o papel da mulher no audiovisual. O Encontro Spcine é uma das atrações da Expocine, será realizada até o dia 18 de novembro.

Veja a cobertura completa do primeiro e do segundo dia da Expocine 2016.

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