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05 Fevereiro 2016 | Fábio Gomes

Especialistas procuram maneiras de aproveitar conteúdos diferenciados no cinema

Palestra da Expocine falou sobre diálogo com fãs que pouco vão ao cinema

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(Foto: Expocine 2015)

A distribuição de conteúdos especiais tem sido uma pauta constante entre os cinemas. Novas tecnologias tornaram a tela uma experiência completamente diferente para o espectador graças à transmissão de esportes e games. Por conta disso, o assunto foi discutido durante o último dia da Expocine 2015

O moderador Igor Kupstas, diretor da O2 Play, explicou que a ideia para a palestra surgiu após uma matéria da Revista Exibidor sobre o cinema de 2025, onde tentou-se prever novas tecnologias, formatos e conteúdos alternativos. Para a mesa, foram chamados nomes como Laudson Diniz, diretor da Cinelive; Patrícia Cotta, diretora de marketing da Kinoplex, e Vinícius Pagin, diretor de programação da Cinemark

Segundo Laudson, o conteúdo especial começou a se popularizar no Brasil em 2009, quando foram exibidas óperas gravadas e, no ano seguinte, surgiu a Cinelive com possibilidades de transmissão ao vivo e em 3D da Copa do Mundo. “A distribuição do amanhã está muito mais ligada ao cinema como um todo do que no seu conteúdo. Lá atrás muita gente falava da cadeira confortável e da tela grande como diferenciais, isso agora é obrigação”, explicou. 

Atualmente, as exibições especiais estão em um crescimento exponencial. Um exemplo é a UEFA Champions League, que subiu de 1.200 pessoas em 2011 com 11 salas para mais de 20 mil pessoas no ano passado, assegurando o sétimo lugar na bilheteria nacional. “O Super Bowl de 2015 teve uma taxa de ocupação de 70%, isso com exibição na última sessão de domingo. O mais interessante disso é que levamos um público que não vai ao cinema”, afirmou Laudson.

Para Pagin, o que move esse segmento especial é o fã. É necessário conhecer e entender a necessidade daquele público específico e, ao mesmo tempo, o exibidor precisa descobrir as diferenças em tentar atingir o mainstream e conseguir atingir esse nicho específico. 

“Por conta da digitalização é possível gerar mais oferta. Há um espaço gigantesco para teste e todo tipo de conteúdo pode ser testado. Temos conversado com exibidores lá fora e, mesmo em mercados consolidados como os EUA e Inglaterra, ainda se faz muita coisa na base do `acho que´”, explicou.

Shows de artistas que poucos ouviram falar, segundo ele, conseguem preencher horários normalmente esquecidos pelos cinemas como uma tarde ou um fim de semana de manhã. “Acho que tem um crescimento muito grande, tanto que a Cinemark tem uma área especifica para isso internamente. Há um grande potencial em termos de conteúdo”.

As diferenças do fã do conteúdo especial

Patrícia Cotta acredita que as redes exibidoras ainda estão aprendendo a lidar com esses conteúdos especiais. “O mais difícil é que não podemos classificar o fã de conteúdos especiais em uma única linha, pois eles são totalmente diferentes de acordo com o conteúdo. Um público de ópera é diferente de um espectador da UEFA. Colocamos no mesmo pacote, mas são perfis completamente distintos”, explicou. 

Para ela, o maior desafio é saber se comunicar com essas pessoas de uma maneira especifica. Então, há a construção de um público totalmente novo, que normalmente surpreende nas previsões feitas pelos profissionais de marketing. “Esse conteúdo é muito difícil de mensurar, pois você não dispõe de uma verba que tenha certeza que vai virar. Você investe uma verba para construir um hábito de consumo. O retorno é muito mais de longo prazo e isso é que precisa ficar claro. Construção de cultura é algo que demanda tempo". 

O grande destaque desse público é a fidelidade e Patrícia cita o exemplo da ópera que, em um dos cinemas da rede, um gerente notou que o público da terceira sessão era praticamente o mesmo da primeira e da segunda. “Os espectadores começaram a pedir pacotes e trabalhar por essa linha foi muito mais fácil. Começamos a pensar maneiras para que esses clientes voltassem e divulgassem essas sessões”, disse. 

A fidelidade ficou clara na exibição da final do campeonato de League of Legends. Em um primeiro momento, foram disponibilizadas dez salas e as poltronas se esgotaram em apenas duas horas. “O nosso maior desafio é que cerca de 80% nunca tinha comprado uma entrada no Ingresso.com e as dúvidas são das mais bizarras possíveis: `comprei um ingresso pra Guarulhos, posso ir no Tatuapé?´ Não, não pode”, explicou Laudson Diniz. “Porém, a final mundial foi em um sábado de manhã, a preço de R$ 50,00 e vendeu dez mil ingressos. Por que ele vai? Pois quer encontrar os iguais, vira uma arquibancada”, completou.

Outra dificuldade é que esse público quer ser bonificado, quer ganhar algo especial para ir ao cinema. “Esse espectador quer ser tratado de forma diferente. O sinal que está no cinema é o mesmo do YouTube, mas tem uma transmissão especial. Além disso damos brindes para a experiência”. 

Por fim, Pagin explica que sofreu a mesma coisa com o Doctor Who e ressaltou que o conteúdo especial conta com fãs buscando uma experiência conjunta diferenciada. “Levar alguma coisa que a pessoa gosta para cidades onde existe pouca adesão ao cinema pode ser um diferencial e gerar público para o futuro”, finalizou.

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