22 Janeiro 2016 | Vanessa Vieira
Desenvolvimento do audiovisual busca novos caminhos para crescer
Presidente da Spcine pede maior variedade de gêneros e executivo da Downtown pede apoio às distribuidoras
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O impacto econômico e de desenvolvimento do audiovisual no Brasil e no mundo é um dos grandes temas relevantes à indústria cinematográfica moderna. Por conta disso, durante a Expocine 2015 foi realizada um painel para se discutir os paradigmas do cinema nacional. Mediada por Erick Krulikowski, sócio-diretor da iSetor Negócios Culturais e Criativos, e composta por Bruno Wainer, CEO da Downtown, e Alfredo Manevy, diretor da Spcine, os executivos falaram sobre como os filmes brasileiros podem aumentar e ter maior participação do consumo do público.
“Uma grande cidade como São Paulo tem um papel fundamental no fomento do audiovisual brasileiro e latino-americano. O fato da Spcine ter sido criada somente neste ano nos coloca com uma responsabilidade muito grande que é, efetivamente, não apenas implantar a empresa como também ter uma resposta imediata e dialogar com esse momento do cinema brasileiro”, afirmou Manevy.
O diretor da Spcine acredita que a distribuição e a produção precisam caminhar junto ao crescimento da exibição, uma vez que novas salas colaborarão com as produções feitas no país. “Em 2015, por meio dos nossos editais, estamos apoiando a produção de 20 longas e a distribuição de outros 20, então são 40 projetos no nosso line-up. Foi um ano muito bom para o cinema paulista e brasileiro”, afirmou.
Segundo ele, os primeiros lançamentos da entidade colaboraram com uma perspectiva positiva para a Agência, pois esses editais buscaram trabalhar pontos importantes da consolidação da indústria. "Primeiro que toda produção precisa de uma articulação com uma distribuidora e uma estratégia de distribuição. Não tem sentido uma sem a outra. Seja um lançamento grande, intermediário ou de nicho. Isso permitiu que a gente garantisse, já neste ano, o lançamento de filmes paulistas em 3 mil salas”, afirmou.
Para Manevy, o grande desafio fica por conta do Market Share. Em grandes anos, o cinema nacional ultrapassa o limite de 20%, mas ainda há uma necessidade de ampliar o mercado e o público. “O objetivo é alcançar o patamar de países que conseguem chegar perto dos 40%, que é uma marca muito relevante. Queremos crescer nossa participação do mercado”, completou.
O executivo elogiou as comédias nacionais e ressaltou o fato de que, sem elas, o mercado nacional não teria crescido tanto nos últimos anos. Contudo, ele acredita que é necessário encontrar novos estilos que atraiam um público que pouco vai aos cinemas.
“Acredito que não vamos chegar nessa meta com um gênero só. Precisamos de uma carteira mais diversificada, que vai atrair públicos distintos. Então não só comédia, mas também o filme policial, a animação brasileira que tem uma qualidade imensa e outros gêneros chamando todas as classes sociais, chegando às classes C, D e E”, completou.
Investimento nas distribuidoras
Wainer falou que, apesar do crescimento atual e anualmente o Brasil quebrar o recorde de filmes lançados, as distribuidoras ainda não conseguiram entregar mais do que dez filmes que realmente vão garantir público ao exibidor.
“A razão principal é que não estamos fortalecendo as empresas. A Downtown, em dez anos, lançou perto de 80 filmes e vendeu perto de 70 milhões de ingressos, faz cinco anos que somos líderes do mercado e, no entanto, somos uma empresa frágil, pois os mecanismos que estão colocados à disposição do mercado não estão voltados às empresas e, sim, para os projetos”, afirmou.
Segundo ele, a participação do Fundo Setorial do Audiovisual quer ter na receita dos filmes é “descabida”. “Deixa para nós, tanto produtor, quanto distribuidor, muito pouco do que um filme competitivo gera. Isso deixa as empresas em uma posição de fragilidade e não conseguimos realmente ter a força e a coragem de ocupar mais mercados, de investir mais e ter mais frentes. É uma situação que temos de vencer”, explicou.
Wainer explica que o distribuidor é um dos poucos que investe dinheiro privado no lançamento de um filme. “A operação não está se justificando para que tenhamos um plano de voo mais ousado. O processo já evoluiu muito, mas o que penso visa melhorar ainda mais”, disse. “Acho que está na hora de darmos o próximo passo e, para isso, precisamos apostar no fortalecimento das empresas de verdade e isso passa a se entender que uma empresa fortalecida é uma empresa capitalizada, com a condição de enfrentar os momentos ruins como um lançamento que não dá certo, que faz parte do nosso negócio”, finalizou.
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